sábado, 10 de dezembro de 2011

Photomaton intérieur

"Uma noite fria e serena cobria o mundo, quando saí; e uma paz nova, húmida de ternura, como o silêncio depois de um choro, envolveu-me, suave, o ermo dos meus passos.
Na quietude da noite, como um regaço do fim, parecia-me que cada parte magoada da minha carne se dispersava no ar, ávida de esquecimento, e que toda a minha fadiga subia alto, como um fumo, até à cúpula dos astros, e aí se dissipava. Já o vulto da montanha a oriente me chamava com uma voz intrínseca e original, como um olhar que nos fita e ultrapassa.".

in Manhâ submersa, Vergílio Ferreira.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

"Chesterfield"

As paredes são cor branco-cor-de-hospital, como seria de prever.
Tudo está certo ali: o branco das paredes rima com a palidez dos corredores moribundos de saúde. Apenas enfeitados pelos sorrisos dos enfermeiros, médicos e outros membros autoctones à Doença.
Aqui e ali alguns focos de pacientes, a copa à minha esquerda emanando o odor proveniente dos tachos e panelas fumegantes e sedentas de estômagos hospedeiros. Um silêncio rendilhava o ambiente. Um silêncio atípico, diferente de outros hospitais que conheci.
O quarto povoado de três pacientes e um deles tu.
Não te via há tantos anos. Estás agora sem o teu rabo-de-cavalo, imagem de marca juntamente com o cigarro e as piadas sempre prontas. "Olha, já ouviste esta?" - dizias sempre que me vias, quando por vezes nos cruzávamos nalguma rua da Outra Margem. E lá dizias a tua piada e o sorriso escancarava-se. E eu ria por solidariedade. Por e para te ver feliz.
Hoje estavas cor-de-hospital com um ligeiro amarelado que te percorria a pele e fazia contraste com o azul do roupão. Tens agora os cabelos brancos e curtos. Um corte abrupto. Como o corte que te fizeram. Talvez se chame coincidência? Ou será antes coerência?
Cortaram-te a pele e foram ao tutanto da ferida. Rasgaram, perfuraram: para lá do osso, para lá de ti. Coseram e fecharam. Não te coseram, todavia, os medos, não te perfuraram as artérias do Receio, para essas ainda não há cirugias.
Por baixo da cama, dos lençóis, dos tubos, lado a lado com as cortinas que se correm para não vermos a realidade do vizinho (para que ela nos lembre a nossa finitude), nas catacumbas da Doença não te dissecaram os Sonhos, afinal não há declaração de óbito para Morfeu. Os deuses, como sabes querido L, estão acima de nós.
E por isso sei que venha o que vier, dê no que der, ganharás o Euromilhões e farás a tal viagem transatlântica.
" Já viste o que era se isto tivesse acontecido e eu não tivesse ninguém?", dizes tu, de repente, cortanto tu prório o discurso com o bisturi da tua consciência.
"Sim, já, mas não estás, não estás sozinho".
"Mas há quem esteja".
Sim, L, há quem esteja. Uma vez mais nem cortes subcutâneos nem (elevadas) doses de medicamentos te toldam o espírito. Nem a tua própria doença te deixa dormente para os Outros. E é por isso que gosto de ti. E é por isso que tinha de te ver. Mesmo ao fim destes anos todos.
Não sei a história do sangue faz sentido. Desconheço se foi o sangue que me impeliu a ir ver-te. Muto mais que o sangue que nos une há o sentido de Humanidade que nos abraça.
Tens a tua caixa de Chesterfield no bolso do roupão, dizes que já convenceste as enfermeiras a deixarem-te fumar. "E se vier o médico, que lhe vais dizer?". "São pastilhas", respondes no tom pueril que te é conhecido. Acreditas nas tuas próprias palavras. Tu és a tua própria fé e por isso fazes tanto sentido.
A M sempre a teu lado, sempre atrás de ti, a M contigo ao colo (se pudesse sei que o faria). A M que te mentiu sobre o teu estado, sabendo ela que Amor é também isso, nem que isso lhe tenha custado uma parte do seu equílbrio por uns tempos.
A M que é a Mãe, a Irmã, a Avó, a M que é a tua Gaia, a tua Terra, o teu Continente, a M que te salvou sem tu saberes. Porque Amor é também isso: salvarem-nos sem o pedirmos, sem o sabermos, sem sabermos que o precisamos.
E assim te deixei, entre cama, lençóis, algálias e cicatrizes. Ficas tu, a M, conversa por dizer entre vós e o maço de Chesterfield no regaço.
E enquanto ando pelo corredor que me devolve à cidade e ao Outono mortiço, oiço o vapor do navio e o teu sorriso que embarcou contigo no transatlântico.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Le bruit du monde..-



(Google imagens)



"On boit du thé pour oublier le bruit du monde".

Et c'est que j'ai fait aujourdh'hui et le silence du jour m'a bercé dans ses bras.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

"Que sopa fazer amanhã?"



Sangue do meu sangue, de João Canijo.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Like a lily to the heat...



You came to me this morning and you handled me like meat. You’d have to be a man to know how good that feels, how sweet. My mirrored twin, my next of kin, I’d know you in my sleep and who but you would take me in,
a thousand kisses deep.

I loved you when you opened like a lily to the heat, you see I’m just another snowman standing in the rain and sleet, who loved you with his frozen love, his second hand physique, with all he is, and all he was,
A thousand kisses deep.

I know you had to lie to me, I know you had to cheat, to pose all hot and high behind the veils of shear deceit, our perfect porn aristocrat so elegant and cheap, I’m old but I’m still into that,
A thousand kisses deep.

I’m good at love, I’m good at hate, its in between I freeze. Been working out, but its too late, it’s been to late for years. But you look good, you really do, they love you on the street. If I could move I’d kneel for you,
a thousand kisses deep.

The autumn moved across your skin, got something in my eye, a light that doesn’t need to live, and doesn’t need to die. A riddle in the book of love, obscure and obsolete, until witnessed there in time and blood,
A thousand kisses deep.

And I'm still working with the wine, still dancing cheek to cheek, the band is playing Auld Lang Syne, but the heart will not retreat. I ran with Diz and I sang with Ray, I never had their sweep, but once or twice they let me play
A thousand kisses deep.

I loved you when you opened like a lily to the heat, y'see I'm just another snowman standing in the rain and sleet, who loved you with his frozen love, his second hand physique, with all he is, and all he was,
A thousand kisses deep.

But you don’t need to hear me now, and every word I speak, it counts against me anyhow,
A thousand kisses deep."

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Google translating...

Resposta de um aluno do 11ºano à secção do Curriculum Vitae que diz respeito à "Driving license":

" Driving license: I am taking away the letter".



E o quentinho no estômago acontece e o "Bifidus activo" agradece!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

My cup of tea...





"Dan: Didn't fancy my sandwiches?
Alice: Don't eat fish.
Dan: Why not?
Alice: Fish piss in the sea.
Dan: So do children.
Alice: Don't eat children either."

Closer, De Mike Nichols.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Aquelas vidas todas...



"Quero estar mesmo próxima das pessoas e falar sobre as pessoas. Sabem porque lei...o? Para ser actriz, viver aquelas vidas todas. Todos os dias me comovo com a fragilidade, com a solidão... as pessoas estão muito desprotegidas. Às vezes vou no carro com a minha filha e digo: “Viste?”. E ela: “Oh, não...não vais começar a chorar outra vez, pois não?”. As pessoas valem muito a pena, eu só sou actriz para falar sobre as pessoas."

Rita Blanco
"

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Despertares..



E porque as pessoas se separam, porque os mundos (interiores) avançam mas as melodias são eternas e unas, cá ficam estes senhores que, ao contrário do seu nome, despertaram muitos ouvidos e emoções.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Janelas...





"(...)No meio da vastidão a poesia
De um dia a mais a viver
Janelas da alma sol do meio-dia
(...) Cenários de vidas imaginadas
Frestas de luz ao amanhecer (...)".

Múcio Sá.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Imitar o céu...



Helena Almeida.


«Se quiseres fazer azul,
pega num pedaço de céu e mete-o numa panela grande,
que possas levar ao lume do horizonte;
depois mexe o azul com um resto de vermelho
da madrugada, até que ele se desfaça;
despeja tudo num bacio bem limpo,
para que nada reste das impurezas da tarde.
Por fim, peneira um resto de ouro da areia
do meio-dia, até que a cor pegue ao fundo de metal.
Se quiseres, para que as cores se não desprendam
com o tempo, deita no líquido um caroço de pêssego queimado.
Vê-lo-ás desfazer-se, sem deixar sinais de que alguma vez
ali o puseste; e nem o negro da cinza deixará um resto de ocre
na superfície dourada. Podes, então, levantar a cor
até à altura dos olhos, e compare-la com o azul autêntico.
Ambas as cores te parecerão semelhantes, sem que
possas distinguir entre uma e outra.
Assim o fiz – eu, Abraão bem Judá Ibn Haim,
iluminador de Loulé – e deixei a receita a quem quiser,
algum dia, imitar o céu. »

Nuno Júdice.



segunda-feira, 22 de agosto de 2011

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Path...




Não sei por onde vou mas estou a caminho...

sábado, 13 de agosto de 2011

Crossroads




Rui Chafes.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Blue valentine...



"I have to sing goofy".

Is there a better way to sing it?

By the way, o filme vale muito a pena. Foi o momento "Câmara Clara" de hoje. Bom dia e boa comtinuação.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Back and forth...



Louise Bourgeois.

domingo, 17 de julho de 2011

Sem hesitar...


(Anna Morosini)

"(...) todos os motivos são bons para
uma coisa, enganar o coração, pô-lo nas
mãos de alguém, mandá-lo sofrer continuamente
como se o amor eterno não fosse uma ilusão

e até à morte, até à morte, sem hesitar".

Valter Hugo Mãe, Contabilidade.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Rising up...



"I was rising up
Hitting the ground
And breaking and breaking (...)".

domingo, 10 de julho de 2011

Para a A



Les petis mouchoirs, de Guillaume Canet, 2010.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Paradise (re)gained




Eva, a minha aluna Eva.

sábado, 25 de junho de 2011

Forceps...




"Conquistei, palmo a pequeno palmo, o terreno interior que nascera meu.

Reclamei, espaço a pequeno espaço, o pântano em que me quedara nulo.

Pari meu ser infinito, mas tirei-me a ferros de mim mesmo."

Bernardo Soares, Livro do Dessassossego

quinta-feira, 23 de junho de 2011

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Cansaço...

"(...) Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se.
Não se pode esquecer alguém antes de lembrá-lo.
Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada.
(...) O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar."

Miguel Esteves Cardoso, in "Último volume".

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Maré...




"You take the tide, any tide, any tide like there isn't gonna be any tide".

The apartments, Mr Somewhere.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

"Polished poetry"...



"I sing this poem to you...
On the other side, I see
Shall you wait, glowing?
It's far away, far away from me,
I can see that -
I can see that -
the wind blows outside and I have no breath,
I breathe again and know I'll have to live
To forget my world is ending.
I have to live
I hear my heart beat,
Fluttering in pain, saying something,
Tears are coming to my eyes -
I cryI cry
I cannot feel the warmth of the sun
I cannot hear the laughter
Choking with every thought,
I see the faces,
My hands are tied as I wish -
But no one comes,
No one comes,
Where are you?
Where are you?
What will make me want to live?
What will make me want to love?
Tell metell me

I sing this poem to you to you
Is this mystery unfolding
As a wind floating?
Something is coming true -
The dream of an innocent child

Something is happening -
Something is happening"

Polish Poem,, do filme "Inland Empire", de David Lynch.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

...and ice cream castles in the air..



"Bows and flows of angel hair and ice cream castles in the air
And feather canyons everywhere, i've looked at cloud that way.
But now they only block the sun, they rain and snow on everyone.
So many things i would have done but clouds got in my way.

I've looked at clouds from both sides now,
From up and down, and still somehow
It's cloud illusions i recall.
I really don't know clouds at all.

Moons and junes and ferris wheels, the dizzy dancing way you feel
As every fairy tale comes real; i've looked at love that way.
But now it's just another show. you leave 'em laughing when you go
And if you care, don't let them know, don't give yourself away.

I've looked at love from both sides now,
From give and take, and still somehow
It's love's illusions i recall.
I really don't know love at all.

Tears and fears and feeling proud to say "i love you" right out loud,
Dreams and schemes and circus crowds, i've looked at life that way.
But now old friends are acting strange, they shake their heads, they say
I've changed.
Something's lost but something's gained in living every day.

I've looked at life from both sides now,
From win and lose, and still somehow
It's life's illusions i recall.
I really don't know life at all."

Joni Mitchell


How true, Joni, how true...

quarta-feira, 1 de junho de 2011

País inocente...

"(...) a infância. Esse país inocente, donde se é expulso sempre demasiado cedo, apenas se regressa em momentos privilegiados - a tais regressos se chama, às vezes, poesia (...).

Eugénio de Andrade, Em louvor das crianças.

sábado, 28 de maio de 2011

"É preciso muito caos interior para poder parir uma estrela que dança". Nietzsche



(fonte, google imagens)



"Dwayne: I wish I could just sleep until I was eighteen and skip all this crap-high school and everything-just skip it.
Frank: Do you know who Marcel Proust is?
Dwayne: He's the guy you teach.
Frank: Yeah. French writer. Total loser. Never had a real job. Unrequited love affairs. Gay. Spent 20 years writing a book almost no one reads. But he's also probably the greatest writer since Shakespeare. Anyway, he uh... he gets down to the end of his life, and he looks back and decides that all those years he suffered, Those were the best years of his life, 'cause they made him who he was. All those years he was happy? You know, total waste. Didn't learn a thing. So, if you sleep until you're 18... Ah, think of the suffering you're gonna miss. I mean high school? High school-those are your prime suffering years. You don't get better suffering than that."

in, Little Miss Sunshine, de Jonathan Dayton e Valerie Faris, 2006.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

segunda-feira, 23 de maio de 2011

sábado, 21 de maio de 2011

Incroyables et banales...



"Les hommes et les femmes dont vous aller faire la connaissance sont entrés dans ce film parce que leurs histoires étaient très incroyables ou très banales".
in, Les uns et les autres, de Caude Lelouch, 1980.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

To know it for what it is...



"Dear Leonard. To look life in the face, always, to look life in the face and to know it for what it is. At last to know it, to love it for what it is, and then, to put it away. Leonard, always the years between us, always the years. Always the love. Always the hours."

in, "The hours", de Stephen Daldry, 2002.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Ignorance is bliss...

Numa aula do 11º ano...

Prof: "Dêem-me exemplos de mamíferos".

Aluno(s): "A cobra, os pássaros".


Alguns minutos depois:

"Dêem-me exemplos de animais anfíbios".

Aluno: "O homem".


As minhas dúvidas oscilam entre: chorar, rir ou...fugir???

domingo, 15 de maio de 2011

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Compromise...

"[Alvy addresses a pair of strangers on the street]
Alvy Singer: Here, you look like a very happy couple, um, are you?
Female street stranger: Yeah.
Alvy Singer: Yeah? So, so, how do you account for it?
Female street stranger: Uh, I'm very shallow and empty and I have no ideas and nothing interesting to say.
Male street stranger: And I'm exactly the same way.
Alvy Singer: I see. Wow. That's very interesting. So you've managed to work out something?"

Annie Hall, de Woody Allen, 1977.

terça-feira, 10 de maio de 2011

O (outro) efeito borboleta...



(fonte: Google imagens)

"O Lupus é uma doença auto-imune, em que o sistema imune, que normalmente protege o nosso corpo, se vira contra si próprio e o ataca, provocando inflamação e alteração da função do sistema afectado.

A inflamação provoca dor, calor, vermelhidão (ou rubor) e inchaço (ou edema).

Não existe causa conhecida de Lupus e não existe cura para esta doença.

O Lupus é uma doença crónica (para toda a vida), ainda que existam fases de remissão (em que a doença se encontre “adormecida”, i.e., inactiva) e fases de surto (em que a doença reactiva).

A doença pode afectar muitos órgãos e sistemas diferentes (daí a denominação sistémica) e podem existir formas muito diferentes da doença (i.e., os sintomas variam de doente para doente e até, no mesmo doente, de período para período).

O Lupus tem um amplo leque de gravidade, podendo ter complicações muito graves, que exigem atenção urgente. No entanto, as terapêuticas actuais permitem dar à maior parte dos doentes uma boa qualidade de vida."

Associação de doentes com lupus. (http://www.lupus.pt/).

terça-feira, 26 de abril de 2011

Escape...



"(...) Don’t be afraid, just eat up all the gray

and it will fade all away."

domingo, 24 de abril de 2011

Da retórica da saudade...

"Paráfrase


Este poema começa por te comparar

com as constelações,

com os seus nomes mágicos

e desenhos precisos,

e depois

um jogo de palavras indica

que sem ti a astronomia

é uma ciência infeliz.

Em seguida, duas metáforas

introduzem o tema da luz

e dos contrastes

petrarquistas que existem

na mulher amada,

no refúgio triste da imaginação.


A segunda estrofe sugere

que a diversidade de seres vivos

prova a existência

de Deus

e a tua, ao mesmo tempo

que toma um por um

os atributos

que participam da tua natureza

e do espaço criador

do teu silêncio.


Uma hipérbole, finalmente,

diz que me fazes muita falta."


Pedro Mexia, Menos por Menos.

domingo, 10 de abril de 2011

A cor da voz...




"Sonhos de papel

Vamos andar de mãos dadas,
Por aí, pelo mar alto,
Pelas praias do sul de França,
Pelas dunas do Bairro Alto,
Neste desastre feliz
De tão perfeitos instantes
Dos teus sonhos de papel
De um tempo sem diamantes.
Quero pintar as paredes
Com a cor da tua voz…
Vamos andar de mãos dadas
O impossível somos nós.
Dá-me a mão
Vamos andar de mãos dadas
Para sempre, lado a lado,
Pelas ruas de Manhattan,
Pelos rios do Chiado,
Nesta loucura improvável
De encontrar a alma certa
Do lado esquerdo da cama
De uma casa deserta
Quero pintar as paredes
Com a cor da tua voz…
Vamos andar de mãos dadas
O impossível somos nós.”

Adriana.


O que é nacional é bom, já dizia o "reclame".

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Blue spirit...

F - "Teacher: espíirito azul é blue spirit, não é?"


Eu - "Sim, é isso mesmo!"


F - "Teacher, tu agora gostas de mim porque eu sei uma coisa que mais nenhum menino aqui da escola sabe."


A infância é mesmo "ouro sobre...azul".

quarta-feira, 30 de março de 2011

Repartir...

"havia um rapaz sem coração que tinha medo de não haver nada para lhe tapar aquele vazio. um dia, sem contar, um pássaro ali se pôs e fez ninho. o rapaz admirado, passou a andar mais hirto, lento, para não o fazer cair. sem contar, ouvindo o canto do belo ser, o rapaz pensou que, se tivesse coração, poderia amá-lo. o pássaro, apaixonado também, imitou o fogo.
havia um rapaz de fogo ao peito com medo de se apagar. havia quem dissesse que era fogo de voar, como um amor se elevava. um dia, tão quente no peito, o rapaz abriu a boca e sentiu o vento descer. tão veloz entrou que levou muita coisa de arrasto. de arrasto ali em surpresa entrou uma boa notícia.
havia um rapaz muito alto que, sem contar, e mesmo sem coração, recebeu uma notícia de que havia alguém para si. o rapaz de vento ao peito, por ser tão alto, ama a sua mulher e ainda se reparte por todos os corações."

Valter Hugo Mãe, Contabilidade.

domingo, 27 de março de 2011

sexta-feira, 25 de março de 2011

Beneath the wings...

Sometimes the heart's just a little boy,

feeling scared in the playground,

locked inside time,

watching other callow hearts playing.

Sometimes the heart just wants

to feel some wind beneath its wings.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Dia Mundial da Poesia

Porque a Primavera é também Poesia, decido homenagear as duas neste dia que partilham:


"O Poema original

Original é o poeta
que se origina a si mesmo
que numa sílaba é seta
noutra espasmo ou cataclismo
o que se atira ao poema
como se fosse ao abismo
e faz um filho às palavras
na cama do romantismo.
Original é o poeta
capaz de escrever em sismo.

Original é o poeta
de origem clara e comum
que sendo de toda a parte
não é de lugar algum.
O que gera a própria arte
na força de ser só um
por todos a quem a sorte
faz devorar em jejum.
Original é o poeta
que de todos for só um.

Original é o poeta
expulso do paraíso
por saber compreender
o que é o choro e o riso;
aquele que desce à rua
bebe copos quebra nozes
e ferra em quem tem juízo
versos brancos e ferozes.
Original é o poeta
que é gato de sete vozes.

Original é o poeta
que chega ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.

Esse que despe a poesia
como se fosse mulher
e nela emprenha a alegria
de ser um homem qualquer."

José Carlos Ary dos Santos.

terça-feira, 15 de março de 2011

That's for sure...





"I'm selfish, impatient and a little insecure. I make mistakes, I am out of control and at times hard to handle. But if you can't handle me at my worst, then you sure as hell don't deserve me at my best."

— Marilyn Monroe

sábado, 12 de março de 2011

Perfect match...

Quando um bom argumento encontra a melodia perfeita só poderia mesmo dar nisto:





How could I not fall in love for this?

quinta-feira, 10 de março de 2011

terça-feira, 8 de março de 2011

M...de Mulher

"O que eu sempre soube acerca das mulheres mas ainda asim tive de perguntar.

Tratam-nos mal mas querem que as tratemos bem. Apaixonam-se por serial-killers e depois queixam-se de que nem um postalinho. Escrevem que se desunham. Fingem acreditar nas nossas mentiras desde que tenhamos graça a pregá-las. Aceitam-nos e toleram-nos porque se acham superiores. São superiores. Não têm o gene da violência, embora seja melhor não as provocarmos. Perdoam facilmente mas nunca esquecem. Bebem cicuta ao pequeno-almoço e destilam mel ao jantar. Têm uma capacidade de entrega que até dói. São óptimas mães até que os filhos fazem dez anos, depois perdem o norte. Pelam-se por jogos eróticos mas com o sexo já depende. Têm dias. Têm noites. Conseguem ser tão calculistas e maldosas como qualquer homem, só que com muito mais nível. Inventaram o telemóvel ao volante. São corajosas e quando se lhes mete uma coisa na cabeça levam tudo à frente. Fazem-se de parvas porque o seguro morreu de velho e estão muito escaldadas. Fazem-se de inocentes e (milagre!) por esse acto de vontade tornam-se mesmo inocentes. Nunca perdem a capacidade de se deslumbrarem. Riem quando estão tristes, choram quando estão felizes. Não compreendem nada. Compreendem tudo. Sabem que o corpo é passageiro. Sabem que na viagem há que tratar bem o passageiro e que o amor é um bom fio condutor. Não são de confiança, mas até a mais infiel das mulheres é mais leal que o mais fiel dos homens. São tramadas. Comem-nos as papas na cabeça, mas depois levam-nos a colher à boca. A única coisa em nós que é para elas um mistério é a jantarada de amigos – elas quando jogam é para ganhar. E é tudo. Ah, não, há ainda mais uma coisa. Acreditam no Amor com A grande mas, para nossa sorte, contentam-se com pouco."

Rui Zink.
(Metro, 8 Março 2010)

P.S. Obrigada querida A. por me teres dado a conhecer este texto.

domingo, 6 de março de 2011

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Au delà du néant...

E no meio destes



há decisões que têm de ser tomadas...


(Imagem: Ana Vidigal, exposição Menina Limpa/Menina suja).

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

De vez em quando...



(Jardim Bordalo Pinheiro, Lx)


"Eu, no fundo, não invento nada. Sou apenas alguém que se limita a levantar uma pedra e a pôr à vista o que está por baixo. Não é minha culpa se de vez em quando me saem monstros."

José Saramago.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Da hipocrisia...



http://www.someecards.com/

E pronto, apesar da (relativa) anacronia, é isto que penso sobre este assunto.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Alvorada de emoções...




"Os "Urze de Lume" são uma banda de originais que utiliza instrumentos Tradicionais Portugueses como a Gaita-de-Fole Transmontana, a Caixa e o Bombo, transportando-os para novas abordagens musicais."

http://cultura.fnac.pt/Agenda/fnac-porto/fnac-sta-catarina/2011/1/2/urze-de-lume


Fui vê-los ao vivo que isto da cozedura das emoções tem de ser ou(vi)vido bem perto.
Sirvam-se. Atenção: lume (nada) brando.
Gosto!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

domingo, 30 de janeiro de 2011

Farmacologia...



Foto: Elliot Erwitt.


"Há pequenas impressões finas como um cabelo e que, uma vez desfeitas na nossa mente, não sabemos aonde elas nos podem levar. Hibernam, por assim dizer, nalgum circuito da memória e um dia saltam para fora, como se acabassem de ser recebidos. Só que, por efeito desse período de gestação profunda, alimentada ao calor do... sangue e das aquisições da experiência temperada de cálcio e de ferro e de nitratos, elas aparecem já no estado adulto e prontas a procriar. Porque as memórias procriam como se fossem pessoas vivas."

Agustina Bessa-Luís, in 'Antes do Degelo'


P.S. Obrigada F. por me teres dado a conhecer este maravilhoso excerto.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

It's all about the attitude...



in "Stuff No One Told Me About", http://wallump.com/snotm/

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Direito de "antena"

Resposta a um anúncio de emprego.

Resposta à letra, diga-se de passagem.



"Este anúncio foi publicado num famoso site de procura e oferta de

trabalho nacional. Um jovem recém-licenciado na área leu-o e achou que

devia responder à letra!

A Revista Visão de 16 de Julho publica um artigo sobre o jovem que

deu esta resposta!



A XXXXXXXXXX está a aceitar candidaturas para estágio na área de Design

Requisitos Académicos: Finalista ou recém-licenciada(o) em Design

Competências pessoais:

* Poder de comunicação;

* Iniciativa;

* Auto-motivação;

* Orientação para resultados;

* Capacidade de planeamento e organização;

* Criatividade

Competências técnicas:

Conhecimentos nos seguintes programas/linguagens

® Adobe Photoshop,

® InDesign,

® Illustrator (FreeHand e Corel Draw) Flash,

® Dreamweaver,

® Premiere,

® AfterEffects,

® SoundBooth,

® SoundForge,

® AutoCad,

® 3D StudioMax

® HTML (basic),

® ActionScript 2.0 (basic),

® CSS,

® XML.

Remuneração: Estágio Remunerado

Duração: 6 meses, com possibilidade de integração na equipa



Portanto, e resumindo, esta empresa quer um recém-licenciado que saiba

de origem 13 softwares e 4 linguagens de programação. Isto é o país em

que vivemos.

Não me ficando atrás perante esta pérola, decidi responder no mesmo

estilo. Eis o que lhes respondi:



Boa noite,

Estou a entrar em contacto para responder ao anúncio colocado no site

Carga de Trabalhos para a posição de estagiário em Design.

Chamo-me André Sousa, tenho 25 anos e sou um recém-licenciado em

Design de Equipamento (Fac. Belas Artes de Lisboa).

Sou extremamente comunicativo, transbordo iniciativa e auto-motivação,

estou constantemente orientado para os objectivos como uma bússola

para o Norte (magnético), sou mais planeado e organizado que o

Secretário de Estado de Planeamento e Organização e sou um diamante da

criatividade como já devem ter percebido e como vão poder comprovar

nas próximas linhas.

Quanto aos conhecimentos técnicos:

Sou um mestre em Adobe Photoshop.

Conheço o InDesign por dentro e por fora.

O Illustrator, Freehand, Corel e o Flash são os meus brinquedos do dia

a dia, faço o que quiser com eles.

Nem me ponham a falar do Dreamweaver, até de olhos fechados...

Premiere... Até sonho com ele!

AfterEffects tem um lugar especial no meu coração.

Faço umas coisas bem maradas com o SoundBooth e o SoundForge.

Com o Autocad e o 3d Studio Max até vos faço duvidar dos vossos próprios olhos.

Html, Action Script 2.0, CSS e XML são as linguagens do meu mundo.

Mas sejamos francos, qualquer estudante de 1º ano sabe de cor e

salteado qualquer um destes 13 softwares e 4 linguagens de

programação...

Eu sou um recém finalista. E como tal tenho muito mais para oferecer:

Tenho conhecimentos de Cinema 4D, Maya, Blender, Sketch Up e Paint ao

nível de guru.

Tenho conhecimentos mega-avançados de C+, C, C++, C+ ou -, Java,

JavaScript, Ruby on Rails, Ruby on Skates, MySQL, YourSQL,

Everyone'sSQL, Action Script 3.0, Drama Script 3.0, Comedy Strip 3.0 e

Strip Tease 2.5, Ajax, Vanish Oxi Action, Oracle, Sonasol, XHTML,

Batman e VisualBasic.

Conheço o Office todo de trás pra frente assim como o Microsoft WC.

Domino o Flex ao nível do Bill Gates e mexo no Final Cut Pro melhor

que o Steven Spielberg.

Tenho ainda conhecimentos de grande amplitude em 4 softwares que estão

a ser desenvolvidos por grandes marcas e também de 3 outros softwares

que ainda não foram inventados.

Falo 17 línguas, 5 das quais já estão mortas e 6 dialectos de povos

indígenas por descobrir.

Com estes conhecimentos todos estou super interessado num estágio

porque acho que ainda tenho muito para aprender e experiência para

ganhar. Espero que ao fim de 6 meses tenha estofo suficiente para

poder fazer parte da vossa equipa e quem sabe liderá-la.

Fico ansiosamente à espera de uma resposta vossa.

Embora tenha uma oportunidade de emprego na NASA e outra no CERN

espero mesmo poder fazer parte da vossa equipa.



Cumprimentos,

A. S.



PS: Com um anúncio desses, a pedir o que pedem a um recém-licenciado,

é uma resposta destas que merecem. Peço desculpa se feri

susceptibilidades mas não me consegui conter."

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Alfabeto

¶ Achas que nunca vais entender uma mulher?

Pedro Mexia: Nem o Dr. Freud entendeu, não vou ser eu com certeza que vou conseguir. Estamos a falar da diferença entre o alfabeto romano e o cirílico. ¶

in "Alice", nº 5, Janeiro / Fevereiro 2011.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Rir não é o melhor remédio, é o único...




A crise também já chegou aos nomes...