domingo, 30 de maio de 2010
sábado, 29 de maio de 2010
Pó....de talco...
A presença de Ivete Sangalo no RIR faz tanto sentido como a ida do Tino de Rans ao Festival Cinema Indie Lisboa...
Desafio aos dois leitores deste blog (um e meio aos fins-de-semana): alguém se lembra de outra canção da dita senhora para além de "Poeira"??
Ah pois é...
Bem me parecia...
Assim sendo...estamos conversados...
Desafio aos dois leitores deste blog (um e meio aos fins-de-semana): alguém se lembra de outra canção da dita senhora para além de "Poeira"??
Ah pois é...
Bem me parecia...
Assim sendo...estamos conversados...
sexta-feira, 28 de maio de 2010
terça-feira, 25 de maio de 2010
Barro..
"Pinceladas de barro cor da pele cobrem minhas cicatrizes como um carinho
Todas as manhãs, antes de me iludir com a vida
Lavo no escuro adocicado minhas pequenas pupilas
Escorrego sabão nos círios da pequena boneca
Cubro a alma com uma pitada de lápis nas sobrancelhas finas
Faço elas ficarem bem grossas com perfil de misteriosa
Minhas mãos já sabem de cor a forma de cada olheira
Profunda de tanta chuva que tomou
É como se cobrisse minha alma todas as manhãs
É como se a mim só eu conhecesse
Quando estou definitivamente uma pintura de Basquiat
Olho-me no espelho
O que vejo
Um touro, uma donzela, um insecto, uma traça, um sonho
Não sei bem se vejo ou deliro
Mas crio coragem e abro a porta
Quase sempre venta e lacrimeja
Coloco a bagagem nas costas
De costas me olho mais uma vez no espelho
Sim, agora estou pronta
O exagero, o Destino me perdoe, tenho pressa, saiam da frente
Que meu cansaço derrete meu barro e a escultura cai
Tenho pressa, minha vida é passageira
E meu escudo de pele moldado por cicatrizes
Quando chego em casa, sento, tiro os sapatos, calço a minha essência e choro
Quando a obra facial se desfaz, coloco as mãos sobre o rosto e sorrio
Acendo uma vela, abro a torneira e lavo minha alma
Agora, nua".
Poema autobiográfico da actriz Bárbara Paz.
Todas as manhãs, antes de me iludir com a vida
Lavo no escuro adocicado minhas pequenas pupilas
Escorrego sabão nos círios da pequena boneca
Cubro a alma com uma pitada de lápis nas sobrancelhas finas
Faço elas ficarem bem grossas com perfil de misteriosa
Minhas mãos já sabem de cor a forma de cada olheira
Profunda de tanta chuva que tomou
É como se cobrisse minha alma todas as manhãs
É como se a mim só eu conhecesse
Quando estou definitivamente uma pintura de Basquiat
Olho-me no espelho
O que vejo
Um touro, uma donzela, um insecto, uma traça, um sonho
Não sei bem se vejo ou deliro
Mas crio coragem e abro a porta
Quase sempre venta e lacrimeja
Coloco a bagagem nas costas
De costas me olho mais uma vez no espelho
Sim, agora estou pronta
O exagero, o Destino me perdoe, tenho pressa, saiam da frente
Que meu cansaço derrete meu barro e a escultura cai
Tenho pressa, minha vida é passageira
E meu escudo de pele moldado por cicatrizes
Quando chego em casa, sento, tiro os sapatos, calço a minha essência e choro
Quando a obra facial se desfaz, coloco as mãos sobre o rosto e sorrio
Acendo uma vela, abro a torneira e lavo minha alma
Agora, nua".
Poema autobiográfico da actriz Bárbara Paz.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
So you think you're funny?
(John Cleese, versão Calçada do Forte, São Vicente de Fora, Lisboa).
Pasmo? Ou Cataclismo? (como diria o poeta).
O governo aumenta, num sistema champô e amaciador (2 em 1) o aumento do IVA e do IRS...mesmo bom, sobretudo porque me calham os dois na "taluda".
Este governo adora um bocadinho de stand up comedy.
Isso e Papas.
sábado, 22 de maio de 2010
Certamente em dúvida...
“Mas tens a certeza absoluta?”, “Não tenho dúvidas que”, “Com toda a certeza que”. Estas são algumas das frases que mais ouço no meu dia-a-dia.
Todos têm certezas. Absolutas. Sobre tudo e sobretudo sobre todos os outros. Nas notícias dão-nos a certeza que o país se afunda. Na educação temos a certeza que quse tudo está errado e tem de errado. No seio familiar, de certeza que já não se pode ir de férias pois as economias não dão para mais.
