"(...) Joana
Queima o cavalo de Tróia, meu querido. Esquece os sonhos quando acordares do sonho, esquece o medo quando estiveres com medo, nós estamos nisto juntos e, como tu dizes do teu Deus, se não há liberdade não há mérito. Vamos viver a liberdade sem cavalos nem medos nem códigos.
Vasco
Não são ciúmes, percebes? O ciúme é um medo.
Joana
Não tenhas medo.
Vasco
E o cavalo de Tróia não é uma teoria minha, é uma imagem, uma imagem que apareceu, uma imagem triste e perversa e livresca, mas eu queimo o cavalo se o queimares comigo, queimo até Tróia, se tu a queimares comigo.
Joana
Queimas Tróia? Mas nós não vivemos em Tróia?
Vasco
Não, minha querida. Nós vivemos no mundo."
Nada de dois, Pedro Mexia, edições Tinta da China, 2009.
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
sábado, 26 de dezembro de 2009
Titanic televisivo...
Sabemos que o nosos panorama televisivo está muito doente (na fase dos cuidados paliativos mesmo) quando na noite de Natal, assistimos a esse espectáculo deprimente que é ver o Manuel Serrão a cantar canções Natalícias com um gorro de "Pai Natal" na cabeça.
Batemos no fundo, meus amigos, batemos bem lá no fundo.
Batemos no fundo, meus amigos, batemos bem lá no fundo.
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Xmas top
5 things I don't like about Xmas:
- Ter ficado ontem 1h/15m na fila à espera do "Tronco de Natal" na Confeitaria Nacional, que by the way, já estava encomendado há mais de uma semana. Afinal a palavra encomendado não significa que tendo já sido o pedido efectuado o doce já esteja, efectivamnete, pronto...inocência minha...assim quem lá vai é brindado com todo o complexo processo de procura do doce pedido, pesagem e embrulho do mesmo. Deste modo, cada cliente espera uns bons 70 a 80 minutos até chegar à sua vez e depois é ainda brindado com 15 minutos de pura contemplação decorativa.
Afinal trata-se da Confeitaria Nacional, reputada pastelaria da nossa praça (da Figueira) e "eles" lá não brincam.
Só com a nossa paciência...e a carteira, claro.
- Ter de ir levar as cerca de 3,5 toneladas de lixo sob chuva-que-molha-parvos-e-todos-os-que-se-atravessam-no-seu-caminho (sendo que eu encorporo as duas vertentes).
- Alancar com uns 5kgs de massa calórica de doces no lombo. E quando estou descadeirada com o peso do saco ouvir a senhora da loja dizer: "Ah mas a menina vai ter de cá voltar porque esse é o saco mais pequeno, há ainda aqui outro e esse tem de levar mesmo direitinho, não se pode mexer muito senão o doce verte". Ora é mesmo isso que me oprime...impedir a minha própria locomação pois tenho um fiozinho de doce que pode verter...não vá eu ferir os sentimentos da "sericaia" (ou doce que o valha!). Agora como posso não me mexer e o doce chegar a casa, isso é que é um grande mistério para mim...
- Ver a programação de Natal e chorar mais que a ver o "Bambi".
- E last but not the least, isto...que me tira do sério:
Do mais útil que há, como já aqui disse...
E agora para "desenjoar":
My favourites this Xmas:
- Ter ficado ontem 1h/15m na fila à espera do "Tronco de Natal" na Confeitaria Nacional, que by the way, já estava encomendado há mais de uma semana. Afinal a palavra encomendado não significa que tendo já sido o pedido efectuado o doce já esteja, efectivamnete, pronto...inocência minha...assim quem lá vai é brindado com todo o complexo processo de procura do doce pedido, pesagem e embrulho do mesmo. Deste modo, cada cliente espera uns bons 70 a 80 minutos até chegar à sua vez e depois é ainda brindado com 15 minutos de pura contemplação decorativa.
Afinal trata-se da Confeitaria Nacional, reputada pastelaria da nossa praça (da Figueira) e "eles" lá não brincam.
Só com a nossa paciência...e a carteira, claro.
- Ter de ir levar as cerca de 3,5 toneladas de lixo sob chuva-que-molha-parvos-e-todos-os-que-se-atravessam-no-seu-caminho (sendo que eu encorporo as duas vertentes).
- Alancar com uns 5kgs de massa calórica de doces no lombo. E quando estou descadeirada com o peso do saco ouvir a senhora da loja dizer: "Ah mas a menina vai ter de cá voltar porque esse é o saco mais pequeno, há ainda aqui outro e esse tem de levar mesmo direitinho, não se pode mexer muito senão o doce verte". Ora é mesmo isso que me oprime...impedir a minha própria locomação pois tenho um fiozinho de doce que pode verter...não vá eu ferir os sentimentos da "sericaia" (ou doce que o valha!). Agora como posso não me mexer e o doce chegar a casa, isso é que é um grande mistério para mim...
- Ver a programação de Natal e chorar mais que a ver o "Bambi".
- E last but not the least, isto...que me tira do sério:
Do mais útil que há, como já aqui disse...
E agora para "desenjoar":
My favourites this Xmas:
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Portugueses e seus derivados...
Se há coisa em que nós portugueses somos bons é a “derivar”. Derivamos e desembocamos em quase tudo. Ouso até afirmar que se há expressão que funcione como baluarte da vox pop é esta: “derivado”. Tudo está mal “derivado” do governo não criar postos de trabalho, “derivado” dos lá da União Europeia, “derivado” da crise, “derivado” do tempo, “ e claro tudo está mal – e como não há como estabelecer prioridades – “derivado” do Benfica não ganhar o campeonato desde 2005.
Chega a ser enternecedor a quantidade de coisas que derivam, sobretudo porque, no fundo, o que queremos é estabelecer uma relação causa/consequência. Mas semântica para quê quando podemos assassinar a língua de forma continuada?
Deste modo, não é devido à crise ao mau tempo ou até aos maus treinadores (sim, pois como se sabe, a culpa é sempre do treinador, funciona como o mordomo nos romances policiais) que este país “está como está” (outra expressão querida para nós).
Como está não sei bem, afinal “derivado” ao muito trabalho que tenho, perco muito do meu tempo a trabalhar para criar melhores condições de vida para mim e os que me são próximos do que a queixar-me sobre o grau de desgraça que assola o meu país. Mas isto sou eu que tenho a estranha mania de me meter na minha vida. Enfim...opções inusitadas.
Sendo que as “coisas andam de mal a pior” (mais uma expresso recorrente) causa-me algum pasmo continuar a ver a corrida às lojas, a sofreguidão com que se frequentam estabelecimentos acabados de inaugurar ou a manutenção de excelentes hábitos de poupança como são tomar o pequeno-almoço fora todos os dias da semana ou guardar religiosamente todos os talões, cupões e “outras complicações” de desconto para em seguida se ir tomar a “bica” regada com o “cheirinho” do costume para “forrar” o estômago (ainda estou para saber como “forrar” o estômago com álcool contribui para uma santa digestão).
Se notarem neste tipo de discurso ou prática alguma inconsistência será mera coincidência pois, nestes casos, coerência é pura ficção.
E, no entanto, é desta riqueza incoerente de que somos feitos. E como diz o anúncio, poderia ser tudo diferente, poderia, mas não era a mesma coisa.
Vanessa Limpo
in "Expresso Sem Mais", edição de dia 19 de Dezembro de 2009.
Chega a ser enternecedor a quantidade de coisas que derivam, sobretudo porque, no fundo, o que queremos é estabelecer uma relação causa/consequência. Mas semântica para quê quando podemos assassinar a língua de forma continuada?
Deste modo, não é devido à crise ao mau tempo ou até aos maus treinadores (sim, pois como se sabe, a culpa é sempre do treinador, funciona como o mordomo nos romances policiais) que este país “está como está” (outra expressão querida para nós).
Como está não sei bem, afinal “derivado” ao muito trabalho que tenho, perco muito do meu tempo a trabalhar para criar melhores condições de vida para mim e os que me são próximos do que a queixar-me sobre o grau de desgraça que assola o meu país. Mas isto sou eu que tenho a estranha mania de me meter na minha vida. Enfim...opções inusitadas.
Sendo que as “coisas andam de mal a pior” (mais uma expresso recorrente) causa-me algum pasmo continuar a ver a corrida às lojas, a sofreguidão com que se frequentam estabelecimentos acabados de inaugurar ou a manutenção de excelentes hábitos de poupança como são tomar o pequeno-almoço fora todos os dias da semana ou guardar religiosamente todos os talões, cupões e “outras complicações” de desconto para em seguida se ir tomar a “bica” regada com o “cheirinho” do costume para “forrar” o estômago (ainda estou para saber como “forrar” o estômago com álcool contribui para uma santa digestão).
Se notarem neste tipo de discurso ou prática alguma inconsistência será mera coincidência pois, nestes casos, coerência é pura ficção.
E, no entanto, é desta riqueza incoerente de que somos feitos. E como diz o anúncio, poderia ser tudo diferente, poderia, mas não era a mesma coisa.
Vanessa Limpo
in "Expresso Sem Mais", edição de dia 19 de Dezembro de 2009.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Perfectionism
April - "Tell me the truth, Frank. Remember that?
We used to live by it. And do you know what's so good about the truth?
Everyone knows what it is, however long they've lived without it.
No one forgets the truth, Frank, they just get better at lying."
(itálico meu).
Fala de April para o seu marido, Frank retirada do filme "Revolutinary Road", de Sam Mendes, com Kate Winslet e Leonardo DiCaprio, 2008.
We used to live by it. And do you know what's so good about the truth?
Everyone knows what it is, however long they've lived without it.
No one forgets the truth, Frank, they just get better at lying."
(itálico meu).
Fala de April para o seu marido, Frank retirada do filme "Revolutinary Road", de Sam Mendes, com Kate Winslet e Leonardo DiCaprio, 2008.
sábado, 5 de dezembro de 2009
Eterno sem nunca, talvez...
(Desconfio sempre de montagens que substituem os vídeos mas como creio que a canção vale muito a pena, cá vai o vídeo possível).
"Há amor amigo
Amor rebelde
Amor antigo
Amor de pele
Há amor tão longe
Amor distante
Amor de olhos
Amor de amante
Há amor de Inverno
Amor de Verão
Amor que rouba
Como um ladrão
Há amor passageiro
Amor não amado
Amor que aparece
Amor descartado
Ha amor despido
Amor ausente
Amor de corpo
E sangue, bem quente
Há amor adulto
Amor pensado
Amor sem insulto
Mas nunca, nunca tocado
Há amor secreto
De cheiro intenso
Amor tao próximo
Amor de incenso
Há amor que mata
Amor que mente
Amor que nada, mas nada
Te faz contente, me faz contente
Há amor tão fraco
Amor não assumido
Amor de quarto
Que faz sentido
Há amor eterno
Sem nunca, talvez
Amor tão certo
Que acaba de vez
Há amor de certezas
Que nao trará dor
Amor que afinal
é amor,
Sem amor
O amor é tudo,
Tudo isto
E nada disto
Para tanta gente
e acabar de maneira igual
E recomecar
Um amor diferente
Sempre, para sempre
Para sempre"
"Sempre para sempre", Donna Maria.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Da gratidão
Dona L: "Professora, ontem esqueci-me mas hoje já está, quando quiser pode ir ao bar e pedir o cafézinho que já paguei para si."
Eu: "Oh Dona L. não é preciso, já tem as suas despesas, agora andar-me a pagar cafés...obrigada, é uma querida".
E é mesmo. Pena a vida continuar a não lhe devolver o troco que merece.
É que o preço da generosidade e doçura está mal cotado no mercado da gratidão.
E isso não há café que pague.
Eu: "Oh Dona L. não é preciso, já tem as suas despesas, agora andar-me a pagar cafés...obrigada, é uma querida".
E é mesmo. Pena a vida continuar a não lhe devolver o troco que merece.
É que o preço da generosidade e doçura está mal cotado no mercado da gratidão.
E isso não há café que pague.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Técnicas para um homem satisfazer por completo a sua parceira...
Não resisto a publicar aqui, apesar de já ter reencaminhado, por e-mail, para meio (do meu) mundo...
"Técnica nº1: Mãos Molhadas
Sim, a técnica das mãos molhadas. Certamente a mais popular entre as mulheres. Tão simples. Tão excitante. Você vai deixá-la sem fôlego:
Faça a sua mulher sentar-se numa cadeira confortável na cozinha. Certifique-se que ela consegue ver muito bem tudo que você faz.
Encha a pia da banca da cozinha com água e adicione algumas gotas de detergente para louça com aroma. (Existem muitos aromas que podem ser utilizados -maçã, limão, lavanda - escolha o que quiser. Se estiver em dúvida, experimente o 'neutro').
Pegue numa esponja macia, submerja as mãos na água e sinta sua pele ser envolvida pelo líquido até que a esponja esteja bem molhada.
Agora, movendo-se devagar e gentilmente, pegue num prato sujo do jantar, coloque-o dentro da pia e esfregue a esponja em toda a superfície do prato. Vá esfregando com movimentos circulares até que o prato esteja limpo.
Enxagúe o prato com água limpa e coloque-o a secar. Repita com toda a louça do jantar até que sua parceira esteja extasiada de prazer.
Técnica nº2: Vibrando pela Sala
Esta técnica utiliza o que para muitas mulheres é considerado um "brinquedinho". É um pouco mais difícil do que a primeira, mas com algum treino vai fazer com que sua parceira grite de prazer.
Cuidadosamente pegue no aspirador do lugar onde ele fica guardado. Seja gentil, demonstre a ela que sabes o que está a fazer.
Liga-o á tomada, aperte os botões certos na ordem correcta.
Vagarosamente vá se movendo para frente e para trás, para frente e para trás... Por toda a carpete da sala. Saberá quando deve passar para uma nova área.
Vá mudando gradativamente de lugar. Repita quantas vezes seja necessário até atingir os resultados.
Técnica n°3: A camisola Molhada
Este joguinho é bem fácil, embora precise de mente rápida e reflexos certeiros. Se você for capaz de administrar correctamente a agitação e a vibração do processo, a sua parceira falará de sua performance a todas as amigas dela.
Você precisará de duas pilhas de roupas sujas. Uma com as roupas brancas, e outra com as coloridas.
Vá deitando gentilmente o detergente e amaciador dentro dela (para deixar a mulher ofegante, use exactamente a quantidade recomendada pelo fabricante).
Agora, sensualmente coloque as roupas brancas na máquina... uma de cada vez.... Devagar. Feche a tampa e ligue o 'ciclo completo'.
Enquanto você vê sua companheira babar de desejo por você, essa é uma óptima oportunidades para pôr em prática a Técnica nº2.
No fim do ciclo, retire as roupas da máquina e estenda-as para secar. Repita a operação com as roupas coloridas.
Atenção: Se nesse ponto ela começar a gritar algo como: - "Sim! Sim! Ai! Isso! Ai mesmo! Oh meu Deus! Não pára! Não pára!" Não pare. Continue até que ela esteja exausta de prazer.
Técnica nº4: O que sobe, desce
Esta é uma técnica muito rapidinha. Para aqueles momentos em que você quer surpreendê-la com um toque de satisfação e felicidade. Pode ter certeza, ela não vai resistir.
Ao ir ao WC, levante o assento da sanita. Ao terminar, baixe novamente.
Se o rolo do papel higiénico acabou, substitua por outro, colocando-o no sítio respectivo.
Faça todas as vezes.
Ela vai precisar de atendimento médico de tanto prazer.
Técnica nº5: Gratificação Total
Cuidado: colocar em prática esta técnica pode levar a sua companheira a um tal estado de sublimação que será difícil depois acalmá-la, podendo causar riscos irreversíveis na saúde da mulher.
Esta técnica leva algum tempo para aperfeiçoar. Empenhe-se com afinco. Experimente sozinho algumas vezes durante a semana e tente surpreendê-la numa sexta-feira à noite. Funciona melhor se ela trabalha até tarde, ou não tem hora certa de saída do emprego e chega cansada a casa.
Aprenda a fazer uma refeição completa. Seja bom nisso.
Quando ela chegar a casa, convença-a a tomar um banho relaxante (de preferência aromático numa banheira de água morna que você já preparou).
Enquanto ela está lá, termine o jantar que você já adiantou antes dela chegar em casa.
Após ela estar relaxada pelo banho e saciada pelo jantar, proceda com a Técnica nº1.
Preste atenção nela pois o estado de satisfação será extremamente alto, podendo causar coma repentino."
"Técnica nº1: Mãos Molhadas
Sim, a técnica das mãos molhadas. Certamente a mais popular entre as mulheres. Tão simples. Tão excitante. Você vai deixá-la sem fôlego:
Faça a sua mulher sentar-se numa cadeira confortável na cozinha. Certifique-se que ela consegue ver muito bem tudo que você faz.
Encha a pia da banca da cozinha com água e adicione algumas gotas de detergente para louça com aroma. (Existem muitos aromas que podem ser utilizados -maçã, limão, lavanda - escolha o que quiser. Se estiver em dúvida, experimente o 'neutro').
Pegue numa esponja macia, submerja as mãos na água e sinta sua pele ser envolvida pelo líquido até que a esponja esteja bem molhada.
Agora, movendo-se devagar e gentilmente, pegue num prato sujo do jantar, coloque-o dentro da pia e esfregue a esponja em toda a superfície do prato. Vá esfregando com movimentos circulares até que o prato esteja limpo.
Enxagúe o prato com água limpa e coloque-o a secar. Repita com toda a louça do jantar até que sua parceira esteja extasiada de prazer.
Técnica nº2: Vibrando pela Sala
Esta técnica utiliza o que para muitas mulheres é considerado um "brinquedinho". É um pouco mais difícil do que a primeira, mas com algum treino vai fazer com que sua parceira grite de prazer.
Cuidadosamente pegue no aspirador do lugar onde ele fica guardado. Seja gentil, demonstre a ela que sabes o que está a fazer.
Liga-o á tomada, aperte os botões certos na ordem correcta.
Vagarosamente vá se movendo para frente e para trás, para frente e para trás... Por toda a carpete da sala. Saberá quando deve passar para uma nova área.
Vá mudando gradativamente de lugar. Repita quantas vezes seja necessário até atingir os resultados.
Técnica n°3: A camisola Molhada
Este joguinho é bem fácil, embora precise de mente rápida e reflexos certeiros. Se você for capaz de administrar correctamente a agitação e a vibração do processo, a sua parceira falará de sua performance a todas as amigas dela.
Você precisará de duas pilhas de roupas sujas. Uma com as roupas brancas, e outra com as coloridas.
Vá deitando gentilmente o detergente e amaciador dentro dela (para deixar a mulher ofegante, use exactamente a quantidade recomendada pelo fabricante).
Agora, sensualmente coloque as roupas brancas na máquina... uma de cada vez.... Devagar. Feche a tampa e ligue o 'ciclo completo'.
Enquanto você vê sua companheira babar de desejo por você, essa é uma óptima oportunidades para pôr em prática a Técnica nº2.
No fim do ciclo, retire as roupas da máquina e estenda-as para secar. Repita a operação com as roupas coloridas.
Atenção: Se nesse ponto ela começar a gritar algo como: - "Sim! Sim! Ai! Isso! Ai mesmo! Oh meu Deus! Não pára! Não pára!" Não pare. Continue até que ela esteja exausta de prazer.
Técnica nº4: O que sobe, desce
Esta é uma técnica muito rapidinha. Para aqueles momentos em que você quer surpreendê-la com um toque de satisfação e felicidade. Pode ter certeza, ela não vai resistir.
Ao ir ao WC, levante o assento da sanita. Ao terminar, baixe novamente.
Se o rolo do papel higiénico acabou, substitua por outro, colocando-o no sítio respectivo.
Faça todas as vezes.
Ela vai precisar de atendimento médico de tanto prazer.
Técnica nº5: Gratificação Total
Cuidado: colocar em prática esta técnica pode levar a sua companheira a um tal estado de sublimação que será difícil depois acalmá-la, podendo causar riscos irreversíveis na saúde da mulher.
Esta técnica leva algum tempo para aperfeiçoar. Empenhe-se com afinco. Experimente sozinho algumas vezes durante a semana e tente surpreendê-la numa sexta-feira à noite. Funciona melhor se ela trabalha até tarde, ou não tem hora certa de saída do emprego e chega cansada a casa.
Aprenda a fazer uma refeição completa. Seja bom nisso.
Quando ela chegar a casa, convença-a a tomar um banho relaxante (de preferência aromático numa banheira de água morna que você já preparou).
Enquanto ela está lá, termine o jantar que você já adiantou antes dela chegar em casa.
Após ela estar relaxada pelo banho e saciada pelo jantar, proceda com a Técnica nº1.
Preste atenção nela pois o estado de satisfação será extremamente alto, podendo causar coma repentino."
sábado, 28 de novembro de 2009
O papel do Natal
Para quem pensa que venho aqui falar sobre o espírito natalício (seja presente, passado ou futuro numa perspectiva “Dickensniana” que aqui ficaria muito bem e daria não mais mas algum estatuto a esta crónica) ou das prendas, das luzes e demais decorações alusivas à quadra que se aproxima, desengane-se. Não vou versar sobre nada disso.
Vou falar de algo que a cada ano que passa, ganha maior relevância na lista de compras natalícias, algo que apesar da sua inegável utilidade, quando associado à temática do Natal, ganha um estatuto de adorno. E, como sabemos, o adorno é, por definição, algo…como dizê-lo… inútil, supérfluo.
Falo, obviamente, do papel higiénico com motivos natalícios. E já sei que os fãs da “Hello Kitty” e desenhos animados afins que depois são explorados até à exaustão (tanto decorativa como económica) estarão contra esta minha visão detractora do papel higiénico natalício. O fãs e consumidores ávidos “Kittyanos” certamente têm uma “Kitty” natalícia em cada divisão da casa e davam os dedos mindinhos das mãos para que houvesse um papel higiénico da “Kitty” (se não houver mesmo!).
Todavia, analisemos esta problemática a fundo: o papel higiénico tem uma função clara, específica e na maior parte das vezes, eficaz. Regra geral nem nos lembramos da sua importância no nosso quotidiano, senão quando está em falta (é o papel higiénico e os fósforos, mas isso ficará para outra altura, mas pensem nisso...casa sem fósforos…).
Ora se não nos lembramos que o usamos tanto é porque é suposto não nos lembrarmos, afinal está ligado a algo que não é agradável mas que tem de ser feito, daí ser designado de necessidade. Não há necessidade, contudo, de decorar com motivos natalícios, cores, ou padrões algo que terá menos tempo de “vida” que uma Efémera. Comprar rolos de papel higiénico dessa natureza denigre, viola até o estatuto utilitário e altamente perecível que esta ferramenta de limpeza humana acarreta. Já para não dizer que não faz absolutamente qualquer sentido.
Numa época de contenção, em que facilmente se entra em overdose de uso de cupões, talões de desconto e “outras complicações”, creio ser absolutamente dispensável o recurso a algo que não só é mais dispendioso como não abona nada pelo espírito do Natal. Não creio que o “Pai Natal” fique mais orgulhoso por isso, ou que gostasse de ver o seu nome associado a algo cujo propósito é ímpio.
Já sei que me vão dizer que essa premissa é ridícula pois o “Pai Natal” não existe. Mas ridículo por ridículo, prefiro acreditar no efeito positivo que a personagem tem entre as crianças que na utilidade de um rolo de papel forrado a vermelho e com estrelas a brilhar. E que irá para o lixo daí a escassos minutos.
Ridículo, não?
Vanessa Limpo
in "Expresso Sem Mais", edição de 28 de Novembro de 2009.
Vou falar de algo que a cada ano que passa, ganha maior relevância na lista de compras natalícias, algo que apesar da sua inegável utilidade, quando associado à temática do Natal, ganha um estatuto de adorno. E, como sabemos, o adorno é, por definição, algo…como dizê-lo… inútil, supérfluo.
Falo, obviamente, do papel higiénico com motivos natalícios. E já sei que os fãs da “Hello Kitty” e desenhos animados afins que depois são explorados até à exaustão (tanto decorativa como económica) estarão contra esta minha visão detractora do papel higiénico natalício. O fãs e consumidores ávidos “Kittyanos” certamente têm uma “Kitty” natalícia em cada divisão da casa e davam os dedos mindinhos das mãos para que houvesse um papel higiénico da “Kitty” (se não houver mesmo!).
Todavia, analisemos esta problemática a fundo: o papel higiénico tem uma função clara, específica e na maior parte das vezes, eficaz. Regra geral nem nos lembramos da sua importância no nosso quotidiano, senão quando está em falta (é o papel higiénico e os fósforos, mas isso ficará para outra altura, mas pensem nisso...casa sem fósforos…).
Ora se não nos lembramos que o usamos tanto é porque é suposto não nos lembrarmos, afinal está ligado a algo que não é agradável mas que tem de ser feito, daí ser designado de necessidade. Não há necessidade, contudo, de decorar com motivos natalícios, cores, ou padrões algo que terá menos tempo de “vida” que uma Efémera. Comprar rolos de papel higiénico dessa natureza denigre, viola até o estatuto utilitário e altamente perecível que esta ferramenta de limpeza humana acarreta. Já para não dizer que não faz absolutamente qualquer sentido.
Numa época de contenção, em que facilmente se entra em overdose de uso de cupões, talões de desconto e “outras complicações”, creio ser absolutamente dispensável o recurso a algo que não só é mais dispendioso como não abona nada pelo espírito do Natal. Não creio que o “Pai Natal” fique mais orgulhoso por isso, ou que gostasse de ver o seu nome associado a algo cujo propósito é ímpio.
Já sei que me vão dizer que essa premissa é ridícula pois o “Pai Natal” não existe. Mas ridículo por ridículo, prefiro acreditar no efeito positivo que a personagem tem entre as crianças que na utilidade de um rolo de papel forrado a vermelho e com estrelas a brilhar. E que irá para o lixo daí a escassos minutos.
Ridículo, não?
Vanessa Limpo
in "Expresso Sem Mais", edição de 28 de Novembro de 2009.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Muito riso para se manter o (pouco) siso
E lá teve de ser, it was a dirty job but someone had to do it...lá tive de ir, na melhor das companhias possíveis. O Maxime lá estava, trajado na sua mística de antigo cabaret, o público expectante e eu claro, já a preparar os músculos abdominais para o que sabia que haveria de ser uma barrigada de riso.
E não é que foi?? When it comes to good laughs, tradition still is what it used to be. E isso dá, além de muito exercício abdominal, um quentinho cá dentro.
Qual elcasei imunitas qual quê...uma gargalhada por dia, isso sim, nem sabe o bem que lhe fazia.
E a sanidade mental agradece.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
E quando pensamos que já nada nos surpreende...
E porque as surpresas nunca são demais ou acabam. Porque a realidade supera em muito a ficção, cá vai mais uma pérola do nosso Portugal: fiquei a saber através de uma amiga que há conjuntos ou jogos (gosto muito mais da expressão jogos, dá um ar lúdico à coisa) de mesa e até de casa de banho com o rosto de Nossa Senhora de Fátima...
Repito: Nossa Senhora e casa de banho na mesma frase...Estao a imaginar uma imagem da Nossa Senhora estampada ao lado de um bidet???
Pois, pensem nisso.
Impressão minha ou para além de pirosíssimo, é a melhor forma de invocar o espírito do "Diácono Remédios" no seu grau máximo de censurazzzzzz...?
É que, ó meuszzzz amigoszzzz, não havia mesmo "nexexidadezzz".
(Bola no canto superior direito da página do blog já e o Diácono a passar em loop mode!).
Repito: Nossa Senhora e casa de banho na mesma frase...Estao a imaginar uma imagem da Nossa Senhora estampada ao lado de um bidet???
Pois, pensem nisso.
Impressão minha ou para além de pirosíssimo, é a melhor forma de invocar o espírito do "Diácono Remédios" no seu grau máximo de censurazzzzzz...?
É que, ó meuszzzz amigoszzzz, não havia mesmo "nexexidadezzz".
(Bola no canto superior direito da página do blog já e o Diácono a passar em loop mode!).
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Sugestões para upgrading televisivo...ou então, não.
De forma a continuar a inenarrável perpertuação de "Danças comigo" que a RTP inisiste em emitir, venho por este meio apresentar algumas das minhas sugestões para novas edições.
(NOTA: Sugestões que foram alvo de certificação junto do mais alto comissariado para os atentatos ao bom nome da comunicação social.)
- Dança comigo no elevador do metro.
- Dança comigo na fila do supermercado (se for no Pingo Doce do Rossio, tanto melhor, pois seja a que horas for Portugal inteiro e ilhas decide lá ir).
- Dança comigo na carreira 28 do eléctrico em hora de ponta (esta só para kamikazes).
- Dança comigo na Calçada de Carriche (a qualquer hora do dia serve, é sempre mau).
- Dança comigo à beira de um penhasco (aqui aconselho sempre a perspectiva de ousar e tentar dar o salto).
- Dança comigo numa cabine telefónica.
- Dança comigo numa jaula com leões patrocinada pelo Circo Chen.
- Dança comigo e com um faquir.
- Dança comigo e parte uma perna (coreografia orientada por Nuno Markl).
E, last but not the least, dança comigo num tanque submerso em água, estando preso por um colete de forças. (Patrocínio de Luís de Matos)
P.s. O colete de forças é para manter MESMO...é que o programa é de e para loucos!
(NOTA: Sugestões que foram alvo de certificação junto do mais alto comissariado para os atentatos ao bom nome da comunicação social.)
- Dança comigo no elevador do metro.
- Dança comigo na fila do supermercado (se for no Pingo Doce do Rossio, tanto melhor, pois seja a que horas for Portugal inteiro e ilhas decide lá ir).
- Dança comigo na carreira 28 do eléctrico em hora de ponta (esta só para kamikazes).
- Dança comigo na Calçada de Carriche (a qualquer hora do dia serve, é sempre mau).
- Dança comigo à beira de um penhasco (aqui aconselho sempre a perspectiva de ousar e tentar dar o salto).
- Dança comigo numa cabine telefónica.
- Dança comigo numa jaula com leões patrocinada pelo Circo Chen.
- Dança comigo e com um faquir.
- Dança comigo e parte uma perna (coreografia orientada por Nuno Markl).
E, last but not the least, dança comigo num tanque submerso em água, estando preso por um colete de forças. (Patrocínio de Luís de Matos)
P.s. O colete de forças é para manter MESMO...é que o programa é de e para loucos!
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Lá fora há lugar
"Sinto o sangue dar-me a volta
sinto a vida andar à solta
Desdobro o mapa e vejo o tempo em movimento
Descubro o espaço, apago a luz do apartamento
- Deixo a noite nascer...
Eu investigo, não invisto em qualquer estrela
Quem me repara a alma
Se eu der cabo dela
- Solto quem me prender
Lá fora há lugar
À espera de mim
Sereno, sincero
Ninguem me afoga a fonte de cada momento
Ninguem me enterra a raiz do pensamento
Ouço as penas voar...
Sacudo o saco do segundo que demora
Enchi saco, eu só quero é ir-me embora
deixo as asas dançar...
Lá fora um lugar à espera de mim
Despido, desperto
Bebo o fogo, racho tábuas
Furo os ventos, rasgo as águas".
Jorge Palma.
Uma vez mais, obrigada A. Se a gratidão se pagar com (boas) conversas, então que a dívida não se salde nunca.
sinto a vida andar à solta
Desdobro o mapa e vejo o tempo em movimento
Descubro o espaço, apago a luz do apartamento
- Deixo a noite nascer...
Eu investigo, não invisto em qualquer estrela
Quem me repara a alma
Se eu der cabo dela
- Solto quem me prender
Lá fora há lugar
À espera de mim
Sereno, sincero
Ninguem me afoga a fonte de cada momento
Ninguem me enterra a raiz do pensamento
Ouço as penas voar...
Sacudo o saco do segundo que demora
Enchi saco, eu só quero é ir-me embora
deixo as asas dançar...
Lá fora um lugar à espera de mim
Despido, desperto
Bebo o fogo, racho tábuas
Furo os ventos, rasgo as águas".
Jorge Palma.
Uma vez mais, obrigada A. Se a gratidão se pagar com (boas) conversas, então que a dívida não se salde nunca.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
O lixo dos dias...
A Dona L. trabalha lá na escola. É um daqueles seres quase invisíveis. Não pelo o espaço que ocupa (o do seu coração não cabe no nosso espaço, o espaço teve de se reinventar para saber acolher tanta candura) mas pelo o trabalho que desempenha.
Limpa, varre, colhe o lixo do chão e dos dias.
Sempre com um sorriso. Sempre educada.
Custa-lhe fazer o que faz, não porque a envergonhe. Desde cedo soube o duro preço que ganhar o pão da vida tem e a rudeza do que faz não se confunde com o brio com que se lhe dedica. Trabalho é substantivo comum para ela. Abstractos talvez só os tempos livres.
Desço e subo as escadas. Passo pelos corredores. Lá esta ela, sentinela de chão e paredes. É daquelas pessoas que, num olhar, sabemos ler de um só trago. Não tem um pingo de maldade em si.
A vida foi e é dura para ela. Não se queixa das dores nas costas que deve sentir, das horas a fio que trabalha, do esforço físico que o seu trabalho implica.
E, por isso, ganhei o meu dia quando me disse: "Olá, olha é a professora simpática, como está?".
Digo-lhe que o seu nome é o nome que daria a uma filha. E todo o seu rosto se ilumina. Sorri. E a sua doçura, sorri lá dentro, com ela.
Limpa, varre, colhe o lixo do chão e dos dias.
Sempre com um sorriso. Sempre educada.
Custa-lhe fazer o que faz, não porque a envergonhe. Desde cedo soube o duro preço que ganhar o pão da vida tem e a rudeza do que faz não se confunde com o brio com que se lhe dedica. Trabalho é substantivo comum para ela. Abstractos talvez só os tempos livres.
Desço e subo as escadas. Passo pelos corredores. Lá esta ela, sentinela de chão e paredes. É daquelas pessoas que, num olhar, sabemos ler de um só trago. Não tem um pingo de maldade em si.
A vida foi e é dura para ela. Não se queixa das dores nas costas que deve sentir, das horas a fio que trabalha, do esforço físico que o seu trabalho implica.
E, por isso, ganhei o meu dia quando me disse: "Olá, olha é a professora simpática, como está?".
Digo-lhe que o seu nome é o nome que daria a uma filha. E todo o seu rosto se ilumina. Sorri. E a sua doçura, sorri lá dentro, com ela.
domingo, 15 de novembro de 2009
O bater dos passos
"(...) Dizia eu que o chão neste sítio, agora raso, antes esteve sob um tapete, um tapete espesso. Até ao dia em que, ou antes à noite, até à noite em que, mal saída da infância, chamou a mãe e disse-lhe, mãe, isto não chega. A mãe: não chega? (...) Ema: não chega. A mãe: o que queres dizer, Ema, não chega, vejamos, o que podes querer dizer, Ema, não chega? Ema: Quero dizer, mãe, que me falta o bater dos passos, por mais fraco que seja. A mãe: O movimento só não chega? Ema: Não, mãe, o movimento só por si não chega, falta-me o bater dos passos por mais fraco que seja.(...)"
"Passos", Aquela vez e outros textos, Samuel Beckett.
"Passos", Aquela vez e outros textos, Samuel Beckett.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
A poupar é que a gente se entende...
Cinco coisas que os portugueses fazem para "poupar" dinheiro:
- Ir tomar o pequeno-almoço fora diariamente.
- Trazer comida de casa e depois irem comer um "bolinho" para "forrar" o estômago.
- Irem fazer o "avio" mensal ao Lidl ou ao Minipreço para depois irem comer fora todos os fins-de-semana / irem "à bola" ou comprar doces / revistas /tabaco e outros bens "essenciais" para a sua existência.
- Comprar uma máquina de café expresso que estava "mesmo em promoção" e depois tomarem a "bica" fora de casa várias vezes ao dia.
- Prometerem a si mesmos que para o mês que vem "é que é"...pensar em poupar afinal é já poupar... e como todos sabemos, no poupar é que está...o ganho.
- Ir tomar o pequeno-almoço fora diariamente.
- Trazer comida de casa e depois irem comer um "bolinho" para "forrar" o estômago.
- Irem fazer o "avio" mensal ao Lidl ou ao Minipreço para depois irem comer fora todos os fins-de-semana / irem "à bola" ou comprar doces / revistas /tabaco e outros bens "essenciais" para a sua existência.
- Comprar uma máquina de café expresso que estava "mesmo em promoção" e depois tomarem a "bica" fora de casa várias vezes ao dia.
- Prometerem a si mesmos que para o mês que vem "é que é"...pensar em poupar afinal é já poupar... e como todos sabemos, no poupar é que está...o ganho.
domingo, 8 de novembro de 2009
Floor
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Deseja que embrulhe ou...?
Hoje foi um dia bom...cheio...permiti-me dar-me tempo, ao que sou e ao que gosto.
E dando espaço ao tempo para que ele nos inunde de si, tudo corre melhor.
Vistei as máquinas e plataformas do ginásio. Tinha saudades. A instrutora hoje acertou no meu nome. Para ela, eu era Rita.
Tudo bem. Gosto de Rita. Como diria o Bruno Nogueira, é um nome "fofo"...daqueles em que dá gosto mastigar as sílabas. É curioso pois já é a segunda vez esta semana que me trocam o nome. Não me preocupa. A identidade vai para além do nome. Muito além.
Gosto da forma como a nova instrutora dá as aulas. Percebe-se que gosta de as dar. Bastam cinco minutos a um colega de profissão para farejar o suor da entrega no mister. Aos alunos, talvez um pouco mais, mas acabam sempre por chegar lá.
Gosto de ser aluna, sempre gostei, daí ter sempre desejado ser professora.
A base do ensino é a aprendizagem. Gostamos tanto mais de ensinar, quanto mais gostámos de aprender. E, por isso, gosto tanto de me sentir aluna e fazer os exercícios que me são propostos.
Deixo as máquinas, saio e cumprimento a gerente do ginásio. Já tinha notado a minha falta. "Muito trabalho, não é?"... "Sim, muito, todo...".
Sigo o caminho. A A. liga-me. Café ali por perto e duas mãos cheias de (boa) conversa. A A. estava bem-desposta hoje. Gosto de a ver assim. Gosto de ver os que Gosto bem. Sem pretensiosismos de querer parecer "boazinha".
Falámos disso também...das pesoas "boazinhas".
Já falava a grande Sophia nas "pessoas sensíveis"...essas que vestem mantos de bondade e sorrisos a metro e que, são no fundo, tão hipócritas, invejosas, ternas, crúeis, doces, tão humanas como todos nós.
Não acredito que as pessoas são, por definição, "boazinhas". As pessoas, são per si, humanas e a humanidade pressupõe imperfeição, falha, e erro.
Não estamos todos formatados da mesma forma. Não nos regemos todos pelo mesmo código deontológico, é certo. Mas todos somos muito iguais na nossa incompletude.
Não concordo quando se diz que a vida dá-nos apenas o que conseguimos suportar. Balelas. Tenho um amigo meu que esteve seis anos a viajar entre a sua casa e o IPO, a trazer e levar o seu filho-menino-ainda, de um local para o outro. Carregado de Dor e Mágoa. Até ao Fim. Ao esperado e jamais desejado. Àquele fim que ninguém gosta de falar, pois não gostamos muito de levar com a Vida na cara. No corpo. E, sobretudo, no coração. Mas é natural. Afinal, é uma atitude eminentemente...humana.
Ainda assim a Vida vem, acontece.
O A. teve muito mais do que aquilo que deve ser suposto ter de suportar. Não me venham dizer que era a Vida a dizer-lhe que conseguiria aguentar aquela Dor. Poderia ter aprendido de muitas outras formas.
Mas assim é a vida. É natural que assim seja. Afinal a Vida é injusta. E quem disser o contrário, muito provavelmente estará a querer vendder algo.
Tenho uma grande amiga que sofreu uma desilusão laboral. Uma vez mais. Não merecia. Não é justo para ela. Trabalhou com o seu suor e a sua seiva interior. Merecia brilhar pois tem luz para fazer tudo o que quiser.
Sente-se mal. Frustrada. Lesada nas suas expectativas e talvez até nas suas capacidades cognitivas. Põe-se em causa. Esta triste. Ainda ficará triste uns dias. É natural e talvez até recomendável. Afinal é humano lamber feridas até sararem. Varrer, por camadas, a poeira que fica cá dentro. Até que o Alento renasça em nós.
As pessoas não são todas queridas, meigas, doces. Como não são, no seu todo, maquiavélicas, temíveis ou más. Mas há pessoas más. Como há pessoas feitas de doçura e disponibilidade interior para os Outros. Ambos os tipos são imperfeitos.
Porque humanos.
Porque imperfeitos.
Porque...Pessoas.
No meio de tudo isto, há que deixar a vida entrar. E, de preferência recebê-la escancaradamente. Descaradamente. E se é para viver, que seja - como diria o outro senhor - não para embrulhar mas para "viver já".
E dando espaço ao tempo para que ele nos inunde de si, tudo corre melhor.
Vistei as máquinas e plataformas do ginásio. Tinha saudades. A instrutora hoje acertou no meu nome. Para ela, eu era Rita.
Tudo bem. Gosto de Rita. Como diria o Bruno Nogueira, é um nome "fofo"...daqueles em que dá gosto mastigar as sílabas. É curioso pois já é a segunda vez esta semana que me trocam o nome. Não me preocupa. A identidade vai para além do nome. Muito além.
Gosto da forma como a nova instrutora dá as aulas. Percebe-se que gosta de as dar. Bastam cinco minutos a um colega de profissão para farejar o suor da entrega no mister. Aos alunos, talvez um pouco mais, mas acabam sempre por chegar lá.
Gosto de ser aluna, sempre gostei, daí ter sempre desejado ser professora.
A base do ensino é a aprendizagem. Gostamos tanto mais de ensinar, quanto mais gostámos de aprender. E, por isso, gosto tanto de me sentir aluna e fazer os exercícios que me são propostos.
Deixo as máquinas, saio e cumprimento a gerente do ginásio. Já tinha notado a minha falta. "Muito trabalho, não é?"... "Sim, muito, todo...".
Sigo o caminho. A A. liga-me. Café ali por perto e duas mãos cheias de (boa) conversa. A A. estava bem-desposta hoje. Gosto de a ver assim. Gosto de ver os que Gosto bem. Sem pretensiosismos de querer parecer "boazinha".
Falámos disso também...das pesoas "boazinhas".
Já falava a grande Sophia nas "pessoas sensíveis"...essas que vestem mantos de bondade e sorrisos a metro e que, são no fundo, tão hipócritas, invejosas, ternas, crúeis, doces, tão humanas como todos nós.
Não acredito que as pessoas são, por definição, "boazinhas". As pessoas, são per si, humanas e a humanidade pressupõe imperfeição, falha, e erro.
Não estamos todos formatados da mesma forma. Não nos regemos todos pelo mesmo código deontológico, é certo. Mas todos somos muito iguais na nossa incompletude.
Não concordo quando se diz que a vida dá-nos apenas o que conseguimos suportar. Balelas. Tenho um amigo meu que esteve seis anos a viajar entre a sua casa e o IPO, a trazer e levar o seu filho-menino-ainda, de um local para o outro. Carregado de Dor e Mágoa. Até ao Fim. Ao esperado e jamais desejado. Àquele fim que ninguém gosta de falar, pois não gostamos muito de levar com a Vida na cara. No corpo. E, sobretudo, no coração. Mas é natural. Afinal, é uma atitude eminentemente...humana.
Ainda assim a Vida vem, acontece.
O A. teve muito mais do que aquilo que deve ser suposto ter de suportar. Não me venham dizer que era a Vida a dizer-lhe que conseguiria aguentar aquela Dor. Poderia ter aprendido de muitas outras formas.
Mas assim é a vida. É natural que assim seja. Afinal a Vida é injusta. E quem disser o contrário, muito provavelmente estará a querer vendder algo.
Tenho uma grande amiga que sofreu uma desilusão laboral. Uma vez mais. Não merecia. Não é justo para ela. Trabalhou com o seu suor e a sua seiva interior. Merecia brilhar pois tem luz para fazer tudo o que quiser.
Sente-se mal. Frustrada. Lesada nas suas expectativas e talvez até nas suas capacidades cognitivas. Põe-se em causa. Esta triste. Ainda ficará triste uns dias. É natural e talvez até recomendável. Afinal é humano lamber feridas até sararem. Varrer, por camadas, a poeira que fica cá dentro. Até que o Alento renasça em nós.
As pessoas não são todas queridas, meigas, doces. Como não são, no seu todo, maquiavélicas, temíveis ou más. Mas há pessoas más. Como há pessoas feitas de doçura e disponibilidade interior para os Outros. Ambos os tipos são imperfeitos.
Porque humanos.
Porque imperfeitos.
Porque...Pessoas.
No meio de tudo isto, há que deixar a vida entrar. E, de preferência recebê-la escancaradamente. Descaradamente. E se é para viver, que seja - como diria o outro senhor - não para embrulhar mas para "viver já".
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Inner space...
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
O chão que eles pisam...
Paro em locais, pessoas, sítios. Paramos todos. Em situações mais ou menos importantes, com pessoas que nos tocam ou inspiram de formas mais ou menos tocantes. O que raramente fazemos é centrarmo-nos no que estamos a fazer enquanto estamos parados com essas mesmas pessoas nesses mesmos locais.
É sempre tudo muito rápido. Demasiado rápido. E qual controlo remoto dentro de nós, seguimos para o compromisso seguinte, munidos de um “GPS” temporal, bússola interior que nos guia até à paragem seguinte.
Outro dia estava parada, a ver televisão e o meu controlo remoto (o físico e mais tangível) levou-me até um canal conhecido pelas biografias que apresenta (foi o melhor eufemismo que consegui para o designar no mais curto espaço de tempo). E, uma vez mais, o canal não me surpreendeu. E não foi, de novo, pela positiva.
Entendo a filosofia de se buscar material “luso”. Gente “nossa”. Não poderia estar mais de acordo. Entendo ainda a necessidade de se trazer à luz do ecrã televisivo os designados “famosos”, os rostos mais familiares.
Não entendo, todavia, como é que apresentar a biografia de um bailarino luso de 17 ou 18 anos se inscreve na premissa do programa. Ou da própria palavra.
Quando se escreve uma biografia pressupõe-se que o seu sujeito tenha uma história, um passado consigo. Um percurso ou carreira. Ou como gosto de pensar, que tenha “chão por baixo dos seus pés”. O bailarino tem chão por baixo dos seus mas o solo em que se move, por muito fértil que seja agora, não está ainda alicerçado, construído. A estrutura está ainda a secar das primeiras tintas. O mesmo se passa com a biografia de uma jovem actriz portuguesa que não conta mais que 25 ou 26 primaveras. A qualidade do que faz ou da entrega que assume nos papéis a que se propõe não estão em causa. Nem o seu desejado futuro sucesso profissional.
O que está aqui em causa vai para além disso. Num tempo que nos suga nos seus vórtices turvos, em que não paramos mesmo quando estamos parados, consigo entender esta política televisiva. Não se quer esperar pelo Tempo. Nem pelo amadurecimento. Das pessoas, do que fazem e representam. E sobretudo, do seu legado. Uma biografia a meu ver, assenta nisso, um legado.
Uma dádiva para os outros. Que os faça pensar. Algo difícil nos tempos que correm.
Afinal... isso leva tempo.
Vanessa Limpo
in "Expresso SemMais", edição de 24 de Outubro de 2009.
É sempre tudo muito rápido. Demasiado rápido. E qual controlo remoto dentro de nós, seguimos para o compromisso seguinte, munidos de um “GPS” temporal, bússola interior que nos guia até à paragem seguinte.
Outro dia estava parada, a ver televisão e o meu controlo remoto (o físico e mais tangível) levou-me até um canal conhecido pelas biografias que apresenta (foi o melhor eufemismo que consegui para o designar no mais curto espaço de tempo). E, uma vez mais, o canal não me surpreendeu. E não foi, de novo, pela positiva.
Entendo a filosofia de se buscar material “luso”. Gente “nossa”. Não poderia estar mais de acordo. Entendo ainda a necessidade de se trazer à luz do ecrã televisivo os designados “famosos”, os rostos mais familiares.
Não entendo, todavia, como é que apresentar a biografia de um bailarino luso de 17 ou 18 anos se inscreve na premissa do programa. Ou da própria palavra.
Quando se escreve uma biografia pressupõe-se que o seu sujeito tenha uma história, um passado consigo. Um percurso ou carreira. Ou como gosto de pensar, que tenha “chão por baixo dos seus pés”. O bailarino tem chão por baixo dos seus mas o solo em que se move, por muito fértil que seja agora, não está ainda alicerçado, construído. A estrutura está ainda a secar das primeiras tintas. O mesmo se passa com a biografia de uma jovem actriz portuguesa que não conta mais que 25 ou 26 primaveras. A qualidade do que faz ou da entrega que assume nos papéis a que se propõe não estão em causa. Nem o seu desejado futuro sucesso profissional.
O que está aqui em causa vai para além disso. Num tempo que nos suga nos seus vórtices turvos, em que não paramos mesmo quando estamos parados, consigo entender esta política televisiva. Não se quer esperar pelo Tempo. Nem pelo amadurecimento. Das pessoas, do que fazem e representam. E sobretudo, do seu legado. Uma biografia a meu ver, assenta nisso, um legado.
Uma dádiva para os outros. Que os faça pensar. Algo difícil nos tempos que correm.
Afinal... isso leva tempo.
Vanessa Limpo
in "Expresso SemMais", edição de 24 de Outubro de 2009.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
As cerejas de Julho...
Um das melhores coisas que pode acontecer na (minha) vida e nos dias que a vestem são boas conversas. Que são como as cerejas, essas as boas, já se sabe, mas há aquelas que sabem a cereja de Julho, que está boa porque está no ponto certo da sua maturidade.
Hoje e já noutros dias, com a I. tive uma dessas conversas. A I. é jovem, e ontem ao falarmos uma vez mais, disse algo que não corresponde à maturidade que a sua (jovem) idade preconiza.
A I, disse, entre outras coisas, algo como "Não sou da minha idade". É preciso ser-se maduro para dizer isto. Sentir isto. É preciso haver chão por baixo dos nossos pés para que flua este tipo de discurso.
Gosto de pessoas com chão e gosto, sobretudo, que esse chão corresponda a um olhar centrado e humilde perante a vida. Nas muitas conversas que tenho tido ultimamente, oiço muita gente a fazer imensos planos, inundadas de certezas e projectos inquestionáveis.
Nada tenho contra planos e projectos, muito pelo o contrário. O meu próprio trabalho emerge da planificação como seu pilar. Todavia, cada vez sinto que com o passar dos anos, com a experiência que a vida nos dá (mesmo e sobretudo quando não estamos prontos para lidar com o que ela oferece) que a planificação do nosso percurso vale o que vale a planificação de uma aula: podemos estabelecer objectivos, critérios, metodologias e estratégias...no fim, a vida acontece tal como é suposto, e tal como no papel da burocracia pedagógica, os planos caem nesse outro chão que a vida para nós reserva.
Não sou fatalista. Nunca o fui. Acredito que construímos e colhemos o que semeamos. Mas sei que há muito solo incerto e areias movediças nesse trilho.
Sei que não sou o que era há dois ou três anos. Sei que não serei a mesma daqui a outros tantos. E é bom. Aprendi, com o custo que algum chão árido me ensinou, que não temos a mesma pele sempre, não sonhamos o mesmo Sonho, ou desejamos a mesma Vontade.
Aprendi que é bom organizar, conjecturar mas descobri que o(s) maiores prazeres são os inesperados. As melhores memórias têm o sabor da imprevisibilidade.
Não me custa não saber o que vem a seguir. Não me importo de mudar. Quer queira, quer não, irá sempre acontecer.
E essa é a minha única verdade, do alto da minha humildade em saber que, no fundo, sei tão pouco. Ainda bem. Significa que ainda vou conhecer, aprender muito mais.
E que, inesperadamente, em tardes de Outono regressado, colho cerejas de Julho em solo inusitado.
Hoje e já noutros dias, com a I. tive uma dessas conversas. A I. é jovem, e ontem ao falarmos uma vez mais, disse algo que não corresponde à maturidade que a sua (jovem) idade preconiza.
A I, disse, entre outras coisas, algo como "Não sou da minha idade". É preciso ser-se maduro para dizer isto. Sentir isto. É preciso haver chão por baixo dos nossos pés para que flua este tipo de discurso.
Gosto de pessoas com chão e gosto, sobretudo, que esse chão corresponda a um olhar centrado e humilde perante a vida. Nas muitas conversas que tenho tido ultimamente, oiço muita gente a fazer imensos planos, inundadas de certezas e projectos inquestionáveis.
Nada tenho contra planos e projectos, muito pelo o contrário. O meu próprio trabalho emerge da planificação como seu pilar. Todavia, cada vez sinto que com o passar dos anos, com a experiência que a vida nos dá (mesmo e sobretudo quando não estamos prontos para lidar com o que ela oferece) que a planificação do nosso percurso vale o que vale a planificação de uma aula: podemos estabelecer objectivos, critérios, metodologias e estratégias...no fim, a vida acontece tal como é suposto, e tal como no papel da burocracia pedagógica, os planos caem nesse outro chão que a vida para nós reserva.
Não sou fatalista. Nunca o fui. Acredito que construímos e colhemos o que semeamos. Mas sei que há muito solo incerto e areias movediças nesse trilho.
Sei que não sou o que era há dois ou três anos. Sei que não serei a mesma daqui a outros tantos. E é bom. Aprendi, com o custo que algum chão árido me ensinou, que não temos a mesma pele sempre, não sonhamos o mesmo Sonho, ou desejamos a mesma Vontade.
Aprendi que é bom organizar, conjecturar mas descobri que o(s) maiores prazeres são os inesperados. As melhores memórias têm o sabor da imprevisibilidade.
Não me custa não saber o que vem a seguir. Não me importo de mudar. Quer queira, quer não, irá sempre acontecer.
E essa é a minha única verdade, do alto da minha humildade em saber que, no fundo, sei tão pouco. Ainda bem. Significa que ainda vou conhecer, aprender muito mais.
E que, inesperadamente, em tardes de Outono regressado, colho cerejas de Julho em solo inusitado.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
A minha quinta dava uma novela indiana...
Ultimamente tenho assistido a duas febres. Como que uma espécie de surto epidémico (e não, não vou falar do vírus H1N1), que devasta tudo o que encontra, não deixando lugar na caixa craniana para mais nada (não, também não é sobre a prestação surpreendente do SLB esta época).
Falo de “Farmville”, um jogo virtual que toda a gente (ou quase toda, incluindo eu própria mas felizmente consegui obter o antídoto a tempo para me desligar) joga, jogou, vai jogar e depois, como em todas febres/vícios irá deixar. Ou então…não.
Sei que a ideia de plantar, semear e colher nabos, abóboras, arroz ou dar de comer a patos, cavalos, coelhos e animais afins sempre foi o sonho escondido a realizar de todos nós. Quem nunca pensou em ordenhar ou colher frutos como se não houvesse amanhã que levante a primeira maçã acabadinha de colher.
E assim, e porque me deixei, ainda que por parco tempo, viciar lá dei comigo a olhar para o relógio e sentir que estava atrasada para tratar da minha quinta e dos meus animais, e que se me demorasse muito o meu universo agrícola se expandiria em podridão. E comecei a considerar que estava já a entrar na esfera da psicose quando percebi que falava de couves, feijões que como dizê-lo de forma simpática e indolor: NÃO existem. São virtuais! Não apodrecem porque…não existem…
Mas e porque esta não é a única psicose colectiva do momento, há que mencionar a outra, a que preenche as conversas no metro, nas escolas, nos jantares e demais eventos sociais. Portugal pára para ver uma novela sobre a cultura Indiana. E tal, como aqui há uns anos atrás com uma novela sobre a cultura marroquina, oiço conversas sobre o fascinante mundo Indiano, sobre as roupas, as intrigas e a cultura do dito país. E dizem que a novela é óptima.
Não posso opinar muito pois não vi mais que cinco minutos do enredo. Mas do que sei, continuam a existir amores impossíveis, famílias ricas e pobres (que tomam pequenos-almoços que nem no "Chá da Lapa" se devem fazer), roubos, doenças a explorar e mal-entendidos que levem a pensar que o herói morreu quando afinal até estava bem vivo. Fascinante! E diferente!
Apenas algo me intriga: o país pára pelo fascínio com a cultura, gastronomia e costumes indianos mas quando digo que moro na Mouraria…oiço sempre o mesmo tipo de comentários que terminam, invariavelmente com este remate: “Indianos? E não tens medo?”.
Isto sim, dava mesmo um filme…indiano.
Vanessa Limpo
in "Expresso SemMais", edição de 10 Outubro de 2009.
Falo de “Farmville”, um jogo virtual que toda a gente (ou quase toda, incluindo eu própria mas felizmente consegui obter o antídoto a tempo para me desligar) joga, jogou, vai jogar e depois, como em todas febres/vícios irá deixar. Ou então…não.
Sei que a ideia de plantar, semear e colher nabos, abóboras, arroz ou dar de comer a patos, cavalos, coelhos e animais afins sempre foi o sonho escondido a realizar de todos nós. Quem nunca pensou em ordenhar ou colher frutos como se não houvesse amanhã que levante a primeira maçã acabadinha de colher.
E assim, e porque me deixei, ainda que por parco tempo, viciar lá dei comigo a olhar para o relógio e sentir que estava atrasada para tratar da minha quinta e dos meus animais, e que se me demorasse muito o meu universo agrícola se expandiria em podridão. E comecei a considerar que estava já a entrar na esfera da psicose quando percebi que falava de couves, feijões que como dizê-lo de forma simpática e indolor: NÃO existem. São virtuais! Não apodrecem porque…não existem…
Mas e porque esta não é a única psicose colectiva do momento, há que mencionar a outra, a que preenche as conversas no metro, nas escolas, nos jantares e demais eventos sociais. Portugal pára para ver uma novela sobre a cultura Indiana. E tal, como aqui há uns anos atrás com uma novela sobre a cultura marroquina, oiço conversas sobre o fascinante mundo Indiano, sobre as roupas, as intrigas e a cultura do dito país. E dizem que a novela é óptima.
Não posso opinar muito pois não vi mais que cinco minutos do enredo. Mas do que sei, continuam a existir amores impossíveis, famílias ricas e pobres (que tomam pequenos-almoços que nem no "Chá da Lapa" se devem fazer), roubos, doenças a explorar e mal-entendidos que levem a pensar que o herói morreu quando afinal até estava bem vivo. Fascinante! E diferente!
Apenas algo me intriga: o país pára pelo fascínio com a cultura, gastronomia e costumes indianos mas quando digo que moro na Mouraria…oiço sempre o mesmo tipo de comentários que terminam, invariavelmente com este remate: “Indianos? E não tens medo?”.
Isto sim, dava mesmo um filme…indiano.
Vanessa Limpo
in "Expresso SemMais", edição de 10 Outubro de 2009.
domingo, 11 de outubro de 2009
Blank page
Take off and land..that's how my brain feels...a row of unstoppable, unsttopped take offs and landings...wake up, wash my face and my mind from the doziness of Morpheus...still sleepy nevertheless...
Still unfound...still taunted...
Went to the movies...needed to breath the autumn's breeze inside a shared rooom...movie starts and I take off again...from myself...
Watch the movie, tides of mixed, confused feelings. Like it. If it only didn't remind me that it was time again to land...
So I landed...departed from the room and its soft silence. Landed on the desk again.
Tired even wihtou trying. Without the tiresome effort.
Go thought (mentally) at the grids and tests, and manuals I have to do or prepare...
Nothing done.
Another blank page of time.
And myself.
Still unfound...still taunted...
Went to the movies...needed to breath the autumn's breeze inside a shared rooom...movie starts and I take off again...from myself...
Watch the movie, tides of mixed, confused feelings. Like it. If it only didn't remind me that it was time again to land...
So I landed...departed from the room and its soft silence. Landed on the desk again.
Tired even wihtou trying. Without the tiresome effort.
Go thought (mentally) at the grids and tests, and manuals I have to do or prepare...
Nothing done.
Another blank page of time.
And myself.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Cartaz das (t)artes
Uma dúvida quase existencial assola-me continuamente todos os domingos.
Pergunto-me a cada início de tarde domingueira o que se passará na mente dos directores de programação para colocarem os filmes mais estapafurdiamente insípidos que a o pequeno ecrã já viu.
Quando as 15 horas se aproximam o meu receio aumenta, sendo ampliado com dúvidas sobre as fitas a serem exibidas. Costumo já ter palpites, que, domingo após domingo se tornam realidade, concretizando em títulos cujas cabeças de cartaz são, invariavelmente, nomes como Lindsay Lohan, as gémeas Olsen, ou passam pela 956688696040858 vez “American Pie” (qualquer dia creio que a fita ficará riscada ou auto mutilar-se-á, cortando-se a si mesma). Todas as tartes, perdão, as tardes de domingo.
Provavelmente os directores de todas as estações partilham entre si a filosofia de não querer defraudar o seu público, e como tal, apostam no que é já tradição. Não querem que as audiências se cansem a ver filmes mais alternativas ou que, vejam só, possuam aquele traço único que define um filme, que até tem um nome giro que é... argumento.
Para quê filmes com argumento, que façam pensar, se até é domingo e as pantufas e os amendoins estão ali ao lado? Para quê introduzir noções como fio condutor, narrativa, mensagem (seja política, social, económica, etc)?
Maçada. O público não é isso que quer. E, por isso, sai mais uma tarte requentada, ou uma Lindsay Lohan (que no seu expoente máximo, até nos brinda com a sua presença a fazer duplo papel como gémea). E por falar em gémeas, as irmãs Olsen também raramente falham nas escolhas filmícas. De bebés a adultas, com especial incidência na sua fase adolescente, jorros de filmes passam com estas duas magníficas actrizes.
Quem são elas? Pois. Ora bem. Era mesmo aí que eu queria chegar.
Os filmes do Chevy Chase (quem tiver menos de 25 anos nem valerá a pena ler as linhas seguintes) que tínhamos de engolir todos os domingos qual sopa para a Mafaldinha, foram então destronados por estes. Os filmes do Chevy eram como as histórias dos livros da Anita. "Anita vai ao parque", "Anita na escola", "Anita a dormir a sesta", lembram-se? Assim era com o pobre Chevy Chase que se via sempre em constante apuros nas mais diversas situações.
Todavia, vendo os filmes supramencionados, já estou como o outro senhor e digo: Volta Chevy Chase, estás perdoado. Perto disto és o Manoel de Oliveira das “tartes" domingueiras.
Vanessa Limpo
in "Expresso SemMais", edição de 26 de Setembro de 2009.
Pergunto-me a cada início de tarde domingueira o que se passará na mente dos directores de programação para colocarem os filmes mais estapafurdiamente insípidos que a o pequeno ecrã já viu.
Quando as 15 horas se aproximam o meu receio aumenta, sendo ampliado com dúvidas sobre as fitas a serem exibidas. Costumo já ter palpites, que, domingo após domingo se tornam realidade, concretizando em títulos cujas cabeças de cartaz são, invariavelmente, nomes como Lindsay Lohan, as gémeas Olsen, ou passam pela 956688696040858 vez “American Pie” (qualquer dia creio que a fita ficará riscada ou auto mutilar-se-á, cortando-se a si mesma). Todas as tartes, perdão, as tardes de domingo.
Provavelmente os directores de todas as estações partilham entre si a filosofia de não querer defraudar o seu público, e como tal, apostam no que é já tradição. Não querem que as audiências se cansem a ver filmes mais alternativas ou que, vejam só, possuam aquele traço único que define um filme, que até tem um nome giro que é... argumento.
Para quê filmes com argumento, que façam pensar, se até é domingo e as pantufas e os amendoins estão ali ao lado? Para quê introduzir noções como fio condutor, narrativa, mensagem (seja política, social, económica, etc)?
Maçada. O público não é isso que quer. E, por isso, sai mais uma tarte requentada, ou uma Lindsay Lohan (que no seu expoente máximo, até nos brinda com a sua presença a fazer duplo papel como gémea). E por falar em gémeas, as irmãs Olsen também raramente falham nas escolhas filmícas. De bebés a adultas, com especial incidência na sua fase adolescente, jorros de filmes passam com estas duas magníficas actrizes.
Quem são elas? Pois. Ora bem. Era mesmo aí que eu queria chegar.
Os filmes do Chevy Chase (quem tiver menos de 25 anos nem valerá a pena ler as linhas seguintes) que tínhamos de engolir todos os domingos qual sopa para a Mafaldinha, foram então destronados por estes. Os filmes do Chevy eram como as histórias dos livros da Anita. "Anita vai ao parque", "Anita na escola", "Anita a dormir a sesta", lembram-se? Assim era com o pobre Chevy Chase que se via sempre em constante apuros nas mais diversas situações.
Todavia, vendo os filmes supramencionados, já estou como o outro senhor e digo: Volta Chevy Chase, estás perdoado. Perto disto és o Manoel de Oliveira das “tartes" domingueiras.
Vanessa Limpo
in "Expresso SemMais", edição de 26 de Setembro de 2009.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
O Verão neles
Estou sentada na sala de professores em frente ao pc..tenho mil coisas a tratar, preparar, ler, rever, assinalar, apontar...nunca os verbos no Infinitivo fizeram tanto sentido.
Estou sentada. Sinto-me perdida. Tenho medo. O filme não é de terror. Mas tenho medo. Medo de falhar (o meu medo mais costumeiro) medo de não conseguir. De me atrasar a entregar planficações, planos de actividades, pautas e todos os etcas que come with the territory...
No meio tudo disto as aulas e os alunos...o mais fácil dentro do difícil. Mas é solo conhecido e terreno mais macio onde pouso medos e receios afins numa segurança menos tímida.
São tão jovens, ainda têm os rostos redondos de sonhos e adolescência.
São encarregados de uma educação muito própria, nem sempre linear. Gosto disso.
Sempre me atraiu o que escapa, o que é incomum ou estrangeiro à ordem.
Gosto das gargalhadas, dos olhares de dúvida e do apontar frenético.
A inocência ainda mora ali. Entre roupas de marcas, dois ou três telemóveis per capita, páginas de Hi5 e/ou Facebook sempre actualizades.
Estão ainda entre os LOLS e os já tenros vislumbres de responsabilidade e trabalho.
Estão verdes mas num verde a transmutar-se para arco-íris fecundo de Verão.
Ainda é Verão nas vidas deles. As suas vidas, são ainda (não em todos mas em muitos casos, felizmente) um Verão imenso.
E eu olho-os com a doçura de um olhar um pouco mais Outonal que o deles. E rio com eles. E de, repente, é Verão em mim. LOL.
Estou sentada. Sinto-me perdida. Tenho medo. O filme não é de terror. Mas tenho medo. Medo de falhar (o meu medo mais costumeiro) medo de não conseguir. De me atrasar a entregar planficações, planos de actividades, pautas e todos os etcas que come with the territory...
No meio tudo disto as aulas e os alunos...o mais fácil dentro do difícil. Mas é solo conhecido e terreno mais macio onde pouso medos e receios afins numa segurança menos tímida.
São tão jovens, ainda têm os rostos redondos de sonhos e adolescência.
São encarregados de uma educação muito própria, nem sempre linear. Gosto disso.
Sempre me atraiu o que escapa, o que é incomum ou estrangeiro à ordem.
Gosto das gargalhadas, dos olhares de dúvida e do apontar frenético.
A inocência ainda mora ali. Entre roupas de marcas, dois ou três telemóveis per capita, páginas de Hi5 e/ou Facebook sempre actualizades.
Estão ainda entre os LOLS e os já tenros vislumbres de responsabilidade e trabalho.
Estão verdes mas num verde a transmutar-se para arco-íris fecundo de Verão.
Ainda é Verão nas vidas deles. As suas vidas, são ainda (não em todos mas em muitos casos, felizmente) um Verão imenso.
E eu olho-os com a doçura de um olhar um pouco mais Outonal que o deles. E rio com eles. E de, repente, é Verão em mim. LOL.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Ao A.
Hoje quero falar do A. Falo (quase) sempre de meninas.
Hoje o tempo das letras é teu A.
O A. é daquelas pessoas que quando entra numa sala não dá nas vistas ou faz por ser o centro das atenções. Ele É, naquele e em todos os momentos em que se cruza com os Outros, o centro, a raiz de qualquer sala.
Sobretudo das salas que moram nos nossos corações.
O A, tem a capacidade de conciliar, agregar em e para si pessoas das mais diferentes origens, credos, etnias, orientações, gostos ou opiniões.
Quando o A. (nos) chama, nós vamos. E vamos conjungando o verbo "ir" em todos os tempos...fomos no passado pô-lo ao aeroporto quando foi para a terra das geishas, fomos quando voltou por uns tempos, fomos quando partiu de novo.
Voltámos a ir quando voltou agora. E a ti vamos, regressamos todas as vezes que nos "mandares". Não mandas, que não és arrogante. Nem pedes, no fundo, pois para nós é natural sabermos que nos queres contigo. Estando tu em que parte do globo estiveres.
Mas a parte onde mais estás é bem perto...é em nós.
Cá dentro.
O A. é daquelas pessoas que me (nos) faz esquecer qualquer partícula de tristeza que tenhamos. E quando esse mal custa a esquecer, ele vem e ouve. E nós falamos e nesse momento ele transmuta-se e torna-se Conforto.
Não posso dizer isto de muitas pessoas. Apesar de parecer que gosto de muitas pessoas. Tenho é o privilégio do talento para a escolha das amizades como já aqui escrevi. Mas de qualquer forma, o A. não é qualquer um...
E apesar de ser Um, ele é tanta gente em simultâneo. Congrega tanta luz em si que sabe ser filho, neto, amigo, vizinho, professor, colega. E professor que é, passa sempre com louvor e distinção.
E o que mais me encanta é que não o faz conscientemente.
E essa é, a meu ver, a essência da Bondade: altruísmo puro. Dar-se, ouvir e estar pelo prazer genuíno que tem em estar-se com os Outros.
É forte. Nunca lhe disse como o admiro. Faço-o agora pois o Afecto não tem hora marcada. Admiro a sua coragem de partir, de largar convenções e confortos adquiridos. Admiro a sua busca incessante em Conhecer, Ver, Viajar. Mudar.
Não hesita. Mesmo que assustado (que não o dirá) parte pois a voz que ouve é a que está dentro da sua Convicção, e a ela tem de obedecer.
O A. é impulsivo, ri e traz gargalhadas em todas as cores do arco-íris para nós.
Não é trocista. Tem muito cuidado com os sentimentos dos outros porque sabe que não há mais digno de respeito que a individualidade de cada um.
Sensível, doce, franco, frontal (não hesita em dar um grito ou uma "wake up call") quando assim tem de ser. Se não concorda terá de o dizer. E se o diz é porque se preocupa e não o inverso. E a nós cabe-nos aceitar porque somos seus amigos.
O A. não tem bom coração, é um bom coração com uma pessoa (linda) à volta.
E, por isso, hoje aqui, sentada entre o computador e uma noite de Outono breve, deste lado castiço da cidade, oiço, como que ao compasso de uma canção da tua Tininha, o pulsar suave do teu coração.
Que tem a sorte de vir abraçado a ti.
Hoje o tempo das letras é teu A.
O A. é daquelas pessoas que quando entra numa sala não dá nas vistas ou faz por ser o centro das atenções. Ele É, naquele e em todos os momentos em que se cruza com os Outros, o centro, a raiz de qualquer sala.
Sobretudo das salas que moram nos nossos corações.
O A, tem a capacidade de conciliar, agregar em e para si pessoas das mais diferentes origens, credos, etnias, orientações, gostos ou opiniões.
Quando o A. (nos) chama, nós vamos. E vamos conjungando o verbo "ir" em todos os tempos...fomos no passado pô-lo ao aeroporto quando foi para a terra das geishas, fomos quando voltou por uns tempos, fomos quando partiu de novo.
Voltámos a ir quando voltou agora. E a ti vamos, regressamos todas as vezes que nos "mandares". Não mandas, que não és arrogante. Nem pedes, no fundo, pois para nós é natural sabermos que nos queres contigo. Estando tu em que parte do globo estiveres.
Mas a parte onde mais estás é bem perto...é em nós.
Cá dentro.
O A. é daquelas pessoas que me (nos) faz esquecer qualquer partícula de tristeza que tenhamos. E quando esse mal custa a esquecer, ele vem e ouve. E nós falamos e nesse momento ele transmuta-se e torna-se Conforto.
Não posso dizer isto de muitas pessoas. Apesar de parecer que gosto de muitas pessoas. Tenho é o privilégio do talento para a escolha das amizades como já aqui escrevi. Mas de qualquer forma, o A. não é qualquer um...
E apesar de ser Um, ele é tanta gente em simultâneo. Congrega tanta luz em si que sabe ser filho, neto, amigo, vizinho, professor, colega. E professor que é, passa sempre com louvor e distinção.
E o que mais me encanta é que não o faz conscientemente.
E essa é, a meu ver, a essência da Bondade: altruísmo puro. Dar-se, ouvir e estar pelo prazer genuíno que tem em estar-se com os Outros.
É forte. Nunca lhe disse como o admiro. Faço-o agora pois o Afecto não tem hora marcada. Admiro a sua coragem de partir, de largar convenções e confortos adquiridos. Admiro a sua busca incessante em Conhecer, Ver, Viajar. Mudar.
Não hesita. Mesmo que assustado (que não o dirá) parte pois a voz que ouve é a que está dentro da sua Convicção, e a ela tem de obedecer.
O A. é impulsivo, ri e traz gargalhadas em todas as cores do arco-íris para nós.
Não é trocista. Tem muito cuidado com os sentimentos dos outros porque sabe que não há mais digno de respeito que a individualidade de cada um.
Sensível, doce, franco, frontal (não hesita em dar um grito ou uma "wake up call") quando assim tem de ser. Se não concorda terá de o dizer. E se o diz é porque se preocupa e não o inverso. E a nós cabe-nos aceitar porque somos seus amigos.
O A. não tem bom coração, é um bom coração com uma pessoa (linda) à volta.
E, por isso, hoje aqui, sentada entre o computador e uma noite de Outono breve, deste lado castiço da cidade, oiço, como que ao compasso de uma canção da tua Tininha, o pulsar suave do teu coração.
Que tem a sorte de vir abraçado a ti.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Não mais que dezasseis anos...
Ela estava sentada à espera do metro. Não tinha mais de quinze ou dezasseis anos. Olhei para ela porque chorava.
Era jovem. Não mais que dezasseis anos. E chorava.
Chorava daquela forma de quem se entrega à dor, se esvazia de si e a água do seu peito tinha de sair. Não havia outro escape. Outra solução. Outro Norte.
Ela desaguava dor. Não mais que dezasseis anos.
Entrou no metro. Continuava a chorar. Sem controlar em contenção, sem conseguir parar. Estava em pé, cabeça baixa, eixo certo para a lágrima correr. Não olhava em volta. Quase ninguém deu por isso.
Não mais que dezasseis anos.
Senta-se de seguida, como que a procurar a melhor posição para a dor (quem disse que era deitada?). Ela sabe -tenro peito dos seus dezassesis anos- que quando dói, não estando parada, acalma o ardor que corre lá dentro. Lá no âmago de si onde a Dor se centra, lançado os seus tentáculos corpo fora, peito fora, rosto fora.
Ela chorava, copiosamente, sentada, envergonhada. Não mais que 16 anos.
Ela sabe já o quanto a Dor dói. Levanta o rosto para ver se no meio desse desaguamento de si para fora, se não se enganou na estação de metro. Quis saber se o ritmo do seu descontrole não se descompassou com o rolar dos carris.
Não. Ainda não era a sua paragem. Baixa a cabeça. Volta a chorar. Pára um pouco e volta, quando lá dentro percebe que é irremediável, embora ainda não acredite que está a acontecer. Dilúvio de si, de novo.
Sai do metro. Estação Alameda. Sei porque saí atrás dela, segui-lhe os passos. Pelo menos até saber que iria chegar à superfície e que a multidão da cidade a protegeria. De si mesma.
Lá ela seria apenas uma miúda cheia de pressa a olhar para o chão. E aí sim, sob a luz lá fora, cheia de cadernos e livros a envolver-lhe os braços e pesar, choraria à vontade. Afinal ninguém vê.
Não tinha mais que dezasseis anos.
Era jovem. Não mais que dezasseis anos. E chorava.
Chorava daquela forma de quem se entrega à dor, se esvazia de si e a água do seu peito tinha de sair. Não havia outro escape. Outra solução. Outro Norte.
Ela desaguava dor. Não mais que dezasseis anos.
Entrou no metro. Continuava a chorar. Sem controlar em contenção, sem conseguir parar. Estava em pé, cabeça baixa, eixo certo para a lágrima correr. Não olhava em volta. Quase ninguém deu por isso.
Não mais que dezasseis anos.
Senta-se de seguida, como que a procurar a melhor posição para a dor (quem disse que era deitada?). Ela sabe -tenro peito dos seus dezassesis anos- que quando dói, não estando parada, acalma o ardor que corre lá dentro. Lá no âmago de si onde a Dor se centra, lançado os seus tentáculos corpo fora, peito fora, rosto fora.
Ela chorava, copiosamente, sentada, envergonhada. Não mais que 16 anos.
Ela sabe já o quanto a Dor dói. Levanta o rosto para ver se no meio desse desaguamento de si para fora, se não se enganou na estação de metro. Quis saber se o ritmo do seu descontrole não se descompassou com o rolar dos carris.
Não. Ainda não era a sua paragem. Baixa a cabeça. Volta a chorar. Pára um pouco e volta, quando lá dentro percebe que é irremediável, embora ainda não acredite que está a acontecer. Dilúvio de si, de novo.
Sai do metro. Estação Alameda. Sei porque saí atrás dela, segui-lhe os passos. Pelo menos até saber que iria chegar à superfície e que a multidão da cidade a protegeria. De si mesma.
Lá ela seria apenas uma miúda cheia de pressa a olhar para o chão. E aí sim, sob a luz lá fora, cheia de cadernos e livros a envolver-lhe os braços e pesar, choraria à vontade. Afinal ninguém vê.
Não tinha mais que dezasseis anos.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
O que se sente por aqui...
"só eu sei
só eu sei que sou terra
terra agreste por lavrar
silvestre monte maninho
amora fruto sem tratar
só eu sei que sou pedra
sou pedra dura de talhar
sou joga pedrada em aro
calhau sem forma de engastar
a cotação é o que quiserem dar
não tenho jeito para regatear
também não sei se eu a quero aumentar
porque eu não sei
porque eu não sei se me quero polir
também não sei se me quero limar
também não sei se quero fugir
deste animal
que anda a procurar
só eu sei que sou erva
erva daninha a alastrar
joio trovisco ameaça
das ervas doces de enjoar
só eu sei que sou barro
difícil de se moldar
argila com cimento e saibro
nem qualquer sabe trabalhar
em moldes feitos não me sei criar
em formas feitas podem-se quebrar
também não sei se me quero formar
porque eu não sei
porque eu não sei se me quero polir
também não sei se me quero limar
também não sei se quero fugir
deste animal
que anda a procurar"
António Variações
P.S. Confesso que surripiei ao blog da A. pois queria tanto ter a letra aqui.
A, sou uma "gatuna" de posts, sorry.
só eu sei que sou terra
terra agreste por lavrar
silvestre monte maninho
amora fruto sem tratar
só eu sei que sou pedra
sou pedra dura de talhar
sou joga pedrada em aro
calhau sem forma de engastar
a cotação é o que quiserem dar
não tenho jeito para regatear
também não sei se eu a quero aumentar
porque eu não sei
porque eu não sei se me quero polir
também não sei se me quero limar
também não sei se quero fugir
deste animal
que anda a procurar
só eu sei que sou erva
erva daninha a alastrar
joio trovisco ameaça
das ervas doces de enjoar
só eu sei que sou barro
difícil de se moldar
argila com cimento e saibro
nem qualquer sabe trabalhar
em moldes feitos não me sei criar
em formas feitas podem-se quebrar
também não sei se me quero formar
porque eu não sei
porque eu não sei se me quero polir
também não sei se me quero limar
também não sei se quero fugir
deste animal
que anda a procurar"
António Variações
P.S. Confesso que surripiei ao blog da A. pois queria tanto ter a letra aqui.
A, sou uma "gatuna" de posts, sorry.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
10 things I love about the countryside...
- Poder dizer "Bom dia" e ainda ganhar o bónus de receber um de volta.
- A serra do Colcurinho pela manhã.
- A água do Alva a correr até (quase) me adormecer.
- O som característico da carrinha "Family Frost".
- O sino no campanário a lembrar que já é mais que dia.
- Ser a "vizinha" e "prima" de toda a gente.
- Perguntarem-me a quem "pertenço".
- Os bolos que saem do forno e o sabor da carne grelhada na brasa.
- Os meus pés em cima dos do meu avô no sofá.
- A serra do Colcurinho pela manhã.
- A água do Alva a correr até (quase) me adormecer.
- O som característico da carrinha "Family Frost".
- O sino no campanário a lembrar que já é mais que dia.
- Ser a "vizinha" e "prima" de toda a gente.
- Perguntarem-me a quem "pertenço".
- Os bolos que saem do forno e o sabor da carne grelhada na brasa.
- Os meus pés em cima dos do meu avô no sofá.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
"New Emigra"
Com o Verão vêm as férias e agora que estamos no pico de Agosto com ele vem um espécimen que nunca está em vias de extinção, a saber: o “emigrante” ou em português corrente, o “emigra”.
Ora o “emigra” caracteriza-se por uma série de características da nossa mentalidade e cultura que se materializam nesse ser único e cada vez menos raro (crise oblige).
O “emigra” do anos 60/70 era conhecido por incorporar toda uma série de esterótipos que associamos ao Português mediano: o bigode de quase 1,5m com uma espessura respeitosa que dava para aquecer os mais friorentos nas noites frescas de Agosto. Albergava em si uma massa gorda que bem partidinha às postas dava para alimentar Somália e meia e não resistia a ir comemorar o seu regresso à Pátria mãe com idas às feiras, romarias, procissões e bailaricos de aldeia. Tudo muito bem regado com vinho tinto e uns quantos quilos de couratos. Emigrava porque em Portugal as condições de vida não lhe permitiam sustentar a sua “Maria” e os seus 3 a 4 filhos.
Hoje o “emigra” é diferente. Caracteriza-se por ser jovem, geralmente na casa dos vinte ou trinta e poucos. É licenciado, casou-se há pouco tempo, ou ainda é solteiro e como tirou um curso que basicamente não lhe trará qualquer perspectiva de futuro ou estabilidade (mesmo que seja aquilo que sempre sonhou fazer) económica, emigra não para melhorar a sua qualidade de vida mas para tentar tê-la.
O seu projecto de vida não passa por trabalhar na Suíça (por exemplo) durante 20 ou 30 anos e depois voltar a seu lugarejo natal e construir uma vivenda de 7 ou 8 quartos, com jardim e garagem para o seu Audi ou Mercedes e ainda com um telhado de telha preta (porque como toda a gente sabe cá em Portugal no Algarve neva muito de Inverno). O “NE” (new emigra) sabe que o seu futuro passa por continuar lá no “estrangeiro” se quiser continuar a completar a sua nova dentição a preços de amigos, ou a ver o seu filho nascer num hospital em que não façam a sua mulher sofrer 48 horas antes de a levar para uma cesariana.
Sim o “NE” sabe com o que pode contar lá mas sobretudo tem consciência do que não poderá contar se voltar para cá. Se é um “pária” por isso? Se não gosta do seu país? Claro que não. Até porque a língua, a comida, o clima e a hospitabilidade portuguesas são únicas. Apenas sabe que apesar de viver perto da neve e das renas, o “Pai Natal” não existe.
Vanessa Limpo
in "Expresso Sem Mais", ediçao de 29 de Agosto de 2009.
Ora o “emigra” caracteriza-se por uma série de características da nossa mentalidade e cultura que se materializam nesse ser único e cada vez menos raro (crise oblige).
O “emigra” do anos 60/70 era conhecido por incorporar toda uma série de esterótipos que associamos ao Português mediano: o bigode de quase 1,5m com uma espessura respeitosa que dava para aquecer os mais friorentos nas noites frescas de Agosto. Albergava em si uma massa gorda que bem partidinha às postas dava para alimentar Somália e meia e não resistia a ir comemorar o seu regresso à Pátria mãe com idas às feiras, romarias, procissões e bailaricos de aldeia. Tudo muito bem regado com vinho tinto e uns quantos quilos de couratos. Emigrava porque em Portugal as condições de vida não lhe permitiam sustentar a sua “Maria” e os seus 3 a 4 filhos.
Hoje o “emigra” é diferente. Caracteriza-se por ser jovem, geralmente na casa dos vinte ou trinta e poucos. É licenciado, casou-se há pouco tempo, ou ainda é solteiro e como tirou um curso que basicamente não lhe trará qualquer perspectiva de futuro ou estabilidade (mesmo que seja aquilo que sempre sonhou fazer) económica, emigra não para melhorar a sua qualidade de vida mas para tentar tê-la.
O seu projecto de vida não passa por trabalhar na Suíça (por exemplo) durante 20 ou 30 anos e depois voltar a seu lugarejo natal e construir uma vivenda de 7 ou 8 quartos, com jardim e garagem para o seu Audi ou Mercedes e ainda com um telhado de telha preta (porque como toda a gente sabe cá em Portugal no Algarve neva muito de Inverno). O “NE” (new emigra) sabe que o seu futuro passa por continuar lá no “estrangeiro” se quiser continuar a completar a sua nova dentição a preços de amigos, ou a ver o seu filho nascer num hospital em que não façam a sua mulher sofrer 48 horas antes de a levar para uma cesariana.
Sim o “NE” sabe com o que pode contar lá mas sobretudo tem consciência do que não poderá contar se voltar para cá. Se é um “pária” por isso? Se não gosta do seu país? Claro que não. Até porque a língua, a comida, o clima e a hospitabilidade portuguesas são únicas. Apenas sabe que apesar de viver perto da neve e das renas, o “Pai Natal” não existe.
Vanessa Limpo
in "Expresso Sem Mais", ediçao de 29 de Agosto de 2009.
domingo, 30 de agosto de 2009
O que se ouve por aqui...
I'm a fountain of blood
in the shape of a girl
you're the bird on the brim hypnotized by the whirl
drink me - make me feel real
wet your beak in the stream
game we're playing is life
love is a two way dream
leave me now - return tonight
the tide will show you the way
if you forget my name
you will go astray
like a killer whale
trapped in a bay
I'm a path of cinders
burning under your feet
you're the one who walks me
I'm your one way street
I'm a whisper in water
a secret for you to hear
you are the one who grows distant
when i beckon you near
leave me now - return tonight
the tide will show you the way
if you forget my name, you will go astray
like a killer whale trapped in a bay
I'm a tree that grows hearts
one for each that you take
you're the intruders hands
I'm the branch that you break
Do album Homogenic, Bjork, 1997.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Cheirinho a podre...
Ultraje: ontem ao ver mais um episódio da maravilhosa série Dexter, não é que detecto um erro de tradução como: "ao pé do Kin" para a expressão inglesa "the next of kin"???
Mais, isto anda tão mau para os lados daquele/a tradutor/a que nem o português escapa, assim escreve-se "trás" como imperativo do verbo "trazer"!
Something's very rotten in the state of "Translatingland"*...(*neologismo perfeitamente assumido, nada de confusões).
Mais, isto anda tão mau para os lados daquele/a tradutor/a que nem o português escapa, assim escreve-se "trás" como imperativo do verbo "trazer"!
Something's very rotten in the state of "Translatingland"*...(*neologismo perfeitamente assumido, nada de confusões).
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Uma escalada por dia nem sabe o bem que lhe fazia...
Então e não é que as escadas rolantes do metro da Baixa-Chiado continuam sem funcionar ao fim de quase duas semanas nesse triste estado? E ainda por cima afecta logo as escadas no sentido da subida (está bem que umas da descida também estão "mortas" mas como diz o velho adágio "A descer todos os santos ajudam").
Cerca de duas semanas assim... António Costa, seu maroto! Sabe que costumo ir ao ginásio ali perto e então a escalada a pé até à superfície é para servir como "aquecimento" ao aquecimento que precede qualquer treino.
Então é isso: excesso de zelo? Hein? Pois, bem me parecia. Tanto que é feito a pensar em mim e e todos os simpáticos lisboetas, e como se diz, ah já sei, eleitores que precisam de igual "aquecimento" para irem às suas vidas.
Nada melhor que subir filas de escadas rolantes às 7h e tal da manhã quando se está com pressa para ir trabalhar...umas 8 a 10 ou 12 horitas...coisita pouca...
Está então a querer promover o exercício físico, baluarte de uma vida saudável.
Subir e descer escadas é a solução...isto porque comprar "Actimel" para estar protegido contra as maelitas está caro e o bifidus activo anda pela hora da morte...
Ai ai ai e eu a pensar que era pura negligência. E eu que até simpatizo consigo...
Menino Costinha, já lhe tenho dito que não é bonito andar-nos a enganar...
Cerca de duas semanas assim... António Costa, seu maroto! Sabe que costumo ir ao ginásio ali perto e então a escalada a pé até à superfície é para servir como "aquecimento" ao aquecimento que precede qualquer treino.
Então é isso: excesso de zelo? Hein? Pois, bem me parecia. Tanto que é feito a pensar em mim e e todos os simpáticos lisboetas, e como se diz, ah já sei, eleitores que precisam de igual "aquecimento" para irem às suas vidas.
Nada melhor que subir filas de escadas rolantes às 7h e tal da manhã quando se está com pressa para ir trabalhar...umas 8 a 10 ou 12 horitas...coisita pouca...
Está então a querer promover o exercício físico, baluarte de uma vida saudável.
Subir e descer escadas é a solução...isto porque comprar "Actimel" para estar protegido contra as maelitas está caro e o bifidus activo anda pela hora da morte...
Ai ai ai e eu a pensar que era pura negligência. E eu que até simpatizo consigo...
Menino Costinha, já lhe tenho dito que não é bonito andar-nos a enganar...
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Geração Caroço
A apresentadora Carolina Patrocínio (para os mais incautos é a apresentadora daquele programa de vídeos que conta igualmente com a presença de Pedro Miguel Ramos) e ex-apresentadora do Disney Kids, veio a público, numa entrevista, dizer, entre outras coisas, que não gosta de fruta com caroços (gostava de saber quem gosta, mas adiante) e como tal, só a come depois da sua empregirar.
Detectou aqui algo que não lhe caiu bem, não foi bem? E não foi o caroço da fruta.
Esta jovem, que é mandatária da JS, que conta com 22 anos de idade, vem a público dizer o que qualquer um teria vergonha de sequer de pensar, quanto mais de verbalizar.
Isto é revelador nao só do estado da sua massa encefálica (muita vitamina, muito livro e estudo sim, querida?). E pior, do contexto em que foi criada/educada.
Acho incrível como uma mulher feita (?) pode afirmar que tem alguém, que por acaso até se encontra numa condição laboral inferior à sua, que lhe tira caroços da fruta.
Isto é revelador não só da (falta) de educação de valores que lhe foi transmitida, e é sintomático também de todo o retrato de uma nova geração que, de facto, se pode chamar a"geração que não faz a ponta de 1 caroço".
O problema é exclusivo desta menina bem. No caso dela, sabemos que vem de famílias muito bem colocadas na dita sociedade, que nunca lhe faltou dinheiro, que já viajou por meio mundo à borla.
Ninguém tem culpa de ter nascido rica/o. E é natural que se aproveitem as (boas) oportunidades que avultadas somas monetárias nos dão. Seria hipócrita negá-lo e eu se fosse rica não ficava em casa a contar os mosaicos do chão.
O que me espanta é este despudor, esta descontracção em dar a conhecer algo de que se deveria ter vergonha. Uma mulher que não sabe tirar 1 caroço? Ou pior, que não está para isso??? Não está porque sabe que tem quem o faça por ela.
Assim é a "Geração Caroço": nasce, cresce, vai-se desenvolvendo à sombra dos caroços de bananeiras que possui. Não fazem a cama, não põem a mesa, não vão deitar o lixo á rua, não fazem ideia a quanto está o pão porque nunca puseram os pés numa padaria ou supermercado.
Não sabem, muitas vezes, quanto dinheiro têm. Isto para os meninos ricos. Para os outros, os filhos da classe média (os mais comuns) gastam o dinheiro dos cartões Multibanco que os pais lhe dão, arrasam o saldo dos telemóveis que lhes são oferecidos mesmo que tenham 8 ou 9 negativas e esturricam a mesada nos Fóruns e Dolces desta vida...
A culpa? já sabemos de quem é? O que irá ser feito? espero que muito e para melhor.
Quanto a mim, se um dia for mãe, volto a fazer o pedido que costumo fazer se me virem a tirar 1 caroço de um pêssego a um filho se este já tiver mais que idade para o fazer: dêem-me uma valente chapada para ver se acordo. Para a vida e para a vergonha que é muito bonita e vem ao preço da uva (daquela que se sabe).
Uva com grainha. Da boa. Com caroços. Que a fruta, como a Vida, serve-se fresca e com caroço.
Detectou aqui algo que não lhe caiu bem, não foi bem? E não foi o caroço da fruta.
Esta jovem, que é mandatária da JS, que conta com 22 anos de idade, vem a público dizer o que qualquer um teria vergonha de sequer de pensar, quanto mais de verbalizar.
Isto é revelador nao só do estado da sua massa encefálica (muita vitamina, muito livro e estudo sim, querida?). E pior, do contexto em que foi criada/educada.
Acho incrível como uma mulher feita (?) pode afirmar que tem alguém, que por acaso até se encontra numa condição laboral inferior à sua, que lhe tira caroços da fruta.
Isto é revelador não só da (falta) de educação de valores que lhe foi transmitida, e é sintomático também de todo o retrato de uma nova geração que, de facto, se pode chamar a"geração que não faz a ponta de 1 caroço".
O problema é exclusivo desta menina bem. No caso dela, sabemos que vem de famílias muito bem colocadas na dita sociedade, que nunca lhe faltou dinheiro, que já viajou por meio mundo à borla.
Ninguém tem culpa de ter nascido rica/o. E é natural que se aproveitem as (boas) oportunidades que avultadas somas monetárias nos dão. Seria hipócrita negá-lo e eu se fosse rica não ficava em casa a contar os mosaicos do chão.
O que me espanta é este despudor, esta descontracção em dar a conhecer algo de que se deveria ter vergonha. Uma mulher que não sabe tirar 1 caroço? Ou pior, que não está para isso??? Não está porque sabe que tem quem o faça por ela.
Assim é a "Geração Caroço": nasce, cresce, vai-se desenvolvendo à sombra dos caroços de bananeiras que possui. Não fazem a cama, não põem a mesa, não vão deitar o lixo á rua, não fazem ideia a quanto está o pão porque nunca puseram os pés numa padaria ou supermercado.
Não sabem, muitas vezes, quanto dinheiro têm. Isto para os meninos ricos. Para os outros, os filhos da classe média (os mais comuns) gastam o dinheiro dos cartões Multibanco que os pais lhe dão, arrasam o saldo dos telemóveis que lhes são oferecidos mesmo que tenham 8 ou 9 negativas e esturricam a mesada nos Fóruns e Dolces desta vida...
A culpa? já sabemos de quem é? O que irá ser feito? espero que muito e para melhor.
Quanto a mim, se um dia for mãe, volto a fazer o pedido que costumo fazer se me virem a tirar 1 caroço de um pêssego a um filho se este já tiver mais que idade para o fazer: dêem-me uma valente chapada para ver se acordo. Para a vida e para a vergonha que é muito bonita e vem ao preço da uva (daquela que se sabe).
Uva com grainha. Da boa. Com caroços. Que a fruta, como a Vida, serve-se fresca e com caroço.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Sakerinhas e sushi
(Imagem, fonte: Google imagens)
Pois que algum dia havia de ser o primeiro e apesar de já ter "petiscado" alguma coisa da comida japonesa, hoje tive direito ao "whole bunch" e não é que amei?
Não me perguntem o nome daquilo que comi - tirando o sushi de atum e salmão que a-do-rei, claro! sei que a comida não párava de vir, eu não paráva de comer e não é que estou a esta hora ainda cheia??
Como te entendo agora meu querido "Angelino Joli"...aquilo parece pouco mas tudo junto cá dentro no duodeno e por aí abaixo, sempre faz "mossa".
Ah, e as Sakerinhas?? coisinhas nipónicas mais lindas ...o pior é contar até...dois depois...
Ainda bem que para isso existe o cafézinho. O bom do cafézinho...mas cafeína portuguesa. Com certeza.
Perfeito perfeito teria sido se aquela japonesa desprovida de qualquer poro de simpatia no corpo, não tivesse passado no exacto momento em que um rolo de sushi de salmão voou mesa fora. Os acidentes acontecem, não é mesmo?
E riu-se, a sacana.
Damn her.
Chopsticks eating instructions, needed. Or does a lobotomy fix the problem?
I need help here...
terça-feira, 18 de agosto de 2009
How to cook pain...
Vi hoje em vários telejornais a incrível (incrivelmente má) notícia sobre a nova lei que o presidente do Afegão, em vésperas de eleições presidenciais (pronto, faltam dois e não um dia) decidiu aprovar que consiste em dar aos homens (esposos) o direito de deixaram as suas mulheres passar fome se estas não lhes satisfizerem as suas necessidades sexuais.
Em entrevistas de rua a vários homens, estes obviamente concordaram com a nova lei, dizendo que se inscreve perfeitamente na tradição muçulmana e se foi pensada por altos membros do clero e aprovada pelo presidente então tem toda a razão de ser.
Que a opinião ("neanderthaliana") destes homens por muito que nos possa chocar, seja esta, não me surpreende, afinal esta é a única cultura e tradição que conhecem. Imiscuem-se totalmente nela pois não lhe foi dada qualquer outra alternativa.
Não os desculpabilizo, pois se têm cabeça é para pensar por si (pelo menos a de cima que quanto à "outra" já se sabe que não é famosa por grandes raciocínios) e podem, independentemente das leis que são aprovadas, optar por maltratar ou não as suas esposas.
Todavia não lhes atribuo a maior responsabilidade. Incultos, quase ignorantes que são amntidos não cabe a eles (apenas) reflectir sobre os direitos humanos, ou os limites das diversas "penas" que são autorizadas. Isso compete, sobretudo, ao poder jurídico e político. E esse sim merece castigo. Não digo castigo corporal pois senão ía contra uma das maiores medidas civilizacionais instituídas que nos distingue, por exemplo, daqueles seres que são..como se diz...ah, é isso: PRIMATAS!
Não sou a favor dessa política do "olho por olho, dente por dente", para isso existem tribunais e leis...leis que são criadas por um poder político que tendo ou devendo ter a obrigação ética e moral de julgar a favor do que é correcto e fundamentalmente...humano.
E este presidente, movido certamente, por interesses políticos visto que precisa granjear os votos dos clérigos para estas eleições, assina um documento que traça, inexoravelmente, o destino destas mulheres Xiitas (20% da população do país).
Num país onde se fala e teoriza contra a política de integração muçulmana, um homem, aquele que dá a cara pelo país, decreta como válido que um homem possa esfomear (literalmente) a sua mulher por esta se recusar a oferecer-se à medida dos seus apetites e/ou necessidades.
E isto leva-me a pensar então se se terá legislado também sobre o conceito de "necessidades sexuais"? Duvido!
Afinal o que é "necessídade" para um pode ser mero capricho para outro. O que é um "imperativo categórico" (passe a hipérbole da analogia), algo incontido para mim nesses termos pode ser algo completamente irrisório para outra pessoa.
Qual é a bitola? onde está esse "barómetro"? Aprazia-me muito saber!
Já que é para matar à fome, podiam dar uma "bússola" que ajudasse estas mulheres a orientar-se. Saber com que temperos cozinhar a dor.
Para irem mitigando, como possam e consigam, uma fome que se sobrepõe à física.
A da humilhação e do pesar.
Em entrevistas de rua a vários homens, estes obviamente concordaram com a nova lei, dizendo que se inscreve perfeitamente na tradição muçulmana e se foi pensada por altos membros do clero e aprovada pelo presidente então tem toda a razão de ser.
Que a opinião ("neanderthaliana") destes homens por muito que nos possa chocar, seja esta, não me surpreende, afinal esta é a única cultura e tradição que conhecem. Imiscuem-se totalmente nela pois não lhe foi dada qualquer outra alternativa.
Não os desculpabilizo, pois se têm cabeça é para pensar por si (pelo menos a de cima que quanto à "outra" já se sabe que não é famosa por grandes raciocínios) e podem, independentemente das leis que são aprovadas, optar por maltratar ou não as suas esposas.
Todavia não lhes atribuo a maior responsabilidade. Incultos, quase ignorantes que são amntidos não cabe a eles (apenas) reflectir sobre os direitos humanos, ou os limites das diversas "penas" que são autorizadas. Isso compete, sobretudo, ao poder jurídico e político. E esse sim merece castigo. Não digo castigo corporal pois senão ía contra uma das maiores medidas civilizacionais instituídas que nos distingue, por exemplo, daqueles seres que são..como se diz...ah, é isso: PRIMATAS!
Não sou a favor dessa política do "olho por olho, dente por dente", para isso existem tribunais e leis...leis que são criadas por um poder político que tendo ou devendo ter a obrigação ética e moral de julgar a favor do que é correcto e fundamentalmente...humano.
E este presidente, movido certamente, por interesses políticos visto que precisa granjear os votos dos clérigos para estas eleições, assina um documento que traça, inexoravelmente, o destino destas mulheres Xiitas (20% da população do país).
Num país onde se fala e teoriza contra a política de integração muçulmana, um homem, aquele que dá a cara pelo país, decreta como válido que um homem possa esfomear (literalmente) a sua mulher por esta se recusar a oferecer-se à medida dos seus apetites e/ou necessidades.
E isto leva-me a pensar então se se terá legislado também sobre o conceito de "necessidades sexuais"? Duvido!
Afinal o que é "necessídade" para um pode ser mero capricho para outro. O que é um "imperativo categórico" (passe a hipérbole da analogia), algo incontido para mim nesses termos pode ser algo completamente irrisório para outra pessoa.
Qual é a bitola? onde está esse "barómetro"? Aprazia-me muito saber!
Já que é para matar à fome, podiam dar uma "bússola" que ajudasse estas mulheres a orientar-se. Saber com que temperos cozinhar a dor.
Para irem mitigando, como possam e consigam, uma fome que se sobrepõe à física.
A da humilhação e do pesar.
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Mal entendu...
Excerto de um diálogo. Qualquer coisa deste género (não tenho em mim as palavras exactas do filme).
Coco: "Si avais attendu, tu pourrais te marrier avec une couturière fameuse et tu aurais pas besoin de te marrier avec la fille d'un lord anglais.
Nous pourrions être heureux."
Boy: "Parce que nos sommes malhereux?".
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Tribute...
Já sei, já sei, não há blog, revista, jornal ou programa de Tv que não a faça mas este espaço é meu e eu é que sei, portanto aqui vai uma pequena homenagem ao "pai" do stand up e do humor em Portugal.
Todos lhes devemos muitas das gargalhadas das nossas vidas, pois ele foi o pioneiro...
E a gratidão é uma coisa muito bonita.
sábado, 8 de agosto de 2009
Puzzle
Caramba
Ó senhor da loja
já que a vida é curta
diga-me lá, se souber
quantos metros tem a dor
E já que ainda por cima
a vida é pesada
diga-me lá, se puder
quantos quilos tem o amor
E já que a paciência
tem os seus limites
diga-me lá quantos são
que é p´ra eu saber se espero ou não
quando for desesperar
Já que a vida é curta
e o futuro, diz que está aqui já
(Sei lá)
já que o futuro vem
em peças separadas p´ra montar
(Ah! Ah! Ah!)
Antes que se esgote
reserve desde já o seu exemplar
Caramba
está-se p´ráqui a dançar na corda bamba
sem se saber para que lado é que se cai
nem com que pé é que se samba
Ó senhor da loja
já que a vida é bela
diga-me lá, se souber
em que espelho a devo olhar
Mas se por outro lado
diz que a vida é dura
arranje-me aí, se tiver
um capacete p´ra eu marrar
E já que a vida é feita
de pequenos nadas
guarde-me aí quatro ou cinco
que é p´ra quando for domingo
eu os poder saborear
Já que a vida é curta
e o futuro diz que está aqui já
(Sei lá)
Já que o futuro vem
em peças separadas p´ra montar
(Ah! Ah! Ah!)
Antes que se esgote
Reserve desde já o seu exemplar
Caramba
está-se p´ráqui a dançar na corda bamba
sem se saber para que lado é que se cai
nem com que pé é que se samba
Ó senhor da loja
já que a vida é breve
arranje-me aí os ponteiros
dum relógio que atrasar
E já que no fundo
vai tudo a dar ao mesmo
diga-me se o mesmo é mesmo
tudo o que ainda vai mudar
E já que é preciso
deitar contas à vida
desconte-me aí os meses
em que apenas fiz as vezes
doutro que não era eu
já que a vida é curta
e o futuro diz que está aqui já
(Sei lá)
Já que o futuro vem
em peças separadas p´ra montar
(Ah! Ah! Ah!)
Antes que se esgote
Reserve desde já o seu exemplar
Caramba
está-se p´ráqui a dançar na corda bamba
Sérgio Godinho
Tão bom, tão bom que até faz comichão cá dentro.
É de gostar e apaixonar-se por mais! Agora experimentem ler isto a ouvir Jeff Buckley...uiiiii...do melhor que há. É a overdose dos sentidos!
Ó senhor da loja
já que a vida é curta
diga-me lá, se souber
quantos metros tem a dor
E já que ainda por cima
a vida é pesada
diga-me lá, se puder
quantos quilos tem o amor
E já que a paciência
tem os seus limites
diga-me lá quantos são
que é p´ra eu saber se espero ou não
quando for desesperar
Já que a vida é curta
e o futuro, diz que está aqui já
(Sei lá)
já que o futuro vem
em peças separadas p´ra montar
(Ah! Ah! Ah!)
Antes que se esgote
reserve desde já o seu exemplar
Caramba
está-se p´ráqui a dançar na corda bamba
sem se saber para que lado é que se cai
nem com que pé é que se samba
Ó senhor da loja
já que a vida é bela
diga-me lá, se souber
em que espelho a devo olhar
Mas se por outro lado
diz que a vida é dura
arranje-me aí, se tiver
um capacete p´ra eu marrar
E já que a vida é feita
de pequenos nadas
guarde-me aí quatro ou cinco
que é p´ra quando for domingo
eu os poder saborear
Já que a vida é curta
e o futuro diz que está aqui já
(Sei lá)
Já que o futuro vem
em peças separadas p´ra montar
(Ah! Ah! Ah!)
Antes que se esgote
Reserve desde já o seu exemplar
Caramba
está-se p´ráqui a dançar na corda bamba
sem se saber para que lado é que se cai
nem com que pé é que se samba
Ó senhor da loja
já que a vida é breve
arranje-me aí os ponteiros
dum relógio que atrasar
E já que no fundo
vai tudo a dar ao mesmo
diga-me se o mesmo é mesmo
tudo o que ainda vai mudar
E já que é preciso
deitar contas à vida
desconte-me aí os meses
em que apenas fiz as vezes
doutro que não era eu
já que a vida é curta
e o futuro diz que está aqui já
(Sei lá)
Já que o futuro vem
em peças separadas p´ra montar
(Ah! Ah! Ah!)
Antes que se esgote
Reserve desde já o seu exemplar
Caramba
está-se p´ráqui a dançar na corda bamba
Sérgio Godinho
Tão bom, tão bom que até faz comichão cá dentro.
É de gostar e apaixonar-se por mais! Agora experimentem ler isto a ouvir Jeff Buckley...uiiiii...do melhor que há. É a overdose dos sentidos!
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
4 de Agosto ou sobre a F.
Ainda me falta escrever o post sobre as maravilhosas férias em Genève que a minha Xanocha me proporcionou e que a minha Mary enfeitou com a sua alegria e riso contagiantes (e quem a conhece sabe que não estou a exagerar).
Mas antes tenho de falar da minha F.
A F não faz anos a 4 de Agosto. Eu fiz (fizemos, que o protagonismo da exclusividade perde-se quando se trata de gémeos e ainda assim não trocava o rosto da minha irmã do outro lado da vela do bolo por nada, nada mesmo).
Por que falar da F quando o título é a minha data de nascimento? Porque a F (tal como a P) fazem parte de um (re)nascimento meu. Mas sobre a P outro post virá, a seu tempo. Não me esqueço quem me faz bem (nem de quem me fez mal, agradeço a ambos os lados da barricada) e a gratidão serve-se quente, regada a tragos de amizade.
A F. A F é de todas as pessoas que conheço, a pessoa mais cheia.
A F é "F" de nome mas tem muitas outras letras que a inundam. E como ela gosta de palavras. A F tem em si o "P" de plena. O "I" de inteligente, de insegura. A F condensa. O seu "A" aglutina. O seu "E" expande. Ela expande algreia, sonho e riso.
Porque é "M...de maior.
Ela neste momento se me estivesse a ler já estava a dizer que não é nada disto, muito pelo contrário e tal. Mas afinal, a menina é das Letras e os "O" de oxímoros são seu terreno fértil.
"F" de fértil porque a "F" fecunda-nos de boa disposição. O seu enorme "C" de coração semeia a cada vez que estamos com ela, gomos de alento e uma vontade de estar mais com ela.
A F faz rir. Tem dos sentidos de humor mais acutilantes que conheço. Ri-se com o corpo. Ri-se de dentro para fora. Lá onde mora a Dor, ela sublima tudo e rompe os muros do "A" angústia e brinda-nos com uma das suas gargalhadas ou até algum do seu maravilhoso "V" de vernáculo. Que na sua boca sabe a mel.
Disse "M" de mel. E já lhe disse antes num blog perto de nós que a melhor definição qu tenho para ela é "Mel". Não por ser melífula mas porque os seus poros não são feitos de pele. Não como a nossa. Nós somos meros mortais.
A minha amiga "F" está noutra esfera (cala-te F, deixa-me escrever até ao fim e não me contradigas). O seu mundo tem muitos "B"s de bibliotecas e "L" de livros. Mas tem também muitos "C"s de consicência de si das mais fortes que já conheci.
Tem ainda "T" de ternura. Mais "M" de meiga, não pelas fosquices pois não é tanto disso, mas pelo tom doce com que fala, o respeito com que ouve, e a ponderação com que comenta. A F tem medo de ferir os outros. Isso é traje que usa quem reconhece que a Dor é algo muito sério e não deve ser ouvida de ânimo leve.
A F é séria. Recta. Honesta. Mas não se leva a sério. E como eu gosto disso. Sabe que isto aqui em baixo neste planeta é fátuo demais para ser levado demasiado a sério. E sabe que rir é, por vezes, não o melhor mas o único remédio que temos quando a terra nos quer sorver e o único alimento que temos é o nosso mundo interior.
A F é a interiodade em pessoa (e em Pessoa também podia ser pois ela gosta do senhor, by the way). Viaja em si diariamente por ser tão auto-crítica ,e porisso sabe ler os outros tão bem. Porque gosta de pessoas.
Navega-se em si, mergulha, rasga, magoa-se, vai ao fundo da sua caverna, mas consegue sempre combater os seus dragóes. Mesmo quando pensa que perdeu a batalha, as suas gerras saem vitoriosas. Quando acredita luta, não desiste, vai em frente. Mesmo que os trilhos não estejam definidos. Creio que até gosta disso, dessa indefinição, pois sabe que o caminho faz-se caminhando e o gozo não é a chegada apenas mas os sabores que o percurso oferece.
Mas não tenhamos ilusões. É ambiciosa. Quer ser reconhecida. E não merece menos que isso. Que "T" de tudo.
Ela não pensa assim tão bem de si. Mas para isso estamos cá nós, os "A"s de amigos que "A" de admiramos e "O" de nos orgulhamos de a ter nas nossas "V" de vidas.
A F diz-se nefelibata a todas as horas do dia. Creio que é também uma boa palavra para a definir.
Porque para as pessoas como a F o patamar certo é o do branco das nuvens, bordado no tecido do "S" do Sonho. Lá onde os anjos e seres alados como ela, se encontram, convivem e discutem os sabores dos dias e as cores dos nossos corações. Paleta sua.
Lá onde o sonho mora. Na carne de outro tempo que não é o nosso.
É lá que te encontro amiga. E aguardo sempre cada reencontro com o sorriso-miúdo-a-atirar-para-a-gargalhada que me atribuíste do alto da tua nuvem.
Mas antes tenho de falar da minha F.
A F não faz anos a 4 de Agosto. Eu fiz (fizemos, que o protagonismo da exclusividade perde-se quando se trata de gémeos e ainda assim não trocava o rosto da minha irmã do outro lado da vela do bolo por nada, nada mesmo).
Por que falar da F quando o título é a minha data de nascimento? Porque a F (tal como a P) fazem parte de um (re)nascimento meu. Mas sobre a P outro post virá, a seu tempo. Não me esqueço quem me faz bem (nem de quem me fez mal, agradeço a ambos os lados da barricada) e a gratidão serve-se quente, regada a tragos de amizade.
A F. A F é de todas as pessoas que conheço, a pessoa mais cheia.
A F é "F" de nome mas tem muitas outras letras que a inundam. E como ela gosta de palavras. A F tem em si o "P" de plena. O "I" de inteligente, de insegura. A F condensa. O seu "A" aglutina. O seu "E" expande. Ela expande algreia, sonho e riso.
Porque é "M...de maior.
Ela neste momento se me estivesse a ler já estava a dizer que não é nada disto, muito pelo contrário e tal. Mas afinal, a menina é das Letras e os "O" de oxímoros são seu terreno fértil.
"F" de fértil porque a "F" fecunda-nos de boa disposição. O seu enorme "C" de coração semeia a cada vez que estamos com ela, gomos de alento e uma vontade de estar mais com ela.
A F faz rir. Tem dos sentidos de humor mais acutilantes que conheço. Ri-se com o corpo. Ri-se de dentro para fora. Lá onde mora a Dor, ela sublima tudo e rompe os muros do "A" angústia e brinda-nos com uma das suas gargalhadas ou até algum do seu maravilhoso "V" de vernáculo. Que na sua boca sabe a mel.
Disse "M" de mel. E já lhe disse antes num blog perto de nós que a melhor definição qu tenho para ela é "Mel". Não por ser melífula mas porque os seus poros não são feitos de pele. Não como a nossa. Nós somos meros mortais.
A minha amiga "F" está noutra esfera (cala-te F, deixa-me escrever até ao fim e não me contradigas). O seu mundo tem muitos "B"s de bibliotecas e "L" de livros. Mas tem também muitos "C"s de consicência de si das mais fortes que já conheci.
Tem ainda "T" de ternura. Mais "M" de meiga, não pelas fosquices pois não é tanto disso, mas pelo tom doce com que fala, o respeito com que ouve, e a ponderação com que comenta. A F tem medo de ferir os outros. Isso é traje que usa quem reconhece que a Dor é algo muito sério e não deve ser ouvida de ânimo leve.
A F é séria. Recta. Honesta. Mas não se leva a sério. E como eu gosto disso. Sabe que isto aqui em baixo neste planeta é fátuo demais para ser levado demasiado a sério. E sabe que rir é, por vezes, não o melhor mas o único remédio que temos quando a terra nos quer sorver e o único alimento que temos é o nosso mundo interior.
A F é a interiodade em pessoa (e em Pessoa também podia ser pois ela gosta do senhor, by the way). Viaja em si diariamente por ser tão auto-crítica ,e porisso sabe ler os outros tão bem. Porque gosta de pessoas.
Navega-se em si, mergulha, rasga, magoa-se, vai ao fundo da sua caverna, mas consegue sempre combater os seus dragóes. Mesmo quando pensa que perdeu a batalha, as suas gerras saem vitoriosas. Quando acredita luta, não desiste, vai em frente. Mesmo que os trilhos não estejam definidos. Creio que até gosta disso, dessa indefinição, pois sabe que o caminho faz-se caminhando e o gozo não é a chegada apenas mas os sabores que o percurso oferece.
Mas não tenhamos ilusões. É ambiciosa. Quer ser reconhecida. E não merece menos que isso. Que "T" de tudo.
Ela não pensa assim tão bem de si. Mas para isso estamos cá nós, os "A"s de amigos que "A" de admiramos e "O" de nos orgulhamos de a ter nas nossas "V" de vidas.
A F diz-se nefelibata a todas as horas do dia. Creio que é também uma boa palavra para a definir.
Porque para as pessoas como a F o patamar certo é o do branco das nuvens, bordado no tecido do "S" do Sonho. Lá onde os anjos e seres alados como ela, se encontram, convivem e discutem os sabores dos dias e as cores dos nossos corações. Paleta sua.
Lá onde o sonho mora. Na carne de outro tempo que não é o nosso.
É lá que te encontro amiga. E aguardo sempre cada reencontro com o sorriso-miúdo-a-atirar-para-a-gargalhada que me atribuíste do alto da tua nuvem.
sábado, 1 de agosto de 2009
And now for something completely different!
Não sei se foi por ontem à "nôte" ter estado a ver os melhores momentos dos Monty Phyton, mas hoje apetece-me algo...bom...divertido.
E como quando se procura uma coisa, não raro acha-se outra completamente diferente, ontem deparei-me na minha interminável papelada alegremente mixed na gaveta, com esta lista (já antiga) de nomes próprios registados em vários cartórios espalhados por esse "Brásiu" fora. Como a lista é quase tão interminável quanto a minha papelada, fiz um best of.
Qualquer semelhança com lógica é pura ficção:
1º lugar: Colapso Cardíaco da Silva. (faria sucesso na TV, entraria directamente para o E.R!)
2º lugar: Avagina (em homenagem a Ava Gardner e Gina Lollobrigida!).
3º: Asteróide Silvério (how Carl Sagan of you...).
Mençôes honrosas:
- Hypotenusa Pereira (irmã de Cateto, prima do Quadrado?)
- Sansão Vagina (não seria Sansão Dalila?).
- Francisoreia Doroteia Dorida (aaiiiii!).
- Janeiro Fevereiro de Março Abril (e o Verão? discriminação!).
- Agrícola Beterraba Areia Leão (ía tudo tão bem encaminhado, e depois...Leão? que desconsolo!).
- Amado Amoroso (bom nome para um trovador).
- António Manso Pacífico de Oliveira Sossegado. (é a calma em pessoa!).
- Aricleia Café Chá (então? em que ficamos?).
- Rolando Escadabaixo (não queria viver no mesmo prédio dele).
e last but not the least: Chevrolet da Silva Ford. (todos os direitos reservados: publicidade explícita).
Podem não acreditar mas o que é certo, é que falando com antigos habitantes no Brasil, fiquei a conhecer o seguinte nome que dito e escrito todo juntinho não parece estranho (dentro da estranheza habitual dos nomes brasileiros): Madeinusa.
Agora dividam em sílabas e dá: Made-in-Usa. Isto porque a bebé em questão tinha sido feita nos EUA.
Depois disto creio que Chevrolet até é para "meninos".
E como quando se procura uma coisa, não raro acha-se outra completamente diferente, ontem deparei-me na minha interminável papelada alegremente mixed na gaveta, com esta lista (já antiga) de nomes próprios registados em vários cartórios espalhados por esse "Brásiu" fora. Como a lista é quase tão interminável quanto a minha papelada, fiz um best of.
Qualquer semelhança com lógica é pura ficção:
1º lugar: Colapso Cardíaco da Silva. (faria sucesso na TV, entraria directamente para o E.R!)
2º lugar: Avagina (em homenagem a Ava Gardner e Gina Lollobrigida!).
3º: Asteróide Silvério (how Carl Sagan of you...).
Mençôes honrosas:
- Hypotenusa Pereira (irmã de Cateto, prima do Quadrado?)
- Sansão Vagina (não seria Sansão Dalila?).
- Francisoreia Doroteia Dorida (aaiiiii!).
- Janeiro Fevereiro de Março Abril (e o Verão? discriminação!).
- Agrícola Beterraba Areia Leão (ía tudo tão bem encaminhado, e depois...Leão? que desconsolo!).
- Amado Amoroso (bom nome para um trovador).
- António Manso Pacífico de Oliveira Sossegado. (é a calma em pessoa!).
- Aricleia Café Chá (então? em que ficamos?).
- Rolando Escadabaixo (não queria viver no mesmo prédio dele).
e last but not the least: Chevrolet da Silva Ford. (todos os direitos reservados: publicidade explícita).
Podem não acreditar mas o que é certo, é que falando com antigos habitantes no Brasil, fiquei a conhecer o seguinte nome que dito e escrito todo juntinho não parece estranho (dentro da estranheza habitual dos nomes brasileiros): Madeinusa.
Agora dividam em sílabas e dá: Made-in-Usa. Isto porque a bebé em questão tinha sido feita nos EUA.
Depois disto creio que Chevrolet até é para "meninos".
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Wass up?
ou melhor: Brüno: Delicious Journeys Through America for the Purpose of Making Heterosexual Males Visibly Uncomfortable in the Presence of a Gay Foreigner in a Mesh T-Shirt
A nova aventura de Sacha Baron Cohen, former Borat, former Ali G, leva-nos da Áustria até aos EUA para um novo tour de entrevistas, relatos e imagens absolutamente hilariantes e não menos chocantes. Não pelo uso da imagem-escândalo típica em Cohen, pelo recurso ao nú explicíto ou às já habituais piscadelas de olho a referências culturais que se inscrevem na temática em questão. Desta feita o mundo gay. Os estereótipos, pelo menos (Lagarfeld, Soft Cell, Elton John, etc).
De entrevistas a manequins absolutamente ridículas, a visitas a acampamentos no mais profundo south americano (Alabama, Arkansas), ou ainda a incursões pelo Médio Oriente (ou será Middle Earth? E será Homus ou Hamas? Bruno is confused...), até diálogos hilariantes com pastores "converters" de homo em heterossexuais, Bruno leva-nos muito mais longe que ao coração dos EUA.
Faz-nos viajar pelas entranhas da hipocrisia, tacanhez e da sofreguidão pelo estrelato.
Quando o filme acaba a naúsea vai não para o nú de Cohen ou os jogos sexuais do seu personagem mas para a mentalidade daqueles que entrevistou.
Isso sim, é uma outra forma de terrorismo.
Asqueroso e chocante.
Não sendo para todos os estômagos, aconselho o seu visionamento a todos os que admiram, contudo os apêndices testiculares que Cohen demonstrou ter.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Aperitivo...
Jet d'eau, Genève. (Só para dar um gostinho, uma espécie de "apéro", como dizem os Suíços).
Bem e cá estou eu, de volta, tal como prometido e previsto. E livre de qualquer indício de gripe que estou, mal chego à "pátria mãe", esperam-me dois cafés (as saudades que eu já tinha da minha alegre cafeína...) avec deux grands amies. Daqueles que, apesar da necessidade de cafeína que saiba de facto a tal, servem apenas como pretexto para dar contexto à reposição da conversa em atraso e mitigar as saudades.
Falta-me ainda fazer aqui o resumo da voyage. Mas isso fica para amanhã (or so I intend). Para hoje ficam as conversas, as saudades, o chocolate, o rosto de um bebé, a felicidade de saber que outro vem a caminho e ter saído de casa e ver que Lisboa estava linda.
O Verão fica-lhe tão bem.
terça-feira, 21 de julho de 2009
To Geneva with love (friendship)
Pois é, o grande dia (manhã, mais precisamente) aproxima-se a passos largos. Tão largos que é já amanhã...
E nada melhor para acompanhar passos por terras nunca antes pisadas que o calçado certo. E a par com a nova aquisição pedestre, ainda recebi um "miminho" para acompanhar outra parte do corpo.
Tudo faz "pendant". Sobretudo com a viagem. E comigo.
Obrigada pela pulseira, A. Bom gosto. Como sempre.
Falta só não ter a sensação que falta (sempre) alguma coisa mais, que não me esqueci de nada...que o despertador vai tocar à hora certa e que não vou dar uma das minhas "barracas" típicas nos aeroportos.
E então, até domingo. Espero voltar com mais bagagem (chocolates a pedido) e o mesmo peso. E claro "gripe A" free.
Como digo aos que gosto: "Ti jei".
domingo, 19 de julho de 2009
Os meus vícios de verão
- Chiclets Fire (ou o poder da Canela, nham nham).
- Maçãs Granny Smith (uma por dia nem sabe o bem que lhe fazia).
- O cafezinho ao fim da manhã (ali entre as 11h e o meio dia).
- As séries da Fox (corro o risco de brain explosion due to overexposion).
- As doses massivas de salmão fumado que mando para o saco estomacal (e por selecção natural, para a veia).
- Reposição dos valores de cinefilia que estavam anémicos.
- Produção de maiores níveis de melanina. Mas sempre atenta ao melanoma.
- As viagens/deambulações/passeios. There's no such thing as too much wandering...
E os (bons)amigos sempre ali tão perto.
- Maçãs Granny Smith (uma por dia nem sabe o bem que lhe fazia).
- O cafezinho ao fim da manhã (ali entre as 11h e o meio dia).
- As séries da Fox (corro o risco de brain explosion due to overexposion).
- As doses massivas de salmão fumado que mando para o saco estomacal (e por selecção natural, para a veia).
- Reposição dos valores de cinefilia que estavam anémicos.
- Produção de maiores níveis de melanina. Mas sempre atenta ao melanoma.
- As viagens/deambulações/passeios. There's no such thing as too much wandering...
E os (bons)amigos sempre ali tão perto.
sábado, 18 de julho de 2009
Hipocrisia em análise(s)
Ora e hoje o tema é HIPOCRISIA. E as "CAPS" são propositadas, não um "lapsus escritum" (passe o neologismo).
Os homossexuais (masculinos) estão proibidos de dar sangue neste nosso país. Pequenino e cada vez estreitinho. Tão apertadinho em mentalidade que qualquer dia não há preservativo que nos valha (caiba).
É das coisas mais estúpidas que já li, ouvi e tenho de "comer". E a história já não é nova, que estas coisas da tacanhez são já ex-libris da mente portuga.
Ainda eu era menina e moça (adolescente vá) e já se ouvia que os gays (na altura não se usava esta expressão, optava-se pelo grosseirismo mesmo puro e duro) eram a causa de todas as maleitas da humanidade. Agora desconfio até que já faltou mais para se culpar a comunidade gay pela gripe A. Riam-se, riam-se mas olhem que depois não digam que nos avisei.
Segundo li algures em várias publicaçoões e vi alguns programas de televisão (sem a chancela do mau gosto brejeiro) o grupo de risco que tem vindo a grassar mais vítimas do vírus HIV são os heterosseuxais na faixa dos 50 e por aí acima. Isto porque é uma geração cujos problemas de faltinha de vista impede de lerem o que se passa à volta e de pensarem, no tipo de raciocínio eminentemente "Tuguês", que "isso só acontece aos panisgas e às meninas da vida".
Ora o que me surpreende do alto da minha inocência dos 30, é que essas ditas "meninas" não trabalham individualmente. O seu trabalho é sempre a pares ou, por vezes, em grupos...e nesses grupos muitos desses senhores estão lá, pilocas ao léu que isso dos preservativos´é, lá está, para "pane...".
E como tal, eles "pimba" (todos os direitos reservados ao senhor Emanuel) e depois como prenda de mais um aniversário de casamento, dão-lhe não um anel, ou até um beijo, um jantar surpresa ou um passeio a dois, mas antes a notícia da transmissão do vírus. Mas juram a pés juntos que "foi só uma vez e não teve qualquer signficado".
Não sei o que é mais ofensivo: se o revelarem esse triste vatícinio ou se pensarem que as mulheres são mesmo estúpidas e acreditam nisso.
Eu não posso dar sangue, não pela minha orientação sexual mas pelo meu peso. Faz sentido, não posso dar algo que me faz, claramente, falta.
Isto é lógico. Inscreve-se na linha do bom senso. O que não faz sentido é barrar à partida um conjunto de pessoas que por amarem ou desejarem e, como tal, dormirem com pessoas do mesmo sexo, se vêem impedidas de ajudar amigos, conhecidos ou até completos desconhecidos. Isto deveria ser louvado, não vedado.
Há pessoas altruístas, conscientes do seu papel cívico. Muitas delas até são gays. Veja-se lá bem isto! Ele há coisas...
Muitas vezes troça-se de homossexuais dizendo que se cuidam demasiado, que dão exagerada importância ao aspecto físico, que são "gym freaks", que sabem sempre tudo sobre novos produtos de saúde, cosmética e afins.
Ainda gostava de saber onde é que isso é errado? Qual é a lei ou planeta que impede que isso faça sentido?
E se se tratam assim tanto, então, muito provavelmente, isso quererá dizer que vão mais vezes ao médico, fazem exames com muito maior regularidade (que eu fazem de certeza) e que se protegem em relação às DST de forma muito mais cuidada que muitos heterossexuais, certo?
Mas isto é só a lógica e o bom-senso a falarem. Mas quem é que precisa disso num hospital quando o que está em questão é a vida de outro ser humano? Que tudo o que precisa é de sangue saudável, limpo?
O que cada vez mais constato é que não é de sangue limpo que precisamos. Desse (ainda) há muito. Precisa-se, urgentemente, é de limpar a "surro" que habita a Mente Doente da Saúde em Portugal.
Essa sim precisa de ser analisada.
Os homossexuais (masculinos) estão proibidos de dar sangue neste nosso país. Pequenino e cada vez estreitinho. Tão apertadinho em mentalidade que qualquer dia não há preservativo que nos valha (caiba).
É das coisas mais estúpidas que já li, ouvi e tenho de "comer". E a história já não é nova, que estas coisas da tacanhez são já ex-libris da mente portuga.
Ainda eu era menina e moça (adolescente vá) e já se ouvia que os gays (na altura não se usava esta expressão, optava-se pelo grosseirismo mesmo puro e duro) eram a causa de todas as maleitas da humanidade. Agora desconfio até que já faltou mais para se culpar a comunidade gay pela gripe A. Riam-se, riam-se mas olhem que depois não digam que nos avisei.
Segundo li algures em várias publicaçoões e vi alguns programas de televisão (sem a chancela do mau gosto brejeiro) o grupo de risco que tem vindo a grassar mais vítimas do vírus HIV são os heterosseuxais na faixa dos 50 e por aí acima. Isto porque é uma geração cujos problemas de faltinha de vista impede de lerem o que se passa à volta e de pensarem, no tipo de raciocínio eminentemente "Tuguês", que "isso só acontece aos panisgas e às meninas da vida".
Ora o que me surpreende do alto da minha inocência dos 30, é que essas ditas "meninas" não trabalham individualmente. O seu trabalho é sempre a pares ou, por vezes, em grupos...e nesses grupos muitos desses senhores estão lá, pilocas ao léu que isso dos preservativos´é, lá está, para "pane...".
E como tal, eles "pimba" (todos os direitos reservados ao senhor Emanuel) e depois como prenda de mais um aniversário de casamento, dão-lhe não um anel, ou até um beijo, um jantar surpresa ou um passeio a dois, mas antes a notícia da transmissão do vírus. Mas juram a pés juntos que "foi só uma vez e não teve qualquer signficado".
Não sei o que é mais ofensivo: se o revelarem esse triste vatícinio ou se pensarem que as mulheres são mesmo estúpidas e acreditam nisso.
Eu não posso dar sangue, não pela minha orientação sexual mas pelo meu peso. Faz sentido, não posso dar algo que me faz, claramente, falta.
Isto é lógico. Inscreve-se na linha do bom senso. O que não faz sentido é barrar à partida um conjunto de pessoas que por amarem ou desejarem e, como tal, dormirem com pessoas do mesmo sexo, se vêem impedidas de ajudar amigos, conhecidos ou até completos desconhecidos. Isto deveria ser louvado, não vedado.
Há pessoas altruístas, conscientes do seu papel cívico. Muitas delas até são gays. Veja-se lá bem isto! Ele há coisas...
Muitas vezes troça-se de homossexuais dizendo que se cuidam demasiado, que dão exagerada importância ao aspecto físico, que são "gym freaks", que sabem sempre tudo sobre novos produtos de saúde, cosmética e afins.
Ainda gostava de saber onde é que isso é errado? Qual é a lei ou planeta que impede que isso faça sentido?
E se se tratam assim tanto, então, muito provavelmente, isso quererá dizer que vão mais vezes ao médico, fazem exames com muito maior regularidade (que eu fazem de certeza) e que se protegem em relação às DST de forma muito mais cuidada que muitos heterossexuais, certo?
Mas isto é só a lógica e o bom-senso a falarem. Mas quem é que precisa disso num hospital quando o que está em questão é a vida de outro ser humano? Que tudo o que precisa é de sangue saudável, limpo?
O que cada vez mais constato é que não é de sangue limpo que precisamos. Desse (ainda) há muito. Precisa-se, urgentemente, é de limpar a "surro" que habita a Mente Doente da Saúde em Portugal.
Essa sim precisa de ser analisada.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Recital e tal...
Ora cá está algo que aconselho vivamente a quem possa ir ver (e até mesmo aos que não podem). Como a sessão de hoje já terminou, resta-vos amanhã, pelas 22h ali para os lados do Chiado, mais precisamente no Largo de S. Carlos.
Os actores são fabulosos, mas isso já era de esperar, afinal falamos de Miguel Guiherme, Rita Blanco e Diogo Dória, o espaço é bonito, a acústica não é má, o que até é raro, tratando-se de um espectáculo ao ar livre, e os textos esses são de finíssimo recorte: de Bocage a Miguel Esteves Cardoso, passando ainda por Mário Henrique Lisboa, Pedro Mexia ou Almada Negreiros.
De ir e chorar (a rir) por mais.
Ah e a cereja no topo do bolo: a entrada é grátis.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Tough choice...
Andava eu no meu périplo diário pelos blogs do costume, quando no habitual satlitar por links nunca dantes navegados, me deparei com esta pérola no blog Vendo a minha mãe, que é a minha mais recente descoberta.
Dá quase vontade de perguntar a quanto é a chicotada, porque se cada uma for a um euro, se calhar o mero "convívio" compensa. Falar, parecendo que não, sempre fica mais baratinho. Uma espécie de "Preço Verde" como na Fnac.
Se gostaram disto, vão ao link que já aqui adicionei e verão que there's a lot more where this came from.
terça-feira, 14 de julho de 2009
It's business time...
Estes fabulosos senhores sáo um duo cuja graça se intitula Flight of the Conchords...e a par com o senhor Gervais, são das melhores coisinhas que o humor já viu... Enjoy.
Over and out.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Angle's statue...
Preciso de passar as fotos das férias em Sesimbra para aqui. preciso mandá-las para a F e ela para o restante pessoal que lá esteve. Preciso de dizer à F o quanto adorei ter podido conhecê-la melhor e comprovar o ser humano maravilhoso que é (mesmo sabendo que me vai dizer que não o é assim tanto, mas ainda bem que as opiniões divergem).
Preciso de escrever textos e limpar (melhor) a casa. Preciso de ver os filmes saborosos que me esperam ali dentro do móvel da TV. Preciso de acabar de ler o livro do Mr. Barry para entrar dentro d' A Fenda da dona Lessing.
Todavia e porque este fim-de-semana me deu a conhecer o seguinte excerto, através da minha querida P. deixo tudo em suspenso, atiro para o alto numa bolha suspensa de tempo tudo o resto, e os dedos impelem-me a passar para aqui o dito texto.
Cá vai.
"Segunda veladora:
(...) _ AS mãos não são verdadeiras, nem reais... São mistérios que habitam na nossa vida... às vezes, quando fito as minhas mãos tenho medo de Deus... Não há vento que mova as chamas das velas, e olhai, elas movem-se.
Para onde se inclinam elas?... Que pena se alguém pudesse responder!... Sinto-me desejosa de ouvir músicas bárbaras que devem agora estar tocando em palácios de outros continentes... É sempre longe na minha alma...talvez porque, quando criança, corri atrás das ondas à beira-mar, levei a vida pela mão entre os rochedos, maré-baixa, quando o mar parece ter cruzado as mãos sobre o peito e ter adormecido como uma estátua de anjo para que nunca mais ninguém olhasse...(...)".
Fernando Pessoa, O Marinheiro.
Preciso de escrever textos e limpar (melhor) a casa. Preciso de ver os filmes saborosos que me esperam ali dentro do móvel da TV. Preciso de acabar de ler o livro do Mr. Barry para entrar dentro d' A Fenda da dona Lessing.
Todavia e porque este fim-de-semana me deu a conhecer o seguinte excerto, através da minha querida P. deixo tudo em suspenso, atiro para o alto numa bolha suspensa de tempo tudo o resto, e os dedos impelem-me a passar para aqui o dito texto.
Cá vai.
"Segunda veladora:
(...) _ AS mãos não são verdadeiras, nem reais... São mistérios que habitam na nossa vida... às vezes, quando fito as minhas mãos tenho medo de Deus... Não há vento que mova as chamas das velas, e olhai, elas movem-se.
Para onde se inclinam elas?... Que pena se alguém pudesse responder!... Sinto-me desejosa de ouvir músicas bárbaras que devem agora estar tocando em palácios de outros continentes... É sempre longe na minha alma...talvez porque, quando criança, corri atrás das ondas à beira-mar, levei a vida pela mão entre os rochedos, maré-baixa, quando o mar parece ter cruzado as mãos sobre o peito e ter adormecido como uma estátua de anjo para que nunca mais ninguém olhasse...(...)".
Fernando Pessoa, O Marinheiro.
sábado, 11 de julho de 2009
Da síndrome do caracol
Nunca como agora a expressão silly season ganhou tanto significado como agora.
Que o Verão acelera os batimentos cardíacos por esses praias fora (pelo menos aquelas em que se tem 50 centímetros de espaço para se estender a toalha), que a vontade de sair à noite aumenta para se aproveitar o “fresquinho” da noite (que agora se confunde com aquele fresco a que chamamos frio de Inverno, mas sendo Verão, fica melhor dizer “fresco) e que muitos andam mais alegres com a perspectiva das férias.
Ora as férias…para o Portuga médio, como se sabe, representa duas coisas: ir para a “santa terrinha”, que costuma ser nas Beiras ou no Alentejo (o Allgarve é para a Maya e a Marta Aragão Pinto) e que significa demorar 48 horas a preparar a bagagem -incluindo comida e bens necessários que, obviamente, existem em grande quantidade no destino para onde vão, mas que mesmo assim, “nunca se sabe e lá é tudo mais barato”- até quando tem o mesmo preço.
O português gosta de todo este ritual, vive com a eterna síndrome do caracol. E a casa às costas não lhe chega. Tem de levar ainda a roupa, a comida, os sacos de plástico, o papel higiénico (na “terra” não há?) e claro, sente-se satisfeito quando o peso do veículo excede em quase 20 kilos a sua capacidade normal. E se houver um acidente? “Não que eu tenho uma condução defensiva”. Sim com 20 kilos a mais tem uma condução defensiva… para as mercearias que vão carinhosamente acondicionadas lá atrás, mas para os seres humanos que consigo viajam, a conversa já será outra.
A outra coisa que o português associa a férias é o campismo. O português não acampa. “Faz” campismo. Torna-se uno com aquele solo, aquelas tendas e roulottes. E claro, os quinze primos, os sogros, os filhos e os tios vão consigo. Não há nada como o calor humano no meio da natureza. E a Camping Gaz. E leva assim o fogão, as mesas, cadeiras, roupas, tachos, panelas, o palitinho, e o repelente para as “melgas”.
E no âmago de tudo isto está a mãe de família. A mulher do “Zé”, que continua a cozinhar (mas agora para 15 em vezes de 4), lavar, passar(?), tomar conta dos filhos (e dos filhos dos outros) e que se mostra feliz, encantada com aquelas férias “sossegadas e baratas”.
E o Zé e os seus primos e amigos lá estão, sentados nas cadeiras de plástico, a jogar à “sueca”, a beber mais meio litro de cerveja, e a pensar, deleitados, na “soneca” que vão fazer. A “Maria”? Essa está perto do alguidar, na sua segunda ronda de loiça.
E que bem se está no campo…
Vanessa Limpo
in "Expresso Sem Mais", edição de 11 de Julho de 2009.
Que o Verão acelera os batimentos cardíacos por esses praias fora (pelo menos aquelas em que se tem 50 centímetros de espaço para se estender a toalha), que a vontade de sair à noite aumenta para se aproveitar o “fresquinho” da noite (que agora se confunde com aquele fresco a que chamamos frio de Inverno, mas sendo Verão, fica melhor dizer “fresco) e que muitos andam mais alegres com a perspectiva das férias.
Ora as férias…para o Portuga médio, como se sabe, representa duas coisas: ir para a “santa terrinha”, que costuma ser nas Beiras ou no Alentejo (o Allgarve é para a Maya e a Marta Aragão Pinto) e que significa demorar 48 horas a preparar a bagagem -incluindo comida e bens necessários que, obviamente, existem em grande quantidade no destino para onde vão, mas que mesmo assim, “nunca se sabe e lá é tudo mais barato”- até quando tem o mesmo preço.
O português gosta de todo este ritual, vive com a eterna síndrome do caracol. E a casa às costas não lhe chega. Tem de levar ainda a roupa, a comida, os sacos de plástico, o papel higiénico (na “terra” não há?) e claro, sente-se satisfeito quando o peso do veículo excede em quase 20 kilos a sua capacidade normal. E se houver um acidente? “Não que eu tenho uma condução defensiva”. Sim com 20 kilos a mais tem uma condução defensiva… para as mercearias que vão carinhosamente acondicionadas lá atrás, mas para os seres humanos que consigo viajam, a conversa já será outra.
A outra coisa que o português associa a férias é o campismo. O português não acampa. “Faz” campismo. Torna-se uno com aquele solo, aquelas tendas e roulottes. E claro, os quinze primos, os sogros, os filhos e os tios vão consigo. Não há nada como o calor humano no meio da natureza. E a Camping Gaz. E leva assim o fogão, as mesas, cadeiras, roupas, tachos, panelas, o palitinho, e o repelente para as “melgas”.
E no âmago de tudo isto está a mãe de família. A mulher do “Zé”, que continua a cozinhar (mas agora para 15 em vezes de 4), lavar, passar(?), tomar conta dos filhos (e dos filhos dos outros) e que se mostra feliz, encantada com aquelas férias “sossegadas e baratas”.
E o Zé e os seus primos e amigos lá estão, sentados nas cadeiras de plástico, a jogar à “sueca”, a beber mais meio litro de cerveja, e a pensar, deleitados, na “soneca” que vão fazer. A “Maria”? Essa está perto do alguidar, na sua segunda ronda de loiça.
E que bem se está no campo…
Vanessa Limpo
in "Expresso Sem Mais", edição de 11 de Julho de 2009.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
"F"...de fériasssssssssssssssss :D
Bem e é desta...ao fim de uns mesitos de lavoura por terras da educação dos "piquenos" deste país, lá vou "partir naquela estrada" (sendo esta a part I da "saga")lá para fora cá dentro por uns diazitos que espero serem, no mínimo dos mínimos, fantásticos, nao menos maravilhosos com uma pitada de divertídíssimos pelo meio!
Isto no mínimo. No máximo, espero serem inesquecíveis.
Em linguagem de teste, claro que opto pela alínea "b".
Isto no mínimo. No máximo, espero serem inesquecíveis.
Em linguagem de teste, claro que opto pela alínea "b".
terça-feira, 30 de junho de 2009
Um tipo de tempero...
Hoje fizeste 63 anos. Amanhã é a M. Menos uns (bons) quantos.
Almoçámos, estivemos juntos como sempre quando cá estás. Sei que nunca te basta. Creio que aos pais nunca basta porque o vosso amor por nós alimenta-se de nós e quando estamos juntos vejo-o crescer.
É bom P. É muito bom. Mas hoje é o teu dia. Hoje o princípe foste tu.
Há dias, houve dias em que não apetecia ver-te, estar contigo. Quem me ler pode-me achar uma cobra daquelas que sibila veneno pela língua mas os 30 anos dão-me esta espécie de segurança (por mínima que seja, às vezes) de me estar a marimbar para o que os outros (ou alguns quantos outros, pelo menos) pensam.
Todos os filhos, aliás todas as pessoas em todo o tipo de relações têm desses dias. Feitos de nuvens e de cinza-escura em que, pela mão da mágoa, desejam esse afastamento, esse titubeante isolar. Recolher obrigatório até que a chuva da Dor passe, tornando-se aguaceiro fraco. Até o sol da ferida ter secado e a saudade voltar a bombear o coração.
Hoje queria muito estar contigo. Aliás toda esta "vez", como nós lhe chamamos. Este "turno" (shift como tu dirias no inglês que te é imediato)chamou mais por ti que outros. Egoísmo meu? Sem margem para dúvidas.
Eu sei porquê. E tu também. Mas se não fosse aos trinta que me torno um pouco (mais) egoísta, então quando seria?
Quando nasci, tinhas trinta e dois. Hoje pensei muito nisso. Talvez pela proximidade em relação a esse número. Estou lá perto e espero lá chegar. Creio que sim, pois como fui enxertada em corno de cabra (salvo seja) creio que chegarei mesmo e muitos mais farei.
Até porque tu o desejas e os desejos dos pais têm muita força.
Hoje estavas (ainda mais) bonito. Claro que já o és e que estou a ser totalmente tendenciosa mas quero bem saber. És meu e eu é que sei.
Hoje quis muito estar contigo. Já o disse? Pelos vistos não foi ainda suficiente pois os caracteres saem à mesma. Falámos dos hamburgers na Costa e nas idas ao Galeto e ao MacDonald's (se este blog vivesse de publiciade já estava bem lançada, com direito a férias numa ilha tropical plena de dengue e malária e tudo) do Saldanha quando ainda não havia outro e era um luxo lá ir, pois os outros colegas da escola nunca lá íam.
Quanto mais cresço do alto da minha baixa estatura mais consciente me torno do "rabo virado para a Lua" que tenho. Já mo disseram muitas vezes, provavelmente não no melhor tom nem com a melhor das intenções mas essas ficam sempre com as quem pratica. E ainda assim foram aceites.
Esta coisa da idade torna-nos mesmo mais tolerantes. Não em tudo. Em certos aspectos até mais intransigentes, mas no que toca à disponibilidade para o que é Diferente de nós, creio que sim.
Discordamos em tanta coisa P. Ainda hoje disseste coisas que se opõem a muita coisa em que acredito. Oiço-te deliciada porque és meu e sei que se o dizes é porque a tua crença assim to dita. Quem sou eu para me colocar acima dos teus 63?
Egoísta que sou queria-te cá, pelo menos, outros 63. Sei que é possível pois nunca acabarás. Para isso tenho uma irmã que anseio que se reproduza (K, esses trabalhos de casa nao estão a ser feitos!!).
Gosto do teu bom coração (é que é mesmo bom, porra), a tua disponibilidade e espírito de sacríficio que não existe quase. E disso sei bem pois vivendo eu de Pessoas, observo-o bem e já o senti na pele. Gosto da tua voz. E das tuas mãos. Não por serem parecidas com as minhas, mas porque se deram às minhas tantas vezes quando era (mais) pequenina. Gosto do teu riso, da tua gargalhada. E dos teus nervos nos jogos do Benfica. Admiro a tua paciência (quem mais iria ao estádio do Bonfim procurar a seguir a um jogo com o SLB um aparelho para os dentes que todos sabíamos ser impossível lá se encontrar ainda?).
Do que gostava? De te ver sempre bem, feliz quando a felicidade o permite e bem de saúde como até agora. Já sabes: mais 63, no minímo. I aim high.
Gostava que não sofresses tanto o Amor. Hoje li numa entrevista de uma conhecida actriz braileira (tem menos um aninho que tu, e ainda está para as curvas, seria jeitosa para ti) que disse algo que só os 62 lhe trouxeram e deixo aqui para ti e para quem se queira permitir viver.
De preferência sem trevas.
"Já sofreu muito por amor?
"Nao. O sofrimento aceitável no amor é um truque romântico, um tipo de tempero, só tem sentido se for em doses homeopáticas. Amor não combina com sofrimento, isso é coisa de masoquista. Discutir, negociar, até brigar, tudo isso faz parte de uma relação amorosa saudável, são coisas que fortalecem. Quando o motivo do sofrimento na relação é a incompatibilidade séria com o parceiro, aí não dá."
E quem fala assim, não é gago.
No mínimo, lúcido. Muito lúcido.
E eu gosto disso. Parabéns P.
Almoçámos, estivemos juntos como sempre quando cá estás. Sei que nunca te basta. Creio que aos pais nunca basta porque o vosso amor por nós alimenta-se de nós e quando estamos juntos vejo-o crescer.
É bom P. É muito bom. Mas hoje é o teu dia. Hoje o princípe foste tu.
Há dias, houve dias em que não apetecia ver-te, estar contigo. Quem me ler pode-me achar uma cobra daquelas que sibila veneno pela língua mas os 30 anos dão-me esta espécie de segurança (por mínima que seja, às vezes) de me estar a marimbar para o que os outros (ou alguns quantos outros, pelo menos) pensam.
Todos os filhos, aliás todas as pessoas em todo o tipo de relações têm desses dias. Feitos de nuvens e de cinza-escura em que, pela mão da mágoa, desejam esse afastamento, esse titubeante isolar. Recolher obrigatório até que a chuva da Dor passe, tornando-se aguaceiro fraco. Até o sol da ferida ter secado e a saudade voltar a bombear o coração.
Hoje queria muito estar contigo. Aliás toda esta "vez", como nós lhe chamamos. Este "turno" (shift como tu dirias no inglês que te é imediato)chamou mais por ti que outros. Egoísmo meu? Sem margem para dúvidas.
Eu sei porquê. E tu também. Mas se não fosse aos trinta que me torno um pouco (mais) egoísta, então quando seria?
Quando nasci, tinhas trinta e dois. Hoje pensei muito nisso. Talvez pela proximidade em relação a esse número. Estou lá perto e espero lá chegar. Creio que sim, pois como fui enxertada em corno de cabra (salvo seja) creio que chegarei mesmo e muitos mais farei.
Até porque tu o desejas e os desejos dos pais têm muita força.
Hoje estavas (ainda mais) bonito. Claro que já o és e que estou a ser totalmente tendenciosa mas quero bem saber. És meu e eu é que sei.
Hoje quis muito estar contigo. Já o disse? Pelos vistos não foi ainda suficiente pois os caracteres saem à mesma. Falámos dos hamburgers na Costa e nas idas ao Galeto e ao MacDonald's (se este blog vivesse de publiciade já estava bem lançada, com direito a férias numa ilha tropical plena de dengue e malária e tudo) do Saldanha quando ainda não havia outro e era um luxo lá ir, pois os outros colegas da escola nunca lá íam.
Quanto mais cresço do alto da minha baixa estatura mais consciente me torno do "rabo virado para a Lua" que tenho. Já mo disseram muitas vezes, provavelmente não no melhor tom nem com a melhor das intenções mas essas ficam sempre com as quem pratica. E ainda assim foram aceites.
Esta coisa da idade torna-nos mesmo mais tolerantes. Não em tudo. Em certos aspectos até mais intransigentes, mas no que toca à disponibilidade para o que é Diferente de nós, creio que sim.
Discordamos em tanta coisa P. Ainda hoje disseste coisas que se opõem a muita coisa em que acredito. Oiço-te deliciada porque és meu e sei que se o dizes é porque a tua crença assim to dita. Quem sou eu para me colocar acima dos teus 63?
Egoísta que sou queria-te cá, pelo menos, outros 63. Sei que é possível pois nunca acabarás. Para isso tenho uma irmã que anseio que se reproduza (K, esses trabalhos de casa nao estão a ser feitos!!).
Gosto do teu bom coração (é que é mesmo bom, porra), a tua disponibilidade e espírito de sacríficio que não existe quase. E disso sei bem pois vivendo eu de Pessoas, observo-o bem e já o senti na pele. Gosto da tua voz. E das tuas mãos. Não por serem parecidas com as minhas, mas porque se deram às minhas tantas vezes quando era (mais) pequenina. Gosto do teu riso, da tua gargalhada. E dos teus nervos nos jogos do Benfica. Admiro a tua paciência (quem mais iria ao estádio do Bonfim procurar a seguir a um jogo com o SLB um aparelho para os dentes que todos sabíamos ser impossível lá se encontrar ainda?).
Do que gostava? De te ver sempre bem, feliz quando a felicidade o permite e bem de saúde como até agora. Já sabes: mais 63, no minímo. I aim high.
Gostava que não sofresses tanto o Amor. Hoje li numa entrevista de uma conhecida actriz braileira (tem menos um aninho que tu, e ainda está para as curvas, seria jeitosa para ti) que disse algo que só os 62 lhe trouxeram e deixo aqui para ti e para quem se queira permitir viver.
De preferência sem trevas.
"Já sofreu muito por amor?
"Nao. O sofrimento aceitável no amor é um truque romântico, um tipo de tempero, só tem sentido se for em doses homeopáticas. Amor não combina com sofrimento, isso é coisa de masoquista. Discutir, negociar, até brigar, tudo isso faz parte de uma relação amorosa saudável, são coisas que fortalecem. Quando o motivo do sofrimento na relação é a incompatibilidade séria com o parceiro, aí não dá."
E quem fala assim, não é gago.
No mínimo, lúcido. Muito lúcido.
E eu gosto disso. Parabéns P.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Epa...epa está-me mesmo por baixo da língua...
Entrevista de rua a jovens universítários à porta dos respectivos estabelecimentos de ensino que foi feita no novo programa do Nilton (e de outros tantos apresentadores) na RTP2, 5 para a Meia Noite.
Se eu não andasse "metida" nesta coisa da educação até que estranhava. Ficaria boquiaberta. Assim, apenas oiço, e vou ali para o quarto chorar meia horinha e rezar para que o pesadelo acabe.
sábado, 27 de junho de 2009
"Ich weiss jetzt was kein Engel weiss"
Marion: - "Olha para mim ou não.
Dá-me a tua mão, ou não.
Não, não me dês a mão, nem olhes para mim.
Creio que hoje é lua nova.
Não há noite mais tranquila.
Não correrá sangue na cidade.
Nunca brinquei com ninguém,
No entanto, nunca abri os olhos e pensei:
"Agora é a sério!".
Assim fiquei mais velha.
Apenas eu era pouco séria?
O tempo é coisa pouco séria?
Nunca fui solitária, nem quando estava só.
Nem quando estava com alguém.
Mas gostaria de ser solitária.
A solidão significa: "sou um ser completo".
Posso dizê-lo hoje porque hoje estou finalmente solitária.
Acabaram os acasos.
Lua nova da decisão.
Não sei se há o destino, mas há uma decisão.
Decide-te. Nós somos agora o tempo.
Não só a cidade inteira
mas o mundo todo participa na nossa decisão.
Nós dois somos agora mais do que dois.
Personificamos algo.
Estamos na praça do povo e a praça está cheia de pessoas que desejam o mesmo que nós.
Nós é que decidimos o jogo de todas elas.
Eu estou pronta.
Agora é a tua vez. Agora ou nunca.
Tu precisas de mim.
Vais precisar de mim..
Não há história maior que a de nós dois:
homem e mulher.
Será uma história de gigantes.
Invisível, intransmíssivel.
Uma história de novos progenitores.
(...) A noite passada sonhei com um desconhecido.
O meu homem.
Só com ele podia ser solitária e abrir-me.
Inteira, totalmente para ele.
Deixá-lo entrar totalmente como um todo em mim,
cercá-lo com o labirinto da felicidade partilhada.
Eu sei, és tu."
Damiel (pensando):
"Aconteceu algo.
Continua a acontecer.
É inevitável.
Era noite e agora é dia. Agora ainda mais.
Quem era quem? Eu estava nela e ela em redor de mim.
Quem pode afirmar que alguém, alguma vez esteve unido a um outro ser humano?
Eu sou uno.
Não foi gerada uma criança mortal, mas uma imagem colectiva imortal.
Esta noite aprendi a admirar-me.
Ela levou-me a casa, e eu encontrei-me em casa.
Era uma vez. Era uma vez e por isso será.
A imagem que gerámos é a que me acompanhará na morte.
Terei vivido dentro dela.
Somente o espanto entre nós dois e o espanto sobre o homem e a mulher
fez de mim um ser humano.
Eu sei agora o que nenhum anjo sabe."
Excertos das falas finais d' Asas do desejo, de Wim Wenders, 1987.
Dá-me a tua mão, ou não.
Não, não me dês a mão, nem olhes para mim.
Creio que hoje é lua nova.
Não há noite mais tranquila.
Não correrá sangue na cidade.
Nunca brinquei com ninguém,
No entanto, nunca abri os olhos e pensei:
"Agora é a sério!".
Assim fiquei mais velha.
Apenas eu era pouco séria?
O tempo é coisa pouco séria?
Nunca fui solitária, nem quando estava só.
Nem quando estava com alguém.
Mas gostaria de ser solitária.
A solidão significa: "sou um ser completo".
Posso dizê-lo hoje porque hoje estou finalmente solitária.
Acabaram os acasos.
Lua nova da decisão.
Não sei se há o destino, mas há uma decisão.
Decide-te. Nós somos agora o tempo.
Não só a cidade inteira
mas o mundo todo participa na nossa decisão.
Nós dois somos agora mais do que dois.
Personificamos algo.
Estamos na praça do povo e a praça está cheia de pessoas que desejam o mesmo que nós.
Nós é que decidimos o jogo de todas elas.
Eu estou pronta.
Agora é a tua vez. Agora ou nunca.
Tu precisas de mim.
Vais precisar de mim..
Não há história maior que a de nós dois:
homem e mulher.
Será uma história de gigantes.
Invisível, intransmíssivel.
Uma história de novos progenitores.
(...) A noite passada sonhei com um desconhecido.
O meu homem.
Só com ele podia ser solitária e abrir-me.
Inteira, totalmente para ele.
Deixá-lo entrar totalmente como um todo em mim,
cercá-lo com o labirinto da felicidade partilhada.
Eu sei, és tu."
Damiel (pensando):
"Aconteceu algo.
Continua a acontecer.
É inevitável.
Era noite e agora é dia. Agora ainda mais.
Quem era quem? Eu estava nela e ela em redor de mim.
Quem pode afirmar que alguém, alguma vez esteve unido a um outro ser humano?
Eu sou uno.
Não foi gerada uma criança mortal, mas uma imagem colectiva imortal.
Esta noite aprendi a admirar-me.
Ela levou-me a casa, e eu encontrei-me em casa.
Era uma vez. Era uma vez e por isso será.
A imagem que gerámos é a que me acompanhará na morte.
Terei vivido dentro dela.
Somente o espanto entre nós dois e o espanto sobre o homem e a mulher
fez de mim um ser humano.
Eu sei agora o que nenhum anjo sabe."
Excertos das falas finais d' Asas do desejo, de Wim Wenders, 1987.
Subscrever:
Mensagens (Atom)