(imagem: fonte Google imagens)
“Palavra-puxa-palavra”
“No início era o Verbo”, assim reza o mais conhecido livro do mundo (e não vou aqui fazer publicidade porque a concorrência livresca pode não gostar) e eu acrescentaria ainda que a Palavra não é somente o início mas é, igualmente, meio e fim.
Se há país onde a Palavra é importante é neste nosso rectângulo encantado. Gostamos tanto de falar e a Palavra está de tal forma imbuída no nosso quotidiano e mentalidade que já criámos uma expressão em que a nossa reverência pelo poder e valor da palavra é rainha, senão vejamos: quando alguém sela algum tipo de acordo connosco, quando há um compromisso estabelecido, qual é a expressão que costumamos utilizar? Ah pois é… nós “apalavramos” – um negócio fica “apalavrado”, um encontro fica “apalavrado” e a partir do momento em que “apalavramos” alguém com alguém um elo moral fica estabelecido. Podemos até não o cumprir (a grande maioria das vezes a palavra dada não passa disso mesmo…e até se disse para evitar mais conversa), mas que está “apalavrado” lá isso é inquestionável.
A importância das palavras e do que dizemos é tão forte neste país que, por exemplo, quando nos queremos esquivar de algum tema menos interessante, o que fazemos nós caríssimo leitor? Pois, até já sabe…é natural (muito provavelmente é utilizador assíduo da expressão) ora nós “fugimos à conversa”, não em corrida ou marcha, desviando-nos, sorrateiramente, ao introduzir outro tema…
E com isto, somos mestres na arte do subterfúgio verbal, especialistas no tornear das questões e exímios na arte de dialogar. Tudo claro, desde que não seja “conversa fiada”. E “palavra-puxa-palavra” eis-me no fim. Mas voltarei em breve. Fica desde já “apalavrado”.
“No início era o Verbo”, assim reza o mais conhecido livro do mundo (e não vou aqui fazer publicidade porque a concorrência livresca pode não gostar) e eu acrescentaria ainda que a Palavra não é somente o início mas é, igualmente, meio e fim.
Se há país onde a Palavra é importante é neste nosso rectângulo encantado. Gostamos tanto de falar e a Palavra está de tal forma imbuída no nosso quotidiano e mentalidade que já criámos uma expressão em que a nossa reverência pelo poder e valor da palavra é rainha, senão vejamos: quando alguém sela algum tipo de acordo connosco, quando há um compromisso estabelecido, qual é a expressão que costumamos utilizar? Ah pois é… nós “apalavramos” – um negócio fica “apalavrado”, um encontro fica “apalavrado” e a partir do momento em que “apalavramos” alguém com alguém um elo moral fica estabelecido. Podemos até não o cumprir (a grande maioria das vezes a palavra dada não passa disso mesmo…e até se disse para evitar mais conversa), mas que está “apalavrado” lá isso é inquestionável.
A importância das palavras e do que dizemos é tão forte neste país que, por exemplo, quando nos queremos esquivar de algum tema menos interessante, o que fazemos nós caríssimo leitor? Pois, até já sabe…é natural (muito provavelmente é utilizador assíduo da expressão) ora nós “fugimos à conversa”, não em corrida ou marcha, desviando-nos, sorrateiramente, ao introduzir outro tema…
E com isto, somos mestres na arte do subterfúgio verbal, especialistas no tornear das questões e exímios na arte de dialogar. Tudo claro, desde que não seja “conversa fiada”. E “palavra-puxa-palavra” eis-me no fim. Mas voltarei em breve. Fica desde já “apalavrado”.
De: Vanessa Limpo, in "Correio de Setúbal", edição de 31 de Julho de 2007