pano cru
"como pano-cru eu ainda estou por acabar ". Sérgio Godinho.
terça-feira, 12 de junho de 2018
Mudanças
"De modo que a vida
é um circo de feras,
E os entretantos
são as minhas esperas".
Ainda outro dia ouvia a canção (ouvir não é o termo certo, eu fui busca-la, não foi algo aleatório, tinha fome de a ouvir e busca-la, trouxe-a para perto de mim, numa espécie de colcha de fim de primavera débil) e pensei que me assentava que nem uma luva. Cabem nela todos os dedos das minhas mãos e nela cabe igualmente esta sensação de compasso de espera, de ferocidade.
Estes dias têm sido ferozes, não no tempo em si mesmo, mas nas vontades, nas ânsias.
A ânsia era tanta hoje de escrever que chego a casa em dia de greve e as teclas e o computador foram a maior emergência que senti hoje. Há tempo, muito tempo que não sentia esta sede de escrita. E é boa.
Tenho a casa do avesso (literalmente): nela moram mais sombras de caixotes de boca semi aberta, alguns ainda com restos, com objetos por retirar, moribundos alguns, outros ainda recicláveis nesta outra casa, nesta vida que desagua agora noutra paragem.
Há mais de anos que não escrevia. Queria tanto vir aqui escrever que retirei o computador ainda selado da outra casa, ignorei as caixas, os volumes, as pilhas de livros, manuais e dicionários que jazem no chão, ainda frio, da sala.
A sala ainda faz eco. Faltam-lhe vozea ainda. Há duas que a habitam. Gosto tanto de poder dizer que a minha casa é habitada a duas vozes. A outra, também suburbana como esta, era vestida por duas vozes mas há qualquer coisa nesta que a faz sentir mais minha. Não descobri ainda completamente o porquê, mas o sentimento de pertença é maior.
Queria tanto escrever hoje. Tenho andado todos estes dias que junho viu nascer a pensar nisso. Parece idiota. Ter tanta urgência em escrever num bloqgue já defunto, inerte, bolorento de tempo, mas ainda assim neste caos temporário que tenho vivido tem sido o pensamento que mais emerge em mim. Emerge, não, submerge. Tenho estado submersa. Esse é o melhor termo. Submersa em mudanças, moradas, operadoras, caixas, livros, roupas. Não sei se estou cansada, triste, ou absorta nesta bolha de papel em que embrulhei os últimos dois anos da minha vida, que, sem dúvida, têm sido os melhores da minha vida.
Há várias esperas na minha vida como diz a canção dos Xutos. Sentia quando era adolescente que a minha vida era uma espera: para ser lida como desejada, ser desejada como desejava, para ser ouvida, para sentir-me menos de fora do mundo. o adolescer foi difícil, muito difícil, mas a dultícia trouxe-me a generosidade do sentimento de pertença da faculdade, do trabalho, doa amigos-família, até as dores dos amores amargos. E mais uma vez as horas por vir, a espera.
Nºao sei se neste agora que se desenha há tempos e compassos melhores ou piores, sei que há uma espera sentida, uma vez mais e uma vontade indómita de não escrever apenas entretantos. Sem pontos finais ou reticências.
Quero apenas mudar de linha, como de casa.
Ponto parágrafo.
quinta-feira, 1 de junho de 2017
Love came in between the space and the city lights
"All alone in the danger zone
Are you ready to take my hand?
All alone in the flame of doubt
Are we going to lose it all?
I could never leave you and the city lights
I could never beat the storm in your eyes
The storm in your bright eyes
All alone in the danger zone
Are you ready to take my hand?
All alone in the flame of doubt
Are we going to lose it all?
Love came in between the space and the city lights
Only I receive the stars in your eyes
The stars in your dark eyes
All alone in the danger zone
Are you ready to take my hand?
All alone in the flame of doubt
Are we going to lose it all?
Let’s put some light into our lives
But keep the storm that’s in your eyes
Let’s put some light into our lives
All alone in the danger zone
Are you ready to take my hand?
All alone in the flame of doubt
Are we going to lose it all?
All alone in the danger zone
Are you ready to take my hand?
All alone in the flame of doubt
Are we going to lose it all?
To lose it all
To lose it all".
domingo, 1 de março de 2015
...É quase verão em pleno inverno...