Nas conversas de café, nos transportes, nos diálogos que vestem os dias, todos querem imprimir a certeza que estão certos, ou melhor, correctos.
Nada mais legítimo ou humano, Contudo, eu tenho uma opinião que se inscreve mais no campo das Dúvidas que no das Certezas. Foi crescendo comigo ao longo do tempo e transformou-se, qual crisálida, numa postura perante a vida.
Pequena que sou neste cosmos de certeza, ponho o que vejo muitas vezes em causa. Ponho-me causa. E quanto mais o meu microcosmos cresce (que nunca é muito e as dúvidas são fraco adubo) mais diminutas são as certezas. As minhas certezas são Lilliput, as minhas Dúvidas são Gulliver. Golias e David. Como vos aprouver.
A vida e o amadurecimento trazem-nos percursos tão diferentes, trilhos que nos surpreendem. Fazemos o que dissemos nunca fazer lá no Montanha da nossa Infância (nave mãe de todas as Certezas), dizemos o que nunca ousaríamos dizer. Por vezes, agimos exactamente de forma inversa à que sempre acreditámos que iríamos agir.
As minhas certezas ficaram, tal como a minha infância, num canto pequeno da minha memória, em caixas amontoadas de maniqueísmo (primo direito da infância) e amontoados de Absoluto.
Não sei tudo. Tenho cada vez menos certezas, afinal a bitola que uso é de fraco espectro: o (meu) mundo. Não me importa que os que se vestem de Certeza digam que estou errada. Não me incomoda errar, voltar atrás. A meu ver são todos sintomas de autocrítica, reflexão.
Quero coisas diferentes em momentos diferentes. Sou permeável ao mundo.
E essa é a minha única certeza.
Vanessa Limpo
in "Expresso Sem Mais", edição de 22 de Maio de 2010.
Todos têm certezas. Absolutas. Sobre tudo e sobretudo sobre todos os outros. Nas notícias dão-nos a certeza que o país se afunda. Na educação temos a certeza que quse tudo está errado e tem de errado. No seio familiar, de certeza que já não se pode ir de férias pois as economias não dão para mais.
Nas conversas de café, nos transportes, nos diálogos que vestem os dias, todos querem imprimir a certeza que estão certos, ou melhor, correctos.
Nada mais legítimo ou humano, Contudo, eu tenho uma opinião que se inscreve mais no campo das Dúvidas que no das Certezas. Foi crescendo comigo ao longo do tempo e transformou-se, qual crisálida, numa postura perante a vida.
Pequena que sou neste cosmos de certeza, ponho o que vejo muitas vezes em causa. Ponho-me causa. E quanto mais o meu microcosmos cresce (que nunca é muito e as dúvidas são fraco adubo) mais diminutas são as certezas. As minhas certezas são Lilliput, as minhas Dúvidas são Gulliver. Golias e David. Como vos aprouver.
A vida e o amadurecimento trazem-nos percursos tão diferentes, trilhos que nos surpreendem. Fazemos o que dissemos nunca fazer lá no Montanha da nossa Infância (nave mãe de todas as Certezas), dizemos o que nunca ousaríamos dizer. Por vezes, agimos exactamente de forma inversa à que sempre acreditámos que iríamos agir.
As minhas certezas ficaram, tal como a minha infância, num canto pequeno da minha memória, em caixas amontoadas de maniqueísmo (primo direito da infância) e amontoados de Absoluto.
Não sei tudo. Tenho cada vez menos certezas, afinal a bitola que uso é de fraco espectro: o (meu) mundo. Não me importa que os que se vestem de Certeza digam que estou errada. Não me incomoda errar, voltar atrás. A meu ver são todos sintomas de autocrítica, reflexão.
Quero coisas diferentes em momentos diferentes. Sou permeável ao mundo.
E essa é a minha única certeza.
Vanessa Limpo
in "Expresso Sem Mais", edição de 22 de Maio de 2010.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Wishful thinking...
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Ponte...
Ponte Romana, Benfeita.
"(...) As palavras não merecem esse tipo de pantomina. São inocentes, neutrais, precisas, representam isto, descrevem uma coisa, significam outra, e se tiveres cuidado com elas podes fazer uma ponte sobre a incompreensão e o caos. Mas quando as palavras são maltratadas não servem para nada. (..) Eu não acho que os escritores sejam sagrados, mas as palavras são. Merecem respeito, e se conseguires as palavras certas pela ordem certa podes agitar o mundo um bocadinho, ou fazer um poema que as crianças decorem depois de já teres morrido.(...)".
Tom Stoppard, Agora a sério, versão de Pedro Mexia, edições Tinta da China,2010, pp 117-118.
domingo, 16 de maio de 2010
Da coerência...
A série Perdidos é daquelas que, no fundo, é como o algodão: não engana.
Apenas nos engana no destinarário do seu título: não se chama Perdidos pelos seus personagens se encontrarem sem norte numa ilha deserta há 4576768499 séries.
Perdidos estão os espectadores que se perderam algures na segunda série e ainda navegam, à deriva, na esperança de alcançarem a sinopse a tempo de a compreenderem.
Como diria RAP, perdidos sim mas na "óptica do utilizador".
Apenas nos engana no destinarário do seu título: não se chama Perdidos pelos seus personagens se encontrarem sem norte numa ilha deserta há 4576768499 séries.
Perdidos estão os espectadores que se perderam algures na segunda série e ainda navegam, à deriva, na esperança de alcançarem a sinopse a tempo de a compreenderem.
Como diria RAP, perdidos sim mas na "óptica do utilizador".
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Parapeito...
Houve um tempo que a minha janela se abria para um terraço de pedra, jazigo de branco sem fim, que é o branco mais forte.
Da janela via o terraço em frente. À esquerda encontravam-se fecundas as figueiras de Setembro - imponentes, robustas de figo e do sumo da terra.
À direita erguia-se um campo que balançava, hesitante, entre os braços do cultivo árduo e a aridez de sementes esquecidas pelo ar. O mesmo ar que me transportava para a casa vermelha ao lado. Cheia de janelas: uniam-se em grupos de três por andar.Com medo de se sentirem sozinhas, talvez. Janelas vizinhas da minha janela. Sós na sua correnteza vermelha - de cor e de Sol que as banha todas as manhãs.
As paredes são rugosas, duras como a aldeia que as abraça. O telhado tem fome de telhas e a chuva ri-se dele em noites de Inverno.
O sótão bebe a chuva e recebe o cheiro bafiento das tábuas por tratar.
No campo, os gatos brincam com as flores, as abelhas e uma meia caída no chão: cascata de brincadeiras das vizinhas mais pequenas que se divirtem a lançar a roupa ainda assustada com a última lavagem na máquina.
Volto à minha janela. Volto a mim.
Houve um tempo em que a minha janela se abria para o terraço,o Branco, as crianças, o soalho e as outras janelas dançantes.
Houve um tempo que a minha janela se abria, se atirava em precipício para as vidas dos outros.
Rente aos Outros, lá no seu parapeito curioso e branco.
Da janela via o terraço em frente. À esquerda encontravam-se fecundas as figueiras de Setembro - imponentes, robustas de figo e do sumo da terra.
À direita erguia-se um campo que balançava, hesitante, entre os braços do cultivo árduo e a aridez de sementes esquecidas pelo ar. O mesmo ar que me transportava para a casa vermelha ao lado. Cheia de janelas: uniam-se em grupos de três por andar.Com medo de se sentirem sozinhas, talvez. Janelas vizinhas da minha janela. Sós na sua correnteza vermelha - de cor e de Sol que as banha todas as manhãs.
As paredes são rugosas, duras como a aldeia que as abraça. O telhado tem fome de telhas e a chuva ri-se dele em noites de Inverno.
O sótão bebe a chuva e recebe o cheiro bafiento das tábuas por tratar.
No campo, os gatos brincam com as flores, as abelhas e uma meia caída no chão: cascata de brincadeiras das vizinhas mais pequenas que se divirtem a lançar a roupa ainda assustada com a última lavagem na máquina.
Volto à minha janela. Volto a mim.
Houve um tempo em que a minha janela se abria para o terraço,o Branco, as crianças, o soalho e as outras janelas dançantes.
Houve um tempo que a minha janela se abria, se atirava em precipício para as vidas dos outros.
Rente aos Outros, lá no seu parapeito curioso e branco.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
A piece of advice...
F. para mim: "Escreves pouco para quem pensa tanto.
Escreve mais."
Apenas mudaria para sentir ao invés de pensar.
De resto, you're absolutely right, F.
Escreve mais."
Apenas mudaria para sentir ao invés de pensar.
De resto, you're absolutely right, F.
terça-feira, 11 de maio de 2010
Quando o vento bate no jardim...
"(...) A poesia quer matar e sobreviver. (...) A poesia é um assunto que vem no vento quando o vento bate no jardim. (...) E é quando profecia, em brisa, bate em cheio no presente e no passado, é aí, momento nítido, que surge a poesia.
(...) A grande vantagem das canções e dos versos é o facto de não ocuparem espaço no corpo: podem levar-se para todo o lado, não será necessário uma mochila. E as canções e os versos não são armas que possam ser identificadas por um qualquer detector de metais (...)Podes cantar na cabeça a letra de uma canção que o país proíbe, e podes transportar na cabeça o verso de um poeta que ontem o teu país condenou à morte.
A poesia aconteceu (...) porque os homens gostam de possuir segredos (...) Gostam de transportar coisas que os outros não vêem, coisas privadas, coisas escondidas. É fácil encontrar um esconderijo para um verso.
(...) Claro que a pele é um tecido lavável, e o coração, de certo modo, também o é.
(...) A poesia é um modo de a linguagem ser infeliz. Se conheces um homem feliz, conheces todos, alguém infeliz é que é único, exige investigação. Daí também a necessidade de investigar os versos do Mundo, um a um, se quiseres conhecer algo, se pretendes escrever uma Biografia ou mesmo a História Mundial de um verso. (...) Quem o trouxe, por onde andou, quem o leu, em que momentos foi dito: na voz de um home eufórico, na voz de um home que traiu, na voz de um homem que sofre, ou na voz de alguém que é alegre porque nasceu? Por onde andou, esse verso?
(...) Porque os versos não valem pelos quilómetros que percorrem, que a utilidade deles não se confunda com a de um carro. Há versos que nem um metro avançam e sáo, afinal, lugares espantosos para fundar uma igreja ou uma maternidade.
(...) Todos os versos são privados, e a causa principal do aparecimento da poesia é a separação dos corpos, e a tristeza que no mesmo instante surgiu no mundo. (...).
Seis perguntas ao senhor Breton - sobre a poesia, Gonçalo M. Tavares.
(...) A grande vantagem das canções e dos versos é o facto de não ocuparem espaço no corpo: podem levar-se para todo o lado, não será necessário uma mochila. E as canções e os versos não são armas que possam ser identificadas por um qualquer detector de metais (...)Podes cantar na cabeça a letra de uma canção que o país proíbe, e podes transportar na cabeça o verso de um poeta que ontem o teu país condenou à morte.
A poesia aconteceu (...) porque os homens gostam de possuir segredos (...) Gostam de transportar coisas que os outros não vêem, coisas privadas, coisas escondidas. É fácil encontrar um esconderijo para um verso.
(...) Claro que a pele é um tecido lavável, e o coração, de certo modo, também o é.
(...) A poesia é um modo de a linguagem ser infeliz. Se conheces um homem feliz, conheces todos, alguém infeliz é que é único, exige investigação. Daí também a necessidade de investigar os versos do Mundo, um a um, se quiseres conhecer algo, se pretendes escrever uma Biografia ou mesmo a História Mundial de um verso. (...) Quem o trouxe, por onde andou, quem o leu, em que momentos foi dito: na voz de um home eufórico, na voz de um home que traiu, na voz de um homem que sofre, ou na voz de alguém que é alegre porque nasceu? Por onde andou, esse verso?
(...) Porque os versos não valem pelos quilómetros que percorrem, que a utilidade deles não se confunda com a de um carro. Há versos que nem um metro avançam e sáo, afinal, lugares espantosos para fundar uma igreja ou uma maternidade.
(...) Todos os versos são privados, e a causa principal do aparecimento da poesia é a separação dos corpos, e a tristeza que no mesmo instante surgiu no mundo. (...).
Seis perguntas ao senhor Breton - sobre a poesia, Gonçalo M. Tavares.
domingo, 9 de maio de 2010
Das peneiras ou I love João Paulo II
Ouvido na exposição da artista plástica Joana Vasconcelos.
(Discurso proferido por uma senhora aquando do visionamento de um filme):
- "Tantos polícias para quê? Milhares de polícias só para agradar a uma pessoa. Isto está cada vez pior. Está tudo chalado.
No tempo do João Paulo II é que era. Agora este? Este é só peneiras. É um peneirento.
Alguns minutos depois...
Andam a falar muito nisso na TV. Elas andam a distrubuir viagra."
De notar que a banda sonora para este monólogo era o Bolero de Ravel.
Loucura sim mas de fino recorte.
Enfim...peneiras...
(Discurso proferido por uma senhora aquando do visionamento de um filme):
- "Tantos polícias para quê? Milhares de polícias só para agradar a uma pessoa. Isto está cada vez pior. Está tudo chalado.
No tempo do João Paulo II é que era. Agora este? Este é só peneiras. É um peneirento.
Alguns minutos depois...
Andam a falar muito nisso na TV. Elas andam a distrubuir viagra."
De notar que a banda sonora para este monólogo era o Bolero de Ravel.
Loucura sim mas de fino recorte.
Enfim...peneiras...
terça-feira, 4 de maio de 2010
Betão
"(...) And there's a concrete sky
Falling from the trees again and you know now why
It's not coming round too soon, it's harder than a heartbreak too
It's tough enough what love will do (..)"
Beth Orton, in Daybreaker
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