quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

The heart asks for pleasure...

(postal concebido pela Nescafé em alusão ao dia de São Valentim)

domingo, 17 de fevereiro de 2008

(Re)leituras

Numa época em que tanto se ouve falar da falta de hábitos de leitura dos portugueses, é “agradável” descobrir, mesmo que em contextos do mais sui generis que há (ou surreal mesmo, ousaria, mas deixo a vós, leitores, a palavra final) que estes ainda não esmoreceram de vez.
Estava eu um dia destes numa paragem de autocarro (à espera da dita carreira) quando me deparo com um momento de leitura que me deixou estarrecida mas não menos estupefacta com uma pitada de incredulidade à mistura (o que seria da estupefacção sem uma pitada de incredulidade? Não era a mesma, com certeza). Eis que vislumbro uma funcionária da câmara municipal a ler um jornal diário cujo nome não pode ser pronunciado por motivos de ética de concorrência (o facto de não ter visto, de todo, o nome do diário também ajuda, contudo as questões ética suplantam a razão anterior).
Ora, até aqui nada de especial: uma senhora a ler um jornal diário num local público só lhe fica bem, pensa o prezado leitor. Agora adicione a este quadro a seguinte informação: a senhora em questão trabalhava no departamento de recolha de conteúdos de âmbito anti-higiénico, eufemismo para senhora que recolhe lixo comunitário. E o diário que estava ler foi retirado exactamente do local que está a pensar: o designado “caixote do lixo”.
Ora já existia a expressão junk food para designar comida de preparação rápida e de má qualidade nutricional mas ler jornais retirados de recipientes de lixo confere todo um novo significado ao termo junk. Contudo se pensarmos bem inscreve-se numa política de teor ecológico no sentido em que esta (re)leitura não é mais que um reciclar. Estamos portanto, perante uma inovadora tendência “ecológico-cultural”. No entanto, não vá o Diabo tecê-las, pense sempre duas vezes antes de ter a tentação de levar para casa um jornal que se encontra abandonado num banco público. Tenha medo… tenha MUITO medo.


Vanessa Limpo

in "Expresso Sem Mais", edição de 16 de Fevereiro de 2008.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Pegar ou largar?

Pegar ou largar?


A resposta a esta pergunta pode encontrar-se nas próximas linhas (ou então não será bem a resposta, mas somente uma tentativa de pegar neste assunto que me assola há vasto tempo).
Se há povo que pega somos nós. Nós pegamos em objectos, claro, sendo fiéis ao sentido primeiro do termo mas por que parar aí se podemos pegar em tantas outras coisas. Nós pegamos até nos horários: “A que horas pegas amanhã?”. Ora como é que se pega no “Amanhã” desconheço, contudo se fosse a “ele” não sei se gostaria de ser pegado assim sem dar autorização.
No entanto, vamos mais longe ainda, contudo, chegando a pegar até em nós: “Olhe, Dona Dolores, peguei em mim e fiz-me à estrada”. Num acto de explícito e soberbo contorcionismo, somos capazes do mais improvável, pegando em nós.
Por cá até os vícios se pegam... “e não é que já me pegaste o vício do café logo pela manhã?”ou ainda estados de acentuado torpor físico “não bocejes que isso pega-se!”. Portanto pegar pode ser epidémico, pegajoso, o que parecendo que não, em nada facilita as nossas vidas (a minha por certo não, dado que uma epidemia agora não me calhava nada bem). Pegar é, assim, um acto que pode tornar-se perigoso, por vezes heróico e, amiúde, pouco higiénico. Não se deve utilizar este verbo em vão, os efeitos secundários (que podem ir do simples bocejo à mais alta dose de cafeína) poderão ser nocivos. Eu, por via das dúvidas, não pegarei mais neste tema por muito tempo.


Vanessa Limpo

in "Correio de Setúbal", edição de 2 de Fevereiro de 2008.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Are you talking to me?

(George Costanza and Jerry Seinfeld, na série homónima)
George: It's just not good.
Jerry: It's not good.
George: I'm bored. She's boring. I'm boring. We're both boring.
We go out to eat, we both read newspapers.
Jerry: Well, breakfast, everybody reads.
George: No, Lunch, we read. Dinner: we read.
Jerry: You read during lunch?
George: Yeah.
Jerry: Oh, well.
George: Nothing to talk about.
Jerry: Well, what's it to talk about?
George: Well, at least you and I are talking about there's nothing to talk about.
Jerry: Why don't you talk with her about how there's nothing to talk about?
George: She knows there's nothing to talk about.
Jerry: At least, she'll be talking.
George: Oh, shut up.
(Seinfeld, série 5, episódio 16, "The Stand-In")