Meu amor adeus
Tem cuidado
Se a dor é um espinho
Que espeta sozinho
Do outro lado
Meu bem desvairado
Tão aflito
Se a dor é um dó
Que desfaz o nó
E desata um grito
Um mau olhado
Um mal pecado
E a saudade é uma espera
É uma aflição
Se é Primavera
É um fim de Outono
Um tempo morno
É quase Verão
Em pleno Inverno
É um abandono
Porque não me vês
Maresia
Se a dor é um ciúme
Que espalha um perfume
Que me agonia
Vem me ver amor
De mansinho
Se a dor é um mar
Louco a transbordar
Noutro caminho
Quase a espraiar
Quase a afundar
E a saudade é uma espera
É uma aflição
Se é Primavera
É um fim de Outono
Um tempo morno
É quase Verão
Em pleno Inverno
É um abandono
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
Phoenix in the water...
"I’m a phoenix in the water
A fish that’s learnt to fly
And I’ve always been a daughter
But feathers are meant for the sky
So I’m wishing, wishing further
For the excitement to arrive
It’s just I’d rather be causing the chaos
Than laying at the sharp end of this knife
With every small disaster
I’ll let the waters still
Take me away to some place real
'Cause they say home is where your heart is set in stone
where you go when you’re alone
Is where you go to rest your bones
It’s not just where you lay your head
It's not just where you make your bed
As long as we’re together, does it matter where we go?
Home Home
So when I’m ready to be bolder,
And my cuts have healed with time
Comfort will rest on my shoulder
And I’ll bury my future behind
I’ll always keep you with me
You’ll be always on my mind
But there’s a shining in the shadows
I’ll never know unless I try
With every small disaster
I’ll let the waters still
Take me away to some place real
'Cause they say home is where your heart is set in stone
where you go when you’re alone
Is where you go to rest your bones
It’s not just where you lay your head
It's not just where you make your bed
As long as we’re together, does it matter where we go?
Home, Home".
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Self preservation
How are you to imagine anything if the images are always provided for you? Doublethink. To deliberately believe in lies while knowing they’re false. Examples of this in every day life: Oh, I need to be pretty to be happy. I need surgery to be pretty. I - I need to be thin. Famous. Fashionable. Our young men today are being told that women are whores. Bitches. Things to be screwed. Beaten. Shit on. And shamed.
This is a marketing holocaust. Twenty four hours a day, for the rest of our lives, the powers at be are hard at work dumbing us to death.
So, to defend ourselves, and fight against assimilating this dullness into our thought processes, we must learn to read. To stimulate our own imagination. To cultivate our own consciousness. Our own belief systems. We all need these skills to defend, to preserve, our own minds." in Detachment.
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
Pessoal e intramissível...
(...) E do que eu gosto mais em ti é dos teus defeitos, dos teus pecados, da tua mentira que odeias. Para se gostar mesmo, como eu gosto de ti, é preciso dar atenção ao de que não se gosta nada das outras vezes, mesmo nada, isso é que é gostar como eu gosto de ti, é isso, só isso, que me faz gostar de ti. (...) os teus feitos são mortais, mas os pecados, esses são só teus. E meus, se tu quiseres.
Pedro Paixão in, "Muito,meu amor "
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Petal by petal...
"your slightest look easily will unclose me
though I have closed myself as fingers,
you open always petal by petal myself as Spring opens
(touching skilfully, mysteriously) her first rose
(I do not know what it is about you that closes
and opens; only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody, not even the rain, has such small hands".
E.E. Cummings
domingo, 2 de setembro de 2012
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Liquid...
If language were liquid
It would be rushing in
Instead here we are
In a silence more eloquent
Than any word could ever be
These words are too solid
They don't move fast enough
To catch the blur in the brain
That flies by and is gone
Gone
Gone
Gone
I'd like to meet you
In a timeless, placeless place
Somewhere out of context
And beyond all consequences
Let's go back to the building
(Words are too solid)
On Little West Twelfth
It is not far away
(They don't move fast enough)
And the river is there
And the sun and the spaces
Are all laying low
(To catch the blur in the brain)
And we'll sit in the silence
(That flies by and is)
That comes rushing in and is
Gone (Gone)
I won't use words again
They don't mean what I meant
They don't say what I said
They're just the crust of the meaning
With realms underneath
Never touched
Never stirred
Never even moved through
If language were liquid
It would be rushing in
Instead here we are
In a silence more eloquent
Than any word could ever be
And is gone
Gone
Gone
And is gone".
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
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