terça-feira, 30 de junho de 2009

Um tipo de tempero...

Hoje fizeste 63 anos. Amanhã é a M. Menos uns (bons) quantos.
Almoçámos, estivemos juntos como sempre quando cá estás. Sei que nunca te basta. Creio que aos pais nunca basta porque o vosso amor por nós alimenta-se de nós e quando estamos juntos vejo-o crescer.
É bom P. É muito bom. Mas hoje é o teu dia. Hoje o princípe foste tu.
Há dias, houve dias em que não apetecia ver-te, estar contigo. Quem me ler pode-me achar uma cobra daquelas que sibila veneno pela língua mas os 30 anos dão-me esta espécie de segurança (por mínima que seja, às vezes) de me estar a marimbar para o que os outros (ou alguns quantos outros, pelo menos) pensam.
Todos os filhos, aliás todas as pessoas em todo o tipo de relações têm desses dias. Feitos de nuvens e de cinza-escura em que, pela mão da mágoa, desejam esse afastamento, esse titubeante isolar. Recolher obrigatório até que a chuva da Dor passe, tornando-se aguaceiro fraco. Até o sol da ferida ter secado e a saudade voltar a bombear o coração.
Hoje queria muito estar contigo. Aliás toda esta "vez", como nós lhe chamamos. Este "turno" (shift como tu dirias no inglês que te é imediato)chamou mais por ti que outros. Egoísmo meu? Sem margem para dúvidas.
Eu sei porquê. E tu também. Mas se não fosse aos trinta que me torno um pouco (mais) egoísta, então quando seria?
Quando nasci, tinhas trinta e dois. Hoje pensei muito nisso. Talvez pela proximidade em relação a esse número. Estou lá perto e espero lá chegar. Creio que sim, pois como fui enxertada em corno de cabra (salvo seja) creio que chegarei mesmo e muitos mais farei.
Até porque tu o desejas e os desejos dos pais têm muita força.
Hoje estavas (ainda mais) bonito. Claro que já o és e que estou a ser totalmente tendenciosa mas quero bem saber. És meu e eu é que sei.
Hoje quis muito estar contigo. Já o disse? Pelos vistos não foi ainda suficiente pois os caracteres saem à mesma. Falámos dos hamburgers na Costa e nas idas ao Galeto e ao MacDonald's (se este blog vivesse de publiciade já estava bem lançada, com direito a férias numa ilha tropical plena de dengue e malária e tudo) do Saldanha quando ainda não havia outro e era um luxo lá ir, pois os outros colegas da escola nunca lá íam.
Quanto mais cresço do alto da minha baixa estatura mais consciente me torno do "rabo virado para a Lua" que tenho. Já mo disseram muitas vezes, provavelmente não no melhor tom nem com a melhor das intenções mas essas ficam sempre com as quem pratica. E ainda assim foram aceites.
Esta coisa da idade torna-nos mesmo mais tolerantes. Não em tudo. Em certos aspectos até mais intransigentes, mas no que toca à disponibilidade para o que é Diferente de nós, creio que sim.
Discordamos em tanta coisa P. Ainda hoje disseste coisas que se opõem a muita coisa em que acredito. Oiço-te deliciada porque és meu e sei que se o dizes é porque a tua crença assim to dita. Quem sou eu para me colocar acima dos teus 63?
Egoísta que sou queria-te cá, pelo menos, outros 63. Sei que é possível pois nunca acabarás. Para isso tenho uma irmã que anseio que se reproduza (K, esses trabalhos de casa nao estão a ser feitos!!).
Gosto do teu bom coração (é que é mesmo bom, porra), a tua disponibilidade e espírito de sacríficio que não existe quase. E disso sei bem pois vivendo eu de Pessoas, observo-o bem e já o senti na pele. Gosto da tua voz. E das tuas mãos. Não por serem parecidas com as minhas, mas porque se deram às minhas tantas vezes quando era (mais) pequenina. Gosto do teu riso, da tua gargalhada. E dos teus nervos nos jogos do Benfica. Admiro a tua paciência (quem mais iria ao estádio do Bonfim procurar a seguir a um jogo com o SLB um aparelho para os dentes que todos sabíamos ser impossível lá se encontrar ainda?).
Do que gostava? De te ver sempre bem, feliz quando a felicidade o permite e bem de saúde como até agora. Já sabes: mais 63, no minímo. I aim high.
Gostava que não sofresses tanto o Amor. Hoje li numa entrevista de uma conhecida actriz braileira (tem menos um aninho que tu, e ainda está para as curvas, seria jeitosa para ti) que disse algo que só os 62 lhe trouxeram e deixo aqui para ti e para quem se queira permitir viver.
De preferência sem trevas.
"Já sofreu muito por amor?
"Nao. O sofrimento aceitável no amor é um truque romântico, um tipo de tempero, só tem sentido se for em doses homeopáticas. Amor não combina com sofrimento, isso é coisa de masoquista. Discutir, negociar, até brigar, tudo isso faz parte de uma relação amorosa saudável, são coisas que fortalecem. Quando o motivo do sofrimento na relação é a incompatibilidade séria com o parceiro, aí não dá."
E quem fala assim, não é gago.
No mínimo, lúcido. Muito lúcido.
E eu gosto disso. Parabéns P.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Epa...epa está-me mesmo por baixo da língua...




Entrevista de rua a jovens universítários à porta dos respectivos estabelecimentos de ensino que foi feita no novo programa do Nilton (e de outros tantos apresentadores) na RTP2, 5 para a Meia Noite.
Se eu não andasse "metida" nesta coisa da educação até que estranhava. Ficaria boquiaberta. Assim, apenas oiço, e vou ali para o quarto chorar meia horinha e rezar para que o pesadelo acabe.

sábado, 27 de junho de 2009

"Ich weiss jetzt was kein Engel weiss"

Marion: - "Olha para mim ou não.
Dá-me a tua mão, ou não.
Não, não me dês a mão, nem olhes para mim.
Creio que hoje é lua nova.
Não há noite mais tranquila.
Não correrá sangue na cidade.
Nunca brinquei com ninguém,
No entanto, nunca abri os olhos e pensei:
"Agora é a sério!".
Assim fiquei mais velha.
Apenas eu era pouco séria?
O tempo é coisa pouco séria?
Nunca fui solitária, nem quando estava só.
Nem quando estava com alguém.
Mas gostaria de ser solitária.
A solidão significa: "sou um ser completo".
Posso dizê-lo hoje porque hoje estou finalmente solitária.
Acabaram os acasos.
Lua nova da decisão.
Não sei se há o destino, mas há uma decisão.
Decide-te. Nós somos agora o tempo.
Não só a cidade inteira
mas o mundo todo participa na nossa decisão.
Nós dois somos agora mais do que dois.
Personificamos algo.
Estamos na praça do povo e a praça está cheia de pessoas que desejam o mesmo que nós.
Nós é que decidimos o jogo de todas elas.
Eu estou pronta.
Agora é a tua vez. Agora ou nunca.
Tu precisas de mim.
Vais precisar de mim..
Não há história maior que a de nós dois:
homem e mulher.
Será uma história de gigantes.
Invisível, intransmíssivel.
Uma história de novos progenitores.
(...) A noite passada sonhei com um desconhecido.
O meu homem.
Só com ele podia ser solitária e abrir-me.
Inteira, totalmente para ele.
Deixá-lo entrar totalmente como um todo em mim,
cercá-lo com o labirinto da felicidade partilhada.
Eu sei, és tu."


Damiel (pensando):
"Aconteceu algo.
Continua a acontecer.
É inevitável.
Era noite e agora é dia. Agora ainda mais.
Quem era quem? Eu estava nela e ela em redor de mim.
Quem pode afirmar que alguém, alguma vez esteve unido a um outro ser humano?
Eu sou uno.
Não foi gerada uma criança mortal, mas uma imagem colectiva imortal.
Esta noite aprendi a admirar-me.
Ela levou-me a casa, e eu encontrei-me em casa.
Era uma vez. Era uma vez e por isso será.
A imagem que gerámos é a que me acompanhará na morte.
Terei vivido dentro dela.
Somente o espanto entre nós dois e o espanto sobre o homem e a mulher
fez de mim um ser humano.
Eu sei agora o que nenhum anjo sabe."



Excertos das falas finais d' Asas do desejo, de Wim Wenders, 1987.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Dancer in the light





Já tinha saudades disto.
Das melhores coisinhas que esta senhora fez.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Mau tempo no canal...

Abro o jornal e leio: "Há 33 jovens desaparecidos desde Janeiro", "Exame de matemática fo demasiado fácil", "Santo Tirso, raptadas e assaltadas", "Polícia apreende droga em veleiro", "Laqueação de trompas, médico pecou por 'excesso de zelo'".
E com tantos problemas, crimes, indícios (e provas) de corrupção, negligência e burlas, o que abre, sucessivamente, os telejornais portugueses e dá direitos e honras a repostagens in loco, com jornalistas horas a fio à espera, são as férias do Cristiano Ronaldo em Vale de Lobos (ficamos a conhecer a casa em que está hospedado, a que distância se encontra o resto da família, onde já esteve o craque e onde vai a seguir). Ah, juntando a isto, ainda somos brindados com os valores do contrato multi-multi-multi-multi (oopsss os dedos agora não queriam parar)milionário contrato com o Real Madrid e os dias que faltam para viajar até à capital do país vizinho.
Eu sei isto tudo, não queria saber sequer metade, no entanto, visto que tenho o péssimo hábito de ver as notícias à hora de jantar (e, quando posso, também ao almoço), levo não uma, não duas, mas todas as vezes que os directores de informação entendam fazer "directos" para se obter uma palavrinha" com o jogador.
Posso mudar de canal, eu sei.
Não sou obrigada a ver. É certo.
Contudo, creio que com tantas empresas a fechar (a Pionner também vai desta para pior), asaltos e violações de jovens mulheres, o erro de conferir primazia a este tipo de folhetim, é de muito mau gosto.
Mas se pensarmos bem, esta é a silly season. Há que fazer jus ao epíteto.
E aí sim, CR é o seu maior baluarte. Não, espera aí, pior pior, é a Paris Hilton. Ah mas não, ela até a ele não escapou. Fico feliz e desejo que sejam muitos felizes, desta forma só se estragava uma casa.
Mau tempo, muito mau tempo no canal...televisivo.

terça-feira, 23 de junho de 2009

L'éducation musicale...




Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores
Que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo
Cores!

Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção
No que meu irmão ouve
E como uma segunda pele
Um calo, uma casca
Uma cápsula protetora
Ai, Eu quero chegar antes
Prá sinalizar
O estar de cada coisa
Filtrar seus graus...

Eu ando pelo mundo
Divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome
Nos meninos que têm fome...

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm
Para quê?
As crianças correm
Para onde?
Transito entre dois lados
De um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo
Me mostro
Eu canto para quem?

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...



Colocando a montagem de parte (escolhi-a e não um excerto ao vivo pois creio que se perde sempre alguma qualidade no som), é de ouvir e colocar em loop na cabeça. Muito depois de terminar.


P.S. Obrigada, A.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

L'éducation sentimentale...

"05:17 AM

Podes não acreditar, eu sei que é difícil, mas ainda há compaixão no mundo, certamente secreta e ilegal, cautelosa e ocasional, mas ainda há, não somos todos cool como o gelo e os famosos, ainda há quem esteja atento ao medo e à dúvida e feche a mão em concha em torno de uma vela em noite de chuva".



Pedro Mexia, Estado Civil, diário de uma crise, Edições Tinta da China, p.380, 2009.

domingo, 21 de junho de 2009

Fácil de entender (?)

Que a língua portuguesa é traiçoeira já ouvimos vastas vezes.
Afinal em que outra língua é que, com a entoação e expressão facial certas, é possível cumprimentar-se alguém, colocando uma questão cuja resposta se encontra, literalmente, à vista: “Olá, então estás por aqui?”. Apetece responder: “Não, hoje enviei o meu HP (não, não confundir com uma conhecida marca de materiais informáticos): Holograma Pessoal.”.
Só na língua de Camões é igualmente possível tentar ser-se educado, utilizando um tempo verbal mais cuidado e ser-se imediatamente brindado com uma resposta trocista: “Bom dia, eu queria um café”. “Ah queria é? Então significa que já não quer?”. Este momento é geralmente acompanhado com um sorriso jocoso que oscila entre a PI (parvoíce inata) e o CE (Chico-espertismo). A pessoa que dá esta resposta, que já foi dada por 85586 pessoas antes de si, considera-se, nesse momento, um intelectual de primeira categoria, uma espécie de Eduardo do Prado Coelho das respostas de balcão.
Contudo, o rol de preciosismos linguísticos destes não termina aqui. E já que estamos a entrar oficialmente na silly season, porquê parar aqui com algo que nela se inscreve? Neste país é comum ser-se olhado com pasmo quando se revela assertividade nas escolhas que se fazem. Quantas são as vezes que estando num restaurante e tendo escolhido, com total grau de certeza o que pretendo degustar, quando no momento em que verbalizo a minha opção, sou surpreendida com a pergunta: “Sim temos esse, mas olhe que o polvo à lagareiro está muito bom, tem a certeza que não quer provar o nosso polvo?”.
Sim, tenho, tenho a certeza. Atendendo a que a capacidade da lecto-escrita foi adquirida aquando dos meus seis anos, creio já a dominar razoavelmente, e tendo já algumas décadas de vida, considero saber quais os sabores que mais aprazem as minhas papilas gustativas. Mas isto é irrelevante. Afinal eu sou apenas a cliente.
Este esgar que balança entre o pasmo e alguma raiva por não ter acatado o conselho, pode ir ainda mais longe, tendo já pedido um prato, vir outro e quando esclareci a troca em questão, ainda oiço algo como: “Pois não é galinha com castanhas, mas não pode levar a galinha com amêndoas?”. Poder posso, querer é que NÂO quero.
Afinal não é isso aquela coisa “gira” que se chama…como é? Ah, é isso: Vontade.
Escusado será dizer que, com isto, perdi a fome.


Vanessa Limpo


in "Expresso Sem Mais", edição de 20 de Junho de 2009.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Childlike emotions





O último dia de aulas.
E se de repente alguém (uns quantos cândidos alguéns) nos oferecem textos, isso é...naiveté. Pureza em estado bruto.
Bebi de um só trago.
Ainda cá tenho o gosto.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Cotação de mercado

Alan: When did you become a people cynical?
Megan: When I realised that it wasn't an option, but the Answer.
Alan: Oh...I see.
Megan: Do you?
Alan: Yeah, you got hurt. Or you had a bad shag. Loosen up. Sex is overrated
Megan:Well, love is even more.
Alan: You're someting else, you know that?
Megan: Your words, not mine.
Alan: You are, you're amazing. But you surely hear that all the time. You've heard that before, haven't you?
Megan: Yes.
Alan: See...don't you feel good about that?
Megan: No, not really.
Alan: I think it's cool. Why didn't you like it?
Megan: He lied.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Grau (ground) zero

Quando somos o substituto do professor substituto na última semana de aulas.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Bom até dizer chega!




Ricky Gervais, no seu primeiro show ao vivo "Animals", sendo o excerto em questão intitulado "The Bible".




São nove minutos é certo. E nos tempos que correm nove minutos é, talvez, pedir demasiado mas vale mesmo a pena cada segundo.
Inteligência segura, riso garantido.
Satisfação ou o vosso dinheiro de volta!


Disse "dinheiro"? Perdão, queria dizer "galhofeiro". O senhor Gervais é um galhofeiro.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

"Fogo de Santelmo




Acendi uma vela. Achei que era a única maneira de pegar fogo à vida".

Rui Simôes.

terça-feira, 9 de junho de 2009

The forgivness of trees

"The trees forgave the fire that went on burning
Until hope was all that was left when the smoke cleared
And I'll forgive her body for deserting
As soon as I recall why mine is still here."

Simon Joyner.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

"Alentejo sem lei"

Cá está mais uma pérola que recebi por e-mail e que tinha de aqui vir partilhar. Porque rir é (mesmo) o único remédio. Seja isto uma obra de pura ficção.
Ou então... não.



Registo Civil de Beja


ABSOLUTAMENTE HILARIANTE!!!



Claro, só aqui mesmo é que acontecem essas coisas! Quando

passarem por Beja, poderão certificar se é verdade ou não.

O Registo Civil de Beja recebeu o seguinte requerimento:



Beja,5 de Fevereiro 2006.



Eu, Maria José Pau, gostaria de saber da

possibilidade de se abolir o sobrenome Pau do meu nome, já que a presença

do Pau me tem deixado embaraçada em várias situações. Desde já agradeço a

atenção despendida.



Peço deferimento,



Maria José Pau.





Em resposta, recebeu a seguinte mensagem:



Cara Senhora Pau:



Sobre a sua solicitação da remoção do Pau,

gostaríamos de lhe dizer que a nova legislação permite a remoção do Pau, mas

o processo é complicado e moroso. Se o Pau tiver sido adquirido

após o casamento, a remoção é mais fácil, pois, afinal de contas, ninguém é

obrigado a usar o Pau do cônjuge se não quiser. Se o Pau for do seu pai,

torna-se mais difícil, pois o Pau a que nos referimos é de família e tem

sido utilizado há várias gerações.Se a senhora tiver irmãos ou

irmãs, a remoção do Pau torná-la-ia diferente do resto da família.

Cortar o Pau do seu pai pode ser algo muito desagradável para ele.



Outro senão está no facto do seu nome conter apenas nomes próprios, e poderá

ficar esquisito, caso não haja nada para colocar no lugar do Pau. Isto sem

mencionar que as pessoas estranharão muito ao saber que a senhora não

possui mais o Pau do seu marido.Uma opção viável seria a troca

da ordem dos nomes.



Se a senhora colocar o Pau na frente da Maria e atrás

do José, o Pau pode ser escondido, pois poderia assinar o seu nome como

'Maria P. José'. A nossa opinião é a de que o preconceito contra

este nome já acabou há muito tempo e visto que a senhora já usou o Pau do

seu marido por tanto tempo, não custa nada usá-lo um pouco mais.

Eu mesmo possuo Pau, sempre o usei e muito poucas vezes o Pau me causou

embaraços.

Atenciosamente,



Bernardo Romeu Pau Grosso

Registo Civil de Beja

domingo, 7 de junho de 2009

Afinal havia outra...

A abstenção.


Rangel não ganhou: Venceu o PSD.
Vital não foi o perdedor. A derrota é de Sócrates.
Miguel Portas e o BE afirmam-se, a passos (cada vez) mais largos.E firmes.


Todavia, quem perdeu a batalha, uma vez, foi a Democracia Portuguesa.
Afinal, Europa interessa "para quê?, não é?
Como diz o "Zé Povinho": eles querem todos é poleiro.


E, desfilando, a sorriso aberto, vai formosa e sempre segura, a abstenção.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Isto explica mesmo muita coisa..

"Pop Quiz" no Facebook: "Which side of your brain is dominant?"

"You use both sides equally. (Read description.)

Right brain individual: Right brain individuals are intuitive, creative and imaginative. They are flexible and are concerned with the bigger picture rather than details. They are impulsive and spontaneous and do not like time limits. They have difficulty explaining ideas verbally and prefer illustrations to verbal instructions. Careers: Architects, Artists, Salespeople, Psychiatrists, Musicians, Politicians, Teachers. (Interpersonal, Emotional, Musical, Spiritual, Talker.) Left brain individuals are analytical, articulate and to the point. They like identifying details and are more logical than intuitive. Left brained people have good communication and persuasion skills. Careers: Engineers, Systems Analysts, Technicians, Accountants, Librarians. (Administration, Conservative, Organization, Planner, Structure.)"



Eu sabia, eu bem sabia que algo não estava certo. Seria da meningite aguda aos seis meses? Talvez? Seria da gatunagem declarada de nutrientes do cordão umbilical pela larápia da minha irmã nos idos tempos de "room-sharing" no ventre materno?
Seria apenas da parvoíce inata? Talvez.
Mas pelo menos agora, tenho um teste "científico" altamentre crível que me redime.
Uiii, o que vou dormir bem esta noite!
Eu e os meus dois lados cerebrais equitativamente activos!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Alguém se lembra disto?





As meninas devem lembrar-se, afinal não há mulher nos seus trinta e poucos anos que não tenha trauteado, até quase ao coma vocal, esta canção dos famosos desenhos animados, quando era criança.
Ou há?
Há?
Shame on you!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Algo desse género...





Um doente sofre de uma deformação que lhe transfigurou o rosto desde que nasceu.
Um jovem-homem-elefante.
No fim do episódio, muito ao jeito "all is well that ends well" (já dizia o William) surge o comentário bottom of line (típico em qualquer série, mas muito "sumarento" porque é esta) médico para o paciente:

Dr. House: "Take the steroids. Then you can do the surgery.
They can take away your face but not what your face has made of you." (or something quite like that).



Coming to term with ourselves. É a expressão que mais me ocorre quando penso nisto.
Neste caso foi um rosto. Uma capa. A nossa. O nosso cartão de visita.
No episódio, House tenta minimizar dizendo que a cara desfigurada não é o mais importante. O que importa é o que o jovem fará consigo mesmo (e como verá e agirá com os outros) quando se vir "normal" (como ele mesmo disse).
House sabe que o puto tem o seu (grande) quê de razão. A beleza é "interior". "Quem feio ama, bonito lhe parece", "as pessoas valem pelo o que fazem e não pela sua beleza".
Esaier said than done. Sabemos que conta, e não é pouco.
Ter um rosto minimamente aceitável, ou dito "normal" é o melhor passaporte para a aceitação por parte da sociedade.
Isto de se dizer que os feios tornam-se bonitos porque têm bom coração é muito giro mas não creio que lhes valha de muito.
É hipócrita dizer-se que não se olha para isso quando se conhece alguém. Os primeiros segundos são decisivos.
Seja para uma entrevista de emprego, ou para um qualquer encontro
Não tendo nós a visão "raio-x" do conhecido super-herói, é-nos difícil fazer uma radiografia interior. E não é porque não tenhamos a radiação ou as ferramentas certas.
É simplesmente porque não nos queremos dar ao trabalho.
Como já disse aqui, conhecer alguém, ou melhor, querer mesmo conhecer a seiva de que os Outros são feitos, dá muito mas muito trabalhinho. Pois se nem a nós mesmos queremos conhecer, quanto mais aos outros.
Conhecermo-nos é o percurso mais tortuoso que há. E isto acontece porque, geralmente, o que encontramos quando em nós viajamos nem sempre é bonito. Lá está, o que vem depois desse caminho, o que somos depois disso obriga-nos a algo que não estamos habituados: a aprendizagem da humildade. Pelos nós. Pelos outros.
Não somos todos bonzinhos, o nosso maior defeito não é apenas a teimosia (já repararam que nos inquéritos às mais variadas personalidades públicas quando se lhe é perguntado qual é o seu maior defeito, é a teimosia que impera, sozinha, no trono frio e oco da ignorância de si).
Somos muitas vezes, "feios, porcos e maus", ingratos, invejosos, melodramáticos, caricaturais (como House). Isso não nos distancia uns dos outros, aproxima-nos da nossa humanidade. É ela que nos liga, mesmo quando nos corrói.
Perdoamos quando sabemos que não perdóamos, rimos quando não achamos graça, cedemos quando sabemos que temos razão. Pedimos desculpa, tantas vezes, não porque nos sintamos assim tão culpados (senão não voltaríamos a fazer mal de novo) mas porque precisamos da absolvição dos outros para nos sentirmos aliviados.
E no meio de tudo isto, o rosto, ou o aspecto, como lhe queiram chamar, é o que fica nas retinas. É o que nutre o pensamento depois, quando a memória insiste em em devolver-nos a imagem da pessoa. E quanto mais cedo aprendermos isto, mais depressa criamos os anti-corpos necessários para sabermos lidar com os múltiplos vírus que nos infectam (ou tentam).
Se é triste? Sim. Redutor? Completamente.
Injusto? O mais possível. Mas como diria o M.D "that's life, so get used to it".
Or something like that.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Dia da criança

"Por dentro sei que sou pintado de branco embora às vezes um pouco borrado. mas gostava que certas pessoas penetrassem dentro de mim e vissem com os seus próprios olhos o que eu sou por dentro (...)
Eu sei que estou a gastar o meu "latim" e que o/a sortudo/a que ler isto vai dizer "é mais um infeliz", mas é só para saberem que não gosto da personalidade que sinto cá dentro às vezes". (P, 14 anos).



"Por dentro sou como um tesouro. As outras pessoas é que têm o descobrir". (S,12 anos).


"Eu sou feliz por dentro e por fora e às vezes estou chateado. Eu sou um beijoqueiro". (G, 10 anos).



"Por dentro? É a minha barriga. Gosto de brincar". (N, 4 anos).



"Sinto-me feliz porque sou corajoso". (A,9 anos).


"Eu sou por dentro o que a minha vida é por fora. Tem coisas boas e más. Eu às vezes fico com o coração triste e às vezes fico com o coração feliz." (A, 7 anos).



"Eu sou feliz por dentro. Tenho coisas chatas, assim mais difíceis. Mas isso quem é que não tem? Mas tenho a minha família, os meus pais, a minha irmã. E tenho os meus amigos, sobretudo um que é um grande amigo, e que é da mesma turma que eu. Por isso é que eu penso que a vida não pára. Muitas vezes lembro-me do que já vivi. Mas agora gosto mais de pensar no futuro, de viver a vida bem. A vida é só uma, não é?" (F,13 anos).


Se, com 13 anos, F. tem esta consciência de si, do mundo e da vida, é caso para eu dizer que quando for grande quero ser como ele.



in Interiores, Pedro Strecht, Assírio e Alvim, 2002, pp 361-363.