sábado, 26 de janeiro de 2008

Volver...


(Cátia,a minha irmã Cátia, com 2 anos, Laranjeiro)
"Regresso devagar ao teu sorriso como quem volta a casa..."
Manuel António Pina

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Conselho

(flores no bosque "Ortigal", Barril de Alva, 2007)
"Cerca de grande muros quem te sonhas.
Depois, onde é visível o jardim
Através do portão de grade dada,
Põe quantas flores são as mais risonhas,
Para que te conheçam só assim.
Onde ninguém o vir não ponhas nada.
Faze canteiros como os que os outros têm,
Onde os olhares possam entrever
O teu jardim como lho vais mostrar.
Mas onde és teu, e nunca o vê ninguém,
Deixa as flores que vêm do chão crescer
E deixa as ervas naturais medrar.
Faze de ti um duplo ser guardado;
E que ninguém, que veja e fite, possa
Saber mais de um jardim de quem tu és _
Um jardim ostensivo e reservado,
Por trás do qual a flor nativa roça
A erva tão pobre que nem tu a vês...
Conselho, in "Cancioneiro", Fernando Pessoa.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Language...

(Publicidade a um serviço de correios)
"I won't use words again / They don't mean what I meant / They don't say what I said / They're just the crust of meaning / With realms underneath / Never touched / Never stirred / Never even moved through".
"Language", Solitude Standing, Suzanne Vega (1987)

sábado, 12 de janeiro de 2008

Transparencies...

(Margens do Mondego, por mim)
“The truth is painful. Deep down, nobody wants to hear it, especially when it hits close to home. Sometimes we tell the truth because the truth is all we have to give. Sometimes we tell the truth because we need to say it out loud to hear it for ourselves. And sometimes we tell the truth because we just can't help ourselves. Sometimes, we tell them because we owe them at least that much.”
In "Grey's anatomy", Meredith narrating.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Despertares...

(Fogo de artifício no Terreiro de Paço, Réveillon 07-08)
10,9,8,7,6,5,4,3,2,1…200…8! Sim, é ele, entre taças de champagne (ou “Raposeira” que no fundo vai dar ao mesmo e é muito mais à portuguesa, passas (sultanas para gostos mais alternativos) e claro os “indispensáveis” tachos, panelas e todos os trems de cozinha anunciados pela Filipa Vacondeus nas televendas…
“Ano novo, vida nova”. Esta expressão traduz no fundo o espírito da época, ou seja, é fruto de altos níveis de álcool no sangue e muita vontade de terminar as badaladas. A primeira coisa que fazemos quando começa um novo ano não é mudar de vida, é, muitas vezes, ressuscitar a vida intestinal dos excessos cometidos na noite anterior.
Fazem-se listas de decisões a tomar, promessas a realizar no novo ano. Ao fim de seis meses, os que param para reflectir sobre essas decisões confirmam o que eu há já muito suspeito: a única lista que de facto prestaram atenção até aí foi a do supermercado (especial enfoque para os descontos oferecidos pelos cartões das grandes superfícies).
Celebra-se a passagem do novo ano: doze novos meses avizinham-se mas será que mudamos mesmo porque o calendário se gasta? O réveillon é vivido, tem de ser vivido com total alegria, sorriso no rosto e claro, se tiver indo para o “estrangeiro” tanto melhor, há sempre qualquer coisa para contar no “emprego”.
Eu faço parte de um grupo quase inexistente que é aquele que embora reconheça a importância do assinalar das datas, não presta especial atenção ao ano novo e muito menos ao réveillon. “Alienígena” assumida, tenho esta teimosa mania de despertar “réveiller” (de onde vem o termo) para as mudanças que a vida traz, diariamente, respeitando, sem datas e hora marcada, o calendário mais fiável de todos, o meu.

Vanessa Limpo
in "Correio de Setúbal", edição de 05 de Janeiro de 2008)