Há espelhos partidos que não rimam com sete anos de azar.
Narcisos lentos no langor do seu olhar...
Reflexo eterno.
Caos intemporal.
Sangue esculpido a compasso,
cujo passo teima em não (se) marcar.
Flores não brotam de terra árida.
E o reflexo extingue-se muito antes da luz se apagar.
domingo, 31 de maio de 2009
sexta-feira, 29 de maio de 2009
"Kebab attraction"
Mais "Mouro" que isto é difícil...é o vídeo que fazia falta aqui na minha zona...
O tempo da chamuça já foi, "Kebab" rules.
E não é que ainda não provei nenhum?? Tsss tsss...
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Caminho...
Eu: Diana, que estás a fazer? tens de estar atenta à aula, senão depois vais ter dificuldade em acompanhar a matéria".
Diana: "Ah, não estou a fazer nada, teacher..."
Eu: "Pois pois, e esse desenho que estás a fazer, tem a ver com a aula de inglês?"
Diana: Er...tem, teacher...até tem...eu só que lhe queria dar no fim da aula mas como a teacher viu, tome lá, é para si."
Ora toma lá fresquinho...era este desenho. Claro que, pedagogicamente, sei que está errado ela ter feito o desenho, tanto que a repreendi à mesma, independentemente de me ter desenhado e, com isso, expressado o seu agrado por mim.
A outra metade de mim, aquela que não se chama "Teacher", a V, essa sentiu-se (ainda mais) pequenina e a ter vontade de se "fustigar" meia horinha pelos momentos em que se sente frustrada com o que faz, insatisfeita com a rotina laboral e pouco desafiada intelectualmente.
Por instantes, consegui mesmo esquecer que não é isto que quero fazer para o resto da vida. Que não é ensinar inglês a crianças. Ou a adolescentes. É mesmo não ensinar.
A palavra de ordem é mais a inversa: aprender.
Como diz o poeta: não sei qual é o caminho, sei que não é por aí.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Lost
Sei que isto vai parecer déjà lu mas tenho de o tirar do meu sistema (para surripiar à descarada uma expressão inglesa que se adequa aqui às mil maravilhas).
Porque será que as pessoas, seja na via pública, seja em estações dos mais variados tipos de transportes, vêm ter comigo para, sistematicamente:
a) Pedirem-me indicações/direcções por se encontrem perdidas?
Entendo que uma mulher procure, por motivos de solidariedade e alguma segurança garantida pela igualdade de género, qual a direcção da linha amarela no metro, tenha ela 20, 30 ou até 80 anos.
Mais difícil de entender é que o mesmo se apilque a estrangeiros. E o que há de bifes, boschs, baguettes e etcas que quase semanalmente, me abordam (sempre quis usar esta expressão, e cá está a oportunidade) para me perguntarem onde fica a o "Marquêssss de Pombal" ou a "Baíxa".
Não deve ser por idenficação: nem física pois quem me conhece, sabe que em nada me assemelho a uma sueca pelada de quase 2 metros de altura, ou a uma inglesa ruiva capilarmente e totalmente ebúrnea em termos de cromática dérmica.
É por ser simpática? Ok, I know, mas ELES não sabem disso. É por ser pequena? Mas pequenas como eu (ainda) as há "à patada". Logo, poor todos os motivos e mais alguns, não me destaco no meio da multidão. A multidão é que se destaca de mim.
E eu gosto disso. Gosto de ir sossegadita, no meu caminho e a ele atenta, de forma a não dar os meus típicos encontrões ou choques contra as mais diversas barreiras existentes nos espaços públicos. As mais frequentes chamam-se... pessoas.
Não é que me importe de ajudar os outros, não é que me cause embaraço falar inglês (já francíu custa-me a sair cada vez mais.
É apenas porque não há semana que não o façam. Time out, guys.
b) Last but not the least. Esta é que me causa verdadeira impressão e incomoda-me MESMO. As pessoas nas paragens de autocarros têm a mania de vir falar comigo sobre...si mesmas, as suas vidas, sem que eu lhe tenha perguntado absolutamente nada. Mas é que nada. Entre mim e elas, por meu desejo apenas haveria ESPAÇO, vácuo, silêncio.
Adoro conversar. É das coisas que mais gozo me dá fazer. Poucas coisas me alegram tanto como uma boa conversa com um amigo. Quando a vontade de partilha é a convidada-mor. Agora não compreendo de todo porque razão, as senhoras de meia-idade deste país sempre que perdem o autocarro anterior, ou lhes dói, no mínimo três dedos do pé, duas vértebras e meia, 3 para 4 bicos de papagaio, ou porque o senhor do supermecado foi uma "besta" com elas, têm de o vir partilhar comigo.
Hoje, lá aconteceu, once more. Ainda não estava na paragem, vinha ainda a senhora a andar, e já estava a cassete a ser desbobinada. Assim, fiquei a saber que tinha, por distracção, deixado escapar a sua paragem e lá teve de sair depois na Bobadela que era a estação que conhecia e que lhe valhesse Deus-nosso-senhor e todos os demais santinhos do Céu (que com estes incidentes cada vez me é difícil atingir) pois o próximo autocarro era às 12h e 45 e depois não dava para ir buscar o miúdo à escola e depois não tinha quem o fosse buscar. E ainda disse mais umas quantas coisas mas depois entrei em pause mode auricular.
Cansados, né? Imaginhem eu!! Ali, in loco, a ouvir aquela regurgitação ciclónica, emitida em vórtices de ansiedade e preocupação.
Compreendo a sua aflição. Não a minimizo. Tinha um compromisso e estava com dificuldade em conseguir cumpri-lo.
Mas porque tenho eu de o ouvir? É que, por acaso, foi sobre algo deste género, mas se fosse sobre a doença da tia ou da prima era igual, pois estas pessoas estão, claramente, para lá de qualquer auto-delimitação de privacidade.
É essa devassa que não é só sua, mas dos seus que me faz tanta confusão.
Talvez porque creia que não há mais nosso que a(s) nossa(s) dor(es), temor(es) ou medo(s).
Mas isto sou só eu.
Infelizmente, por vezes, tenho de ser eu, os bicos de papagaio, as artroses e o mundo...
Porque será que as pessoas, seja na via pública, seja em estações dos mais variados tipos de transportes, vêm ter comigo para, sistematicamente:
a) Pedirem-me indicações/direcções por se encontrem perdidas?
Entendo que uma mulher procure, por motivos de solidariedade e alguma segurança garantida pela igualdade de género, qual a direcção da linha amarela no metro, tenha ela 20, 30 ou até 80 anos.
Mais difícil de entender é que o mesmo se apilque a estrangeiros. E o que há de bifes, boschs, baguettes e etcas que quase semanalmente, me abordam (sempre quis usar esta expressão, e cá está a oportunidade) para me perguntarem onde fica a o "Marquêssss de Pombal" ou a "Baíxa".
Não deve ser por idenficação: nem física pois quem me conhece, sabe que em nada me assemelho a uma sueca pelada de quase 2 metros de altura, ou a uma inglesa ruiva capilarmente e totalmente ebúrnea em termos de cromática dérmica.
É por ser simpática? Ok, I know, mas ELES não sabem disso. É por ser pequena? Mas pequenas como eu (ainda) as há "à patada". Logo, poor todos os motivos e mais alguns, não me destaco no meio da multidão. A multidão é que se destaca de mim.
E eu gosto disso. Gosto de ir sossegadita, no meu caminho e a ele atenta, de forma a não dar os meus típicos encontrões ou choques contra as mais diversas barreiras existentes nos espaços públicos. As mais frequentes chamam-se... pessoas.
Não é que me importe de ajudar os outros, não é que me cause embaraço falar inglês (já francíu custa-me a sair cada vez mais.
É apenas porque não há semana que não o façam. Time out, guys.
b) Last but not the least. Esta é que me causa verdadeira impressão e incomoda-me MESMO. As pessoas nas paragens de autocarros têm a mania de vir falar comigo sobre...si mesmas, as suas vidas, sem que eu lhe tenha perguntado absolutamente nada. Mas é que nada. Entre mim e elas, por meu desejo apenas haveria ESPAÇO, vácuo, silêncio.
Adoro conversar. É das coisas que mais gozo me dá fazer. Poucas coisas me alegram tanto como uma boa conversa com um amigo. Quando a vontade de partilha é a convidada-mor. Agora não compreendo de todo porque razão, as senhoras de meia-idade deste país sempre que perdem o autocarro anterior, ou lhes dói, no mínimo três dedos do pé, duas vértebras e meia, 3 para 4 bicos de papagaio, ou porque o senhor do supermecado foi uma "besta" com elas, têm de o vir partilhar comigo.
Hoje, lá aconteceu, once more. Ainda não estava na paragem, vinha ainda a senhora a andar, e já estava a cassete a ser desbobinada. Assim, fiquei a saber que tinha, por distracção, deixado escapar a sua paragem e lá teve de sair depois na Bobadela que era a estação que conhecia e que lhe valhesse Deus-nosso-senhor e todos os demais santinhos do Céu (que com estes incidentes cada vez me é difícil atingir) pois o próximo autocarro era às 12h e 45 e depois não dava para ir buscar o miúdo à escola e depois não tinha quem o fosse buscar. E ainda disse mais umas quantas coisas mas depois entrei em pause mode auricular.
Cansados, né? Imaginhem eu!! Ali, in loco, a ouvir aquela regurgitação ciclónica, emitida em vórtices de ansiedade e preocupação.
Compreendo a sua aflição. Não a minimizo. Tinha um compromisso e estava com dificuldade em conseguir cumpri-lo.
Mas porque tenho eu de o ouvir? É que, por acaso, foi sobre algo deste género, mas se fosse sobre a doença da tia ou da prima era igual, pois estas pessoas estão, claramente, para lá de qualquer auto-delimitação de privacidade.
É essa devassa que não é só sua, mas dos seus que me faz tanta confusão.
Talvez porque creia que não há mais nosso que a(s) nossa(s) dor(es), temor(es) ou medo(s).
Mas isto sou só eu.
Infelizmente, por vezes, tenho de ser eu, os bicos de papagaio, as artroses e o mundo...
domingo, 24 de maio de 2009
Sunday list...
- Acordar ao meio dia (um luxo, depois de quase 1 mês sem o conseguir fazer).
- Rever o "Hora H" do tio "Herlander" na Sic Radical, rir muito, e relembrar como, sendo ainda relativamente recente, foi das melhoras coisas que o Herman fez e esse trabalho continua injustiçado.
- Ver o vídeo da já famosa entrevista(?) da Manuela Moura Guedes ao Bastonário da Ordem dos Advogados (emitida no Jornal da TVI, na sexta-feira), Marinho Pinto e ver, pela primeira vez em muito tempo, aquela boca(-rra) calada a ouvir algumas verdades que o senhor lhe disse acerca da sua prática "jornalística".
- Cometer o pecado de comer um Big Mac, contra toda as regras do decoro alimentar auto-impostas, e sentir aquele burger como puro caviar. (Fica a auto promessa de o voltar a cometer somente daqui a uns bons meses).
- Comprar, por mero acaso, o último livro do David Logde. Os livros dos autores que gostamos encontrados quando menos esperamos, sabem sempre a chocolates Regina em festas de aniversário.
- Beber um "yammi" cappuccino numa recém descoberta "coffee house" lisboeta (não não digo onde é, senão perde logo a graça da sua cosyness) enquanto leio (bons) artigos em revistas completamente à borliú.
Até me esquecer onde estou.
- Receber o telefonema de papai que, mesmo longe, liga sempre às suas meninas aos domingos. Feeling spoiled and loving every minute of it.
- Lembrar-me que para fechar este domingo com chave de oiro, mais logo passa outro episódio d'Os Contemporâneos.
Sim, trato-me bem. Life is good. Even on "thin ice".
- Rever o "Hora H" do tio "Herlander" na Sic Radical, rir muito, e relembrar como, sendo ainda relativamente recente, foi das melhoras coisas que o Herman fez e esse trabalho continua injustiçado.
- Ver o vídeo da já famosa entrevista(?) da Manuela Moura Guedes ao Bastonário da Ordem dos Advogados (emitida no Jornal da TVI, na sexta-feira), Marinho Pinto e ver, pela primeira vez em muito tempo, aquela boca(-rra) calada a ouvir algumas verdades que o senhor lhe disse acerca da sua prática "jornalística".
- Cometer o pecado de comer um Big Mac, contra toda as regras do decoro alimentar auto-impostas, e sentir aquele burger como puro caviar. (Fica a auto promessa de o voltar a cometer somente daqui a uns bons meses).
- Comprar, por mero acaso, o último livro do David Logde. Os livros dos autores que gostamos encontrados quando menos esperamos, sabem sempre a chocolates Regina em festas de aniversário.
- Beber um "yammi" cappuccino numa recém descoberta "coffee house" lisboeta (não não digo onde é, senão perde logo a graça da sua cosyness) enquanto leio (bons) artigos em revistas completamente à borliú.
Até me esquecer onde estou.
- Receber o telefonema de papai que, mesmo longe, liga sempre às suas meninas aos domingos. Feeling spoiled and loving every minute of it.
- Lembrar-me que para fechar este domingo com chave de oiro, mais logo passa outro episódio d'Os Contemporâneos.
Sim, trato-me bem. Life is good. Even on "thin ice".
sábado, 23 de maio de 2009
Notas soltas...
Mas porque carga de água é que as pessoas hão-de ser tão terrivel e previsivelmente preconceituosas? Já nem posso usar a expressão "estou cansada/farta" para dizer as vezes que oiço, vejo, percebo a reacção dos outros quando digo que moro na Mouraria...o Drama, o Horror... parece que acabei de dizer que vivo no Afeganistão, ou mais à Portuguesa, que saí do antigo bairro da Musgeira, ou da Cova da Moura para ser mais actual. (E mesmo esses bairros têm lá muito boa gente, de certeza).
Não há pachorra. Sinceramente. E depois vem a (fatídica) pergunta: "Ai, e não tens medo? aquilo é muito mau".
Pois é, tanto que passo os meus dias a ir para o S.José para me coserem toda, no minímo, de duas em duas horas. Oh sim, nada melhor que uma bela sutura para fazer desaparecer as dores de cabeça, provocadas pela, loucura do dia-a-dia (Royco cup-a-soup, todos os direitos reservados)!
A essas pessoas tenho mesmo vontade de perguntar se já cá viveram ou quantos dias cá passaram para poderem expressar tamanho pavor.
Mas esta história é já antiga e dela não me livro, seja qual for a "banda" (que pode até ser gástrica pela azia que me provoca) para que me mude.
Vivi na Margem Sul até ao ano passado. Quando lá vivia, era comum ouvir as mesmas perguntas ou reacções: "Ai Almada, isso é só "pretos" e gangs, não é?
Agora a questão da cor permanece com a agravante do "antro de droga". Tem graça, eu pensava que o maior epicentro de droga se concentrava noutras zonas e, hoje em dia, já é caso para se dizer que existe um pouco por todo o lado.
Claro que os bairros como este, que é antigo, vão sempre levar por tabela, não pela questão da droga mas pelo verdadeiro motivo que é subtilmente escamoteado.
A questão da miscisgenação, do melting pot que por aqui se respira. E eu respiro bem aqui, a sério. Não estou a ser demagógica. E olhem que eu tenho uma sinusite tramada. Sempre me senti bem tratada aqui, respeitada, a vizinhança nunca me assustou, e até se consegue ainda sentir um certo clima de "bairro" por estes lados. Se me sinto segura à noite? Mas que mulher se sente segura depois das 22h seja aqui ou na Av. da Igreja? (curiosamente, a minha tia foi lá assaltada uma vez em plena luz do dia).
Em Almada nunca senti o espírito de comunidade. Aqui conheço a maior parte dos meus vizinhos e até de outros moradores cujos rosto reconheço na rua, no metro, na padaria ao cimo da rua (que é daquelas ainda à antiga e que adoro).
Vivo na Mou-ra-ria, sim senhores/as. Não tenho qualquer problema em dizê-lo. Se têm medo, venham para cá com cães. Mas ao menos, venham, conheçam e depois sim, falem, digam de vossa justiça. Porque isto de viver num sítio "amaldiçoado" por todos, sem que quase nenhuns o conheçam, é uma verdadeira injustiça.
Não podia deixar de fazer um breve comentário à Senhora Professora/Mestre de História que do alto do seu pedestal, resolveu prestar um serviço a nós, comuns mortais, com meros 9ºs, 12ºs, licenciaturas ou "mstrados" (segundo o que ela pronuncia), ao dar aulas numa escola eb/ 2+3 em Espinho.
Como já se sabe, a dita "Mestre", pelos vistos, vinha a ter conversas com os seus alunos sobre sexualidade(?), mantendo um registo entre o ameaçador, a coscuvilhice ou, a meu ver, de pura perversão. A mulher é tarada e mais nada. Não me venham cá com tretas. A senhora não joga com o baralho todo, pois encetar uma conversa com os alunos sobre um tema tão sensível como a sexualidade é tarefa hérculea (quem é prof sabe o que digo)e quando se entra nesse campo, todo o tacto é pouco. Que ela não tem e nem deve saber o significado.
Falar de sexualidade envolve preparação, sensibilidade, disponibilidade para aprender e claro, ter uma mente minimamente equilibrada. O que implica falar sem abusos ou arrogância, delimitar fronteiras, respeitar privacidade e ouvir o que os jovens têm a perguntar ou dizer.
Nada disso aconteceu nos excertos que ouvimos daquela aula. Sabemos que nada ali é normal ou adequado. E, fundamentalmente, falou-se de tudo menos de sexualidade. Que implica afectvidade, envolvência, troca, respeito e abertura.
Tal como comentei num blog de uma amiga, a "Mestre" pode ter todos os cursos que quiser, mas o seu cérebro é em tudo semelhante ao de uma sapateira: só tem "caca" lá dentro.
Não há pachorra. Sinceramente. E depois vem a (fatídica) pergunta: "Ai, e não tens medo? aquilo é muito mau".
Pois é, tanto que passo os meus dias a ir para o S.José para me coserem toda, no minímo, de duas em duas horas. Oh sim, nada melhor que uma bela sutura para fazer desaparecer as dores de cabeça, provocadas pela, loucura do dia-a-dia (Royco cup-a-soup, todos os direitos reservados)!
A essas pessoas tenho mesmo vontade de perguntar se já cá viveram ou quantos dias cá passaram para poderem expressar tamanho pavor.
Mas esta história é já antiga e dela não me livro, seja qual for a "banda" (que pode até ser gástrica pela azia que me provoca) para que me mude.
Vivi na Margem Sul até ao ano passado. Quando lá vivia, era comum ouvir as mesmas perguntas ou reacções: "Ai Almada, isso é só "pretos" e gangs, não é?
Agora a questão da cor permanece com a agravante do "antro de droga". Tem graça, eu pensava que o maior epicentro de droga se concentrava noutras zonas e, hoje em dia, já é caso para se dizer que existe um pouco por todo o lado.
Claro que os bairros como este, que é antigo, vão sempre levar por tabela, não pela questão da droga mas pelo verdadeiro motivo que é subtilmente escamoteado.
A questão da miscisgenação, do melting pot que por aqui se respira. E eu respiro bem aqui, a sério. Não estou a ser demagógica. E olhem que eu tenho uma sinusite tramada. Sempre me senti bem tratada aqui, respeitada, a vizinhança nunca me assustou, e até se consegue ainda sentir um certo clima de "bairro" por estes lados. Se me sinto segura à noite? Mas que mulher se sente segura depois das 22h seja aqui ou na Av. da Igreja? (curiosamente, a minha tia foi lá assaltada uma vez em plena luz do dia).
Em Almada nunca senti o espírito de comunidade. Aqui conheço a maior parte dos meus vizinhos e até de outros moradores cujos rosto reconheço na rua, no metro, na padaria ao cimo da rua (que é daquelas ainda à antiga e que adoro).
Vivo na Mou-ra-ria, sim senhores/as. Não tenho qualquer problema em dizê-lo. Se têm medo, venham para cá com cães. Mas ao menos, venham, conheçam e depois sim, falem, digam de vossa justiça. Porque isto de viver num sítio "amaldiçoado" por todos, sem que quase nenhuns o conheçam, é uma verdadeira injustiça.
Não podia deixar de fazer um breve comentário à Senhora Professora/Mestre de História que do alto do seu pedestal, resolveu prestar um serviço a nós, comuns mortais, com meros 9ºs, 12ºs, licenciaturas ou "mstrados" (segundo o que ela pronuncia), ao dar aulas numa escola eb/ 2+3 em Espinho.
Como já se sabe, a dita "Mestre", pelos vistos, vinha a ter conversas com os seus alunos sobre sexualidade(?), mantendo um registo entre o ameaçador, a coscuvilhice ou, a meu ver, de pura perversão. A mulher é tarada e mais nada. Não me venham cá com tretas. A senhora não joga com o baralho todo, pois encetar uma conversa com os alunos sobre um tema tão sensível como a sexualidade é tarefa hérculea (quem é prof sabe o que digo)e quando se entra nesse campo, todo o tacto é pouco. Que ela não tem e nem deve saber o significado.
Falar de sexualidade envolve preparação, sensibilidade, disponibilidade para aprender e claro, ter uma mente minimamente equilibrada. O que implica falar sem abusos ou arrogância, delimitar fronteiras, respeitar privacidade e ouvir o que os jovens têm a perguntar ou dizer.
Nada disso aconteceu nos excertos que ouvimos daquela aula. Sabemos que nada ali é normal ou adequado. E, fundamentalmente, falou-se de tudo menos de sexualidade. Que implica afectvidade, envolvência, troca, respeito e abertura.
Tal como comentei num blog de uma amiga, a "Mestre" pode ter todos os cursos que quiser, mas o seu cérebro é em tudo semelhante ao de uma sapateira: só tem "caca" lá dentro.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Passar, sair e entrar...
"Abre o teu coração e deixa-o ficar aberto. Não é preciso que seja durante muito tempo. Só para que algumas palavras possam passar, sair e entrar. Palavras tão velhas que as há desde que as há. Sobretudo as que para saírem têm antes de entrar e o contrário. Todas as palavras merecem todo o respeito, o maior respeito. Porque mais não temos e talvez seja por isso que, ao começar a falar, já não é possível parar, mesmo querendo tudo calar."
Pedro Paixão, Viver todos os dias cansa, Livros Cotovia, 1995.
Pedro Paixão, Viver todos os dias cansa, Livros Cotovia, 1995.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Evil is in the eye of the beholder...
À saída de uma aula, as crianças, a meu pedido, fazem uma fila e depois seguem até a outro pavilhão de mãos dadas, duas a duas. Nem sempre a relação género e número é quilibrada e, pedi a dois meninos para darem as mãos.
Deram-nas, sem hesitar. Oiço comentários jocosos de alguns outros.
Delicio-me com a resposta, rápida, natural e franca, de um dos que está com a sua mãozinha dada na do outro:
- "Qual é o mal? Dois meninos darem a mão?"
- "Pois, não há nenhum mesmo, H." Digo eu.
- "Pois não, professora e mesmo que dois meninos dêem a mão, não faz mal, quando crescerem e derem as mãos são gays, são namorados, qual é o mal?".
Ora tomem, que já almoçaram. Eles, os outros e outras. A maldade, tal como a beleza, está sempre nos olhos de quem a vê. O castigo de se querer ver pouco mesmo de perto, chama-se mesquinhez ou atrofia, não confundir com miopia. Essa embora mázinha, não é uma maldade voluntária.
O parágrafo anterior não é para ou sobre as outras crianças. Forgive them for they do not know what they say. É para os outros e outras míopes que os criam nessa atrofia mental. Shame on them.
Deram-nas, sem hesitar. Oiço comentários jocosos de alguns outros.
Delicio-me com a resposta, rápida, natural e franca, de um dos que está com a sua mãozinha dada na do outro:
- "Qual é o mal? Dois meninos darem a mão?"
- "Pois, não há nenhum mesmo, H." Digo eu.
- "Pois não, professora e mesmo que dois meninos dêem a mão, não faz mal, quando crescerem e derem as mãos são gays, são namorados, qual é o mal?".
Ora tomem, que já almoçaram. Eles, os outros e outras. A maldade, tal como a beleza, está sempre nos olhos de quem a vê. O castigo de se querer ver pouco mesmo de perto, chama-se mesquinhez ou atrofia, não confundir com miopia. Essa embora mázinha, não é uma maldade voluntária.
O parágrafo anterior não é para ou sobre as outras crianças. Forgive them for they do not know what they say. É para os outros e outras míopes que os criam nessa atrofia mental. Shame on them.
terça-feira, 19 de maio de 2009
O maior talento do mundo...
Para tirar más fotos... é o meu! Este é um prémio que atribuo a moi même, sem ter de passar por audições, concursos ou testes.
É um talento inato, que decorre de vários factores: uma total inépcia em termos de centar ângulos, colocar a máquina à distância certa e nunca mas nunca (e nisto para tentarem ser tão bons quanto eu, têm de falhar SEMPRE) atinar com o conceito de zoom.
E só assim poderia nascer uma foto de tão má qualidade quanto aquela que aqui apresentei no último post. O livro é do Luíz Pacheco, chama-se Figuras, Figurantes e Figurões, mas ninguém diria, dado o primor do "desfocanço".
Isto,como se costuma dizer, não é para quem quer, mas para quem pode!
É um talento inato, que decorre de vários factores: uma total inépcia em termos de centar ângulos, colocar a máquina à distância certa e nunca mas nunca (e nisto para tentarem ser tão bons quanto eu, têm de falhar SEMPRE) atinar com o conceito de zoom.
E só assim poderia nascer uma foto de tão má qualidade quanto aquela que aqui apresentei no último post. O livro é do Luíz Pacheco, chama-se Figuras, Figurantes e Figurões, mas ninguém diria, dado o primor do "desfocanço".
Isto,como se costuma dizer, não é para quem quer, mas para quem pode!
domingo, 17 de maio de 2009
Livros com encontro marcado
(Este foi o livrinho que comprei este ano, adivinham-se umas boas gargalhadas).
Prometi e consegui cumprir (com a tua inquestionável ajuda, F.) a promessa que tinha feito a mim mesma, de este ano na Feira do Livro comprar um e um só livro, isto porque o facto de andar a dar uma de Sofia Carvalho no "Querido, mudei a casa" obriga a cortes orçamentais noutros âmbitos, que apesar de me serem muito caros, como são os meus livrinhos, tiveram de ficar retidos na "fonte", ou seja, ficaram nos escaparates e foram objecto, este ano, de puro amor platónico.
Foi bom, contudo, ver cada vez mais gente na feira, nao sei se tanto para ver e comprar livros ou se para comer farturas, churros, waffles (I confess, I did it!) e estar em amena cavaqueira, a conversar e a impedir que as pessoas que, de facto, queriam ver livros não o pudessem fazer, pois concentram-se TODAS no mesmo sítio e não deixam ninguém passar.
Depois vêm também as criancinhas em carrinhos que assinalam devidamente o sexo do bebé/criança que passeiam, transportanto todos os bonequinhos, brinquedos alusivos aos esterótipos masculinos/femininos do costume. Mais catita ainda é continuar a ver que o que os carrinhos de bebé mais transportam não são, curiosamente, bebés mas crianças. Infantes já com uns quatro ou cinco aninhos que tendo todos os dedinhos dos pés e podendo andar perfeitamente (e só lhes fazia bem), encontram-se sentados para puro deleite dos seus glúteos e descanso dos papás.
Depois admiram-se quando daí a um ano ou dois, os forem buscar à escola e se cometerem o erro de estacionar os seus popós a mais de 100 metros, os pequenotes, tão doces e imberbes, desatarem a fazer uma birra e gritar por decibéis nunca dantes ouvidos.
Todavia é sempre bom lá ir, é quase um ritual que tenho, tradição que pretendo manter, mesmo quando a carteira mingua na mala. Melhor ainda é ir com a companhia certa. E a F. é sempre uma aposta ganha. Barrigada de riso, humor e inteligência.
Os livros até podem (ou tiveram) de passar ao lado, mas boa disposição e conversa frutuosa tem sempre lugar marcado.
sábado, 16 de maio de 2009
Ditados populares, udpated version...
Recebi o seguinte mail que tinha de aqui vir partilhar. Pode parecer exagero mas cada vez mais começa mesmo a ser uma realidade. Ainda que virtual.
Como vivemos numa Era Digital, foi feita uma revisão aos antigos ditados populares para adapta-los à actualidade:
01. A pressa é inimiga da ligação.
02. Amigos, amigos, passwords à parte.
03. Antes só, do que em chats aborrecidos.
04. A ficheiro grátis não se olha o formato.
05. Diz-me que chat frequentas e dir-te-ei quem és.
06. Para bom fornecedor uma password basta.
07. Não adianta chorar sobre ficheiro apagado.
08. Em briga de namorados virtuais não se mete o mouse.
09. Em terra off-line, quem tem um 486 é rei.
10. Hacker que ladra, não morde.
11. Mais vale um ficheiro no HD do que dois a descarregar.
12. Rato sujo limpa-se em casa.
13. Melhor prevenir do que formatar.
14. O barato sai caro. E lento.
15. Quando a esmola é muita, o santo desconfia que tem um vírus anexado.
16. Quando um não quer, dois não teclam.
17. Quem ama um 486, Pentium 5 lhe parece.
18. Quem clica os seus males multiplica.
19. Quem com vírus infecta, com vírus será infectado.
20. Quem envia o que quer, recebe o que não quer.
21. Quem não tem banda larga, caça com modem.
22. Quem nunca errou, que clique na primeira tecla.
23. Quem semeia e-mails, colhe spams.
24. Quem tem dedo vai a Roma.com.
25. Um é pouco, dois é bom, três é chat ou lista virtual.
26. Vão-se os ficheiros, ficam os back-ups.
27. Diz-me que computador tens e dir-te-ei quem és.
28. Há dois tipos de pessoas na informática. Os que perderam o HD e os que ainda vão perder...
29. Uma impressora disse para outra: Essa folha é tua ou é impressão minha.
30. Aluno de informática não cola, faz backup.
31. O problema do computador é o USB (Utilizador Super Burro).
32. Na informática nada se perde, nada se cria. Tudo se copia... e depois se cola.
Como vivemos numa Era Digital, foi feita uma revisão aos antigos ditados populares para adapta-los à actualidade:
01. A pressa é inimiga da ligação.
02. Amigos, amigos, passwords à parte.
03. Antes só, do que em chats aborrecidos.
04. A ficheiro grátis não se olha o formato.
05. Diz-me que chat frequentas e dir-te-ei quem és.
06. Para bom fornecedor uma password basta.
07. Não adianta chorar sobre ficheiro apagado.
08. Em briga de namorados virtuais não se mete o mouse.
09. Em terra off-line, quem tem um 486 é rei.
10. Hacker que ladra, não morde.
11. Mais vale um ficheiro no HD do que dois a descarregar.
12. Rato sujo limpa-se em casa.
13. Melhor prevenir do que formatar.
14. O barato sai caro. E lento.
15. Quando a esmola é muita, o santo desconfia que tem um vírus anexado.
16. Quando um não quer, dois não teclam.
17. Quem ama um 486, Pentium 5 lhe parece.
18. Quem clica os seus males multiplica.
19. Quem com vírus infecta, com vírus será infectado.
20. Quem envia o que quer, recebe o que não quer.
21. Quem não tem banda larga, caça com modem.
22. Quem nunca errou, que clique na primeira tecla.
23. Quem semeia e-mails, colhe spams.
24. Quem tem dedo vai a Roma.com.
25. Um é pouco, dois é bom, três é chat ou lista virtual.
26. Vão-se os ficheiros, ficam os back-ups.
27. Diz-me que computador tens e dir-te-ei quem és.
28. Há dois tipos de pessoas na informática. Os que perderam o HD e os que ainda vão perder...
29. Uma impressora disse para outra: Essa folha é tua ou é impressão minha.
30. Aluno de informática não cola, faz backup.
31. O problema do computador é o USB (Utilizador Super Burro).
32. Na informática nada se perde, nada se cria. Tudo se copia... e depois se cola.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Top da semana
- A terça-feira, porque a partir daí o horário semanal torna-se mais simpático comigo.
- A quarta porque a minha tia veio, pela primeira vez, ver a minha casa e apesar de ter gritado alto e bom som para que todo o metro ouvisse (mesmo sem ela o fazer intencionalmente):" Vaneeeesssaaaaaaaaa" e me ter embaraçado com isso, me soube muito mas muito bem. Se a sua presença não fosse acompanhada pelo grito, não seria ela e eu não sentiria tanta saudade.
Ah e ainda por cima gostou da casa :)
- A quinta à noite porque sei que posso dormir mais uma hora.
- Aquela hora, todos os dias, em que me sento a ver uma série gravada que tanto gosto.
- A sexta porque: acordei um pouco mais tarde, vieram cá montar os meus lindos móveis, combinei com uma amiga ir à feira do livro amanhã, e porque fiz uma outra amiga feliz com algo que lhe disse.
- Amanhã que ainda não chegou cronologicamente mas porque biologicamente o meu organismo já entrou sábado dentro.
- A quarta porque a minha tia veio, pela primeira vez, ver a minha casa e apesar de ter gritado alto e bom som para que todo o metro ouvisse (mesmo sem ela o fazer intencionalmente):" Vaneeeesssaaaaaaaaa" e me ter embaraçado com isso, me soube muito mas muito bem. Se a sua presença não fosse acompanhada pelo grito, não seria ela e eu não sentiria tanta saudade.
Ah e ainda por cima gostou da casa :)
- A quinta à noite porque sei que posso dormir mais uma hora.
- Aquela hora, todos os dias, em que me sento a ver uma série gravada que tanto gosto.
- A sexta porque: acordei um pouco mais tarde, vieram cá montar os meus lindos móveis, combinei com uma amiga ir à feira do livro amanhã, e porque fiz uma outra amiga feliz com algo que lhe disse.
- Amanhã que ainda não chegou cronologicamente mas porque biologicamente o meu organismo já entrou sábado dentro.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Boas e más notícias
As más:
Como seria de prever neste país em que mais que o crime, a demagogia e falta de carácter compensam, Macário Correia, o autarca de Tavira cuja glória "maior" foi, no auge da sua campanha anti-tabagista, comparar o beijo a uma fumadora com o beijo a um cinzeiro, e que, a partir dai nunca mais teve destaque nos holofotes da imprensa e outros media.
Até agora. O senhor doutor/engnheiro/arquitecto/professor (não sei qual o seu historial académico nem estou interessada mas algum dos supramencionados deve ser, por isso, é favor riscar o que não interessa) voltou às luzes da ribalta pelos piores motivos.
Pelos vistos, o seu filho teve um qualquer acidente (não especificado no jornal em que li a notícia) numa aula de expressão dramática e vai daí o que faz o representante de Tavira? - eleito pelo povo e a ele devedor de respeito, pois se está no poleiro a este deve a sua alpista- ora o senhor Correia resolve substituir o professor em cuja aula ocorreu o dito acidente.
O problema é que segundo o que li, o professor não teve qualquer direito a defender-se ou explicar-se sobre as razões do acidente. Outro problema é que os restantes encarregados de educação da turma do filho do autarca (seus eleitores, tem graça) fizeram uma petição na qual rogam que se oiça o testemunho dos colegas de turma do seu filho para que melhor se possa entender as condições em que o acidente aconteceu.
Já estou habituada ás sessõeszinhas "autos-de-fé" em praça pública de pessoas que ainda antes de ser conhecido o veredicto final de um juízo, já estão na sua segunda volta em torno do espeto. Agora que alguém com poder, num estado que se diz democrático, venha afastar um profissional sem dar azo a qualquer tipo de defesa, provoca-me verdadeiro asco. Além de (infelizmente) prevísivel, é tacanho, mesquinho, cobarde e denuncia uma total falta de consciência democrática.
Ao professor foi comunicada a sua substituição, assim do nada.
Sabemos bem demais o porquê deste triste facto ter acontecido. Uma vez mais, o poder e conhecimentos "certos" entrou em acção, e o filho do senhor/ doutor/engenheiro/arquitecto/professor é, pelos vistos, mais do que os outros filhos todos, que têm também pais e mães. Pais que, por certo, cada vez que acontece um acidente numa aula não vão ter com o Sr Correia, indignados e a pedir a demissão do professor em que o acidente possa ter acontecido.
Beijar uma rapariga que fuma pode ser como beijar um cinzeiro. Não sei pois nunca o fiz mas se o Sr Correia o diz é porque deve saber a que sabe um cinzeiro.
Isso de facto desconheço, agora uma coisa sei: o sabor que um acto vergonhoso destes deve ter em ano de eleições deve ser no mínimo amargo, muito amargo.
As boas:
A assembleia de Nova Iorque aprovou, finalmente, o projecto-lei que legaliza o casamento homossexual. Assim Nova Iorque vai, juntamente, com os Estados do Maine, Connecticut, Massachusetts, Vermont e Iowa, fazer parte dos locais onde todos podem respirar o ar puro do respeito pelo próximo.
Assim sim!
Como seria de prever neste país em que mais que o crime, a demagogia e falta de carácter compensam, Macário Correia, o autarca de Tavira cuja glória "maior" foi, no auge da sua campanha anti-tabagista, comparar o beijo a uma fumadora com o beijo a um cinzeiro, e que, a partir dai nunca mais teve destaque nos holofotes da imprensa e outros media.
Até agora. O senhor doutor/engnheiro/arquitecto/professor (não sei qual o seu historial académico nem estou interessada mas algum dos supramencionados deve ser, por isso, é favor riscar o que não interessa) voltou às luzes da ribalta pelos piores motivos.
Pelos vistos, o seu filho teve um qualquer acidente (não especificado no jornal em que li a notícia) numa aula de expressão dramática e vai daí o que faz o representante de Tavira? - eleito pelo povo e a ele devedor de respeito, pois se está no poleiro a este deve a sua alpista- ora o senhor Correia resolve substituir o professor em cuja aula ocorreu o dito acidente.
O problema é que segundo o que li, o professor não teve qualquer direito a defender-se ou explicar-se sobre as razões do acidente. Outro problema é que os restantes encarregados de educação da turma do filho do autarca (seus eleitores, tem graça) fizeram uma petição na qual rogam que se oiça o testemunho dos colegas de turma do seu filho para que melhor se possa entender as condições em que o acidente aconteceu.
Já estou habituada ás sessõeszinhas "autos-de-fé" em praça pública de pessoas que ainda antes de ser conhecido o veredicto final de um juízo, já estão na sua segunda volta em torno do espeto. Agora que alguém com poder, num estado que se diz democrático, venha afastar um profissional sem dar azo a qualquer tipo de defesa, provoca-me verdadeiro asco. Além de (infelizmente) prevísivel, é tacanho, mesquinho, cobarde e denuncia uma total falta de consciência democrática.
Ao professor foi comunicada a sua substituição, assim do nada.
Sabemos bem demais o porquê deste triste facto ter acontecido. Uma vez mais, o poder e conhecimentos "certos" entrou em acção, e o filho do senhor/ doutor/engenheiro/arquitecto/professor é, pelos vistos, mais do que os outros filhos todos, que têm também pais e mães. Pais que, por certo, cada vez que acontece um acidente numa aula não vão ter com o Sr Correia, indignados e a pedir a demissão do professor em que o acidente possa ter acontecido.
Beijar uma rapariga que fuma pode ser como beijar um cinzeiro. Não sei pois nunca o fiz mas se o Sr Correia o diz é porque deve saber a que sabe um cinzeiro.
Isso de facto desconheço, agora uma coisa sei: o sabor que um acto vergonhoso destes deve ter em ano de eleições deve ser no mínimo amargo, muito amargo.
As boas:
A assembleia de Nova Iorque aprovou, finalmente, o projecto-lei que legaliza o casamento homossexual. Assim Nova Iorque vai, juntamente, com os Estados do Maine, Connecticut, Massachusetts, Vermont e Iowa, fazer parte dos locais onde todos podem respirar o ar puro do respeito pelo próximo.
Assim sim!
terça-feira, 12 de maio de 2009
The other "civil" war...
Numa conversa com uma amiga de infância, fala-se de casamentos e claro vem à baila o de uma amiga comum que se vai casar em breve.
Às páginas tantas, vem o célebre e não menos tradicional comentário ao casamento em questão que é "só" pelo civil.
Isto é das coisas que mais irrita e confusão faz, ou uma delas, pelo menos.
Gostava de entender qual é a correlação entre casamento crível e intervenção divina.
Já sei, já sei, ateia que sou estou muito aquém da compreensão dos laços com a Fé, da relação com Ele e o Divino em geral.
"Herege" que sou e churrasco bem passado que deveria ser para muito bom católico, estou-me nas tintas para estas balelas. São balelas. Um casamento pelo civil é,a meu ver, O casamento per si.
Podemos rendilhá-lo com liturgias, orações, centenas de convivas e comida que dava para alimentar Somália e meia, mas o que conta é o papel e a assinatura.
Não critico ou julgo quem se casa pela Igreja pelo sentido que para si faz iniciar ou continuar uma vida a dois, num contexto religioso e espiritual no qual a sua Fé e filosofia de vida se inscrevem.
Fui a vários casamentos religiosos e gostei muito de lá ter estado. Não pelas flores na igreja, pelas quintas ou grinaldas. Fui por amizade e por amizade irei, com gosto, a outras cerimónias destas que amigas/os me queiram convidar. Fi-lo pelo prazer que sei ter dado pela partilha desse momento especial nas suas vidas.
A questão aqui é que, como muita gente sabe, a maior parte das pessoas que se casam pela igreja procuram tudo menos a bênção divina para encentarem um caminho novo a dois.
Muitas das vezes esse caminho já se iniciou de outras formas e quando se vai para o altar já se contam, nessa suposta nova família, mais uma ou duas pessoas. Depois, se a questão fosse a de seguir os princípios e doutrinas da igreja católica, não só não se casariam grávidas (que pessoalmente a mim não me afecta nada, pois cada um tem o direito de ter filhos quando lhe aprouver) como seriam primeiramente virgens, ou não partilhariam o tecto com os seus "futuros" cônjuges. Isto visto de forma restrita, claro.
A igreja mudou(?) e já são aceites noivas sem flores de laranjeira (ainda bem pois há outras bem mais bonitas) e considera-se importante que o casal já tenha experenciado a vida a dois para melhor compreender o que o espera para o resto da vida.
Bom, se entendem bem o que o resto da vida significa também não tenho a certeza. Mas nem quero ter, pois certezas só o Divino lá em cima e eu sou muito térreazinha. Ninguém está preparado para o resto da vida, mesmo que diga que entende, quando "dá o nó". Creio igualmente que não tem de entender. A vida não se entende, vai-se entendendo, não se nos dá uma luz (dvina ou não) ou um rasgo de hiper-consciência e maturidade naquele momento.
Acredito antes que quando se casam, as pessoas crêem (e isto sim, para mim é Fé) que aquela pessoa que amam naquele momento, seja a tal com quem desejam partilhar o resto dos seus dias. Creio na sinceridade dos votos e por isso agrada-me tanto testemunhá-los.
Não compreendo, e faz-me muita confusão é como é que se confunde, diminui ou menospreza um acto que mais que legal ou religioso, é simbólico de uma união que se quer frutuosa, com algo que, pura e simplesmente, não tem o "mesmo" valor que outro que, por se aliar a uma cerimónia litúrgica ganha imediatamente outra dimensão. Como se estivesse num plano superior.
Superior para quem? Dimensão divina? Comunhão e aceitação dos princípios de Deus?
O matrimónio foi inicialmente criado para garantir relações e /ou trocas comerciais, estatuto social e/ou económico. Na sua génese teve tudo menos a ver com espiritualidade e muito menos amor. Amor entre duas pessoas, pelo menos. Provavelmente teve muito mais a ver com interesses familiares.
Não confundamos então religião com amor ou divino com casamento.
Claro que há algo de étereo nos casamentos, espiritual, doce e encantatório. Mas, a meu ver, isso não se cruza com Deus ou a Igreja. Essa aura onírica, terna, doce e sentida tem um outro nome: Amor.
E ele sim é algo de divino.
Às páginas tantas, vem o célebre e não menos tradicional comentário ao casamento em questão que é "só" pelo civil.
Isto é das coisas que mais irrita e confusão faz, ou uma delas, pelo menos.
Gostava de entender qual é a correlação entre casamento crível e intervenção divina.
Já sei, já sei, ateia que sou estou muito aquém da compreensão dos laços com a Fé, da relação com Ele e o Divino em geral.
"Herege" que sou e churrasco bem passado que deveria ser para muito bom católico, estou-me nas tintas para estas balelas. São balelas. Um casamento pelo civil é,a meu ver, O casamento per si.
Podemos rendilhá-lo com liturgias, orações, centenas de convivas e comida que dava para alimentar Somália e meia, mas o que conta é o papel e a assinatura.
Não critico ou julgo quem se casa pela Igreja pelo sentido que para si faz iniciar ou continuar uma vida a dois, num contexto religioso e espiritual no qual a sua Fé e filosofia de vida se inscrevem.
Fui a vários casamentos religiosos e gostei muito de lá ter estado. Não pelas flores na igreja, pelas quintas ou grinaldas. Fui por amizade e por amizade irei, com gosto, a outras cerimónias destas que amigas/os me queiram convidar. Fi-lo pelo prazer que sei ter dado pela partilha desse momento especial nas suas vidas.
A questão aqui é que, como muita gente sabe, a maior parte das pessoas que se casam pela igreja procuram tudo menos a bênção divina para encentarem um caminho novo a dois.
Muitas das vezes esse caminho já se iniciou de outras formas e quando se vai para o altar já se contam, nessa suposta nova família, mais uma ou duas pessoas. Depois, se a questão fosse a de seguir os princípios e doutrinas da igreja católica, não só não se casariam grávidas (que pessoalmente a mim não me afecta nada, pois cada um tem o direito de ter filhos quando lhe aprouver) como seriam primeiramente virgens, ou não partilhariam o tecto com os seus "futuros" cônjuges. Isto visto de forma restrita, claro.
A igreja mudou(?) e já são aceites noivas sem flores de laranjeira (ainda bem pois há outras bem mais bonitas) e considera-se importante que o casal já tenha experenciado a vida a dois para melhor compreender o que o espera para o resto da vida.
Bom, se entendem bem o que o resto da vida significa também não tenho a certeza. Mas nem quero ter, pois certezas só o Divino lá em cima e eu sou muito térreazinha. Ninguém está preparado para o resto da vida, mesmo que diga que entende, quando "dá o nó". Creio igualmente que não tem de entender. A vida não se entende, vai-se entendendo, não se nos dá uma luz (dvina ou não) ou um rasgo de hiper-consciência e maturidade naquele momento.
Acredito antes que quando se casam, as pessoas crêem (e isto sim, para mim é Fé) que aquela pessoa que amam naquele momento, seja a tal com quem desejam partilhar o resto dos seus dias. Creio na sinceridade dos votos e por isso agrada-me tanto testemunhá-los.
Não compreendo, e faz-me muita confusão é como é que se confunde, diminui ou menospreza um acto que mais que legal ou religioso, é simbólico de uma união que se quer frutuosa, com algo que, pura e simplesmente, não tem o "mesmo" valor que outro que, por se aliar a uma cerimónia litúrgica ganha imediatamente outra dimensão. Como se estivesse num plano superior.
Superior para quem? Dimensão divina? Comunhão e aceitação dos princípios de Deus?
O matrimónio foi inicialmente criado para garantir relações e /ou trocas comerciais, estatuto social e/ou económico. Na sua génese teve tudo menos a ver com espiritualidade e muito menos amor. Amor entre duas pessoas, pelo menos. Provavelmente teve muito mais a ver com interesses familiares.
Não confundamos então religião com amor ou divino com casamento.
Claro que há algo de étereo nos casamentos, espiritual, doce e encantatório. Mas, a meu ver, isso não se cruza com Deus ou a Igreja. Essa aura onírica, terna, doce e sentida tem um outro nome: Amor.
E ele sim é algo de divino.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Vernissage à portuguesa
O Dolce Vita Tejo, sito na Amadora, abriu ontem as portas.
Claro está que os estrategas do marketing, conhecedores que são do mercado português e sua mentalidade, optaram por, uma vez mais, atribuir descontos aos primeiros clientes a entrarem no dito centro comercial.
Óbvia foi também a reacção "portuga":
Pensa o português de si para consigo: "Ena pa, vão abrir aquela coisa nova lá pá Amadora ou lá o que é e dizem que estão a dar promoções ou descontos ou lá o que é."
A sua mulher ainda hesita visto que o Dolce Vita fica a uns 50 quilómetros de casa e se calhar o dinheiro que vão dispender em "gasoil" não "recompensa" a ida, mesmo com promoções inluídas. Mas visto que está farta de passar os dias em casa, a não sair para ir à praça, e à "bica" aos domingos depois do almoço, anui e lá vão eles.
Eles e mais meio Portugal, que mesmo em crise lá pega em si e vai ver algo completamente novo: um centro comercial.
Mas espera, não é um centro comercial qualquer, é o maior do País! E da Europa! Eia! Isso torna tudo completamente diferente. Ou seja, tem as mesmas lojas, restaurantes, e locais de animação, com a diferença que consegue aguentar doses de monóxido de carbono muito maiores. Ah e multidões também.
Portanto, a diferença é que tem mais uns bons metros quadrados e claro o principal: é novo. O português ainda pode assistir com deleite às pequenas incorrecções típicas de construções à Portuguesa: escadas rolantes que não funcionam, uma boa percentagem de lojas que ainda não abriram, extintores em falta, etc.
Mas também o que seria de uma inauguração sem isto? Nem o português se satisfazia com menos, afinal está habituado a isso e há que manter os padrões.
Não fui lá mas creio que não deve ter desiludido quem lá foi.
Fica então aqui um excerto de uma entrevista que fizeram a uma senhora (umas das dezenas que lá estavam) que se encontrava à porta desde as 21 horas do dia anterior para ser uma das cem primeiras e assim ganhar um vale no valor de 100 euros. Assim sim, há que ter a fasquia bem alta!
Repórter: "A senhora está aqui desde quando?"
Entrevistada: "Olhe, eu estou aqui desde ontem às 9h da noite."
Repórter: "Deve ter custado, tanto tempo aqui, em pé, a dormir aqui e para mais a senhora está grávida, não é?"
(A barriga era bem visível, logo o estado de gravidez já era avançado).
Entrevistada: "Sim, estou, e custou, foi muito doloroso mas passou-se bem."
Temos ou não temos o país que merecemos??
Claro está que os estrategas do marketing, conhecedores que são do mercado português e sua mentalidade, optaram por, uma vez mais, atribuir descontos aos primeiros clientes a entrarem no dito centro comercial.
Óbvia foi também a reacção "portuga":
Pensa o português de si para consigo: "Ena pa, vão abrir aquela coisa nova lá pá Amadora ou lá o que é e dizem que estão a dar promoções ou descontos ou lá o que é."
A sua mulher ainda hesita visto que o Dolce Vita fica a uns 50 quilómetros de casa e se calