Será impressão minha ou estamos a atravessar uma fase em que, para além da “pandemia” da crise (retórica que nos penetra diariamente por todos os poros e chegando, temo, até à derme), vemos nascer outras que, tendo-se iniciado há cerca de uns dois anos, talvez perante este cenário crítico se venham a acentuar ultimamente.
Ora, o fenómeno de que falo apresenta uma sintomatologia que começa aquando de uma súbita disponibilidade de tempo. A partir daí, criam-se as condições certas para que este “vírus” se espalhe, originando até estirpes diferentes e, muitas vezes, mais fortes do que as suas antecessoras.
Falo-vos de bricolage, se é que este termo será o mais apropriado. Refiro-me àquelas novas criações em feltro, gesso, ou à “mãe” de todas as técnicas: a do guardanapo que, segundo compreendo, permite assim decalcar um desenho para qualquer superfície.
Até aqui tudo bem… todos têm o direito de fazer o que bem entendem com o seu tempo (mais) livre. O que não entendo é por que é eu tenho a caixa de e-mail invadida por amigos de amigos de amigos (um pouco como as sete saias da Nazaré, em camadas) que me sugerem novos “brindes”, como caixas, porta-chaves, peças para enfeite de maçanetas (elas bem que se sentiam sozinhas antes de terem a “Kitty” como vizinha, contudo sonham ainda com o dia em que o “Ruca” lhes bata-literalmente-à porta), molduras, ganchos, bonecos para os ganchos e botões para os bonecos dos ganchos… confuso? Eu também.
Enalteço a Criatividade. Compreendo que em tempos mais difíceis as pessoas descubram em si talentos inusitados, não porque se reinventaram de repente mas porque a necessidade ao engenho conduz, parafraseando outro senhor. Pasmo, no entanto, com esta tendência da “criação-a-metro,” onde, não raro, sinto não uma vontade de mostrar o que se criou, com vagar e gosto, mas uma sofreguidão em realizar porque é moda, porque se faz e já agora porque não fazer… e igual, de preferência. Mais e muito do mesmo, mimese artística que se confunde com a dos dias.
Todavia, creio que o caleidoscópio da imaginação merece novas formas. Novos pontos de vista(s).
Vanessa Limpo
in, "Expresso SemMais", edição de 24 de Janeiro de 2009
1 comentário:
Oh miga, isso já é tao antigo...houve uma altura q so se via disso...mas agora ja ta "demode"...Bjinhos
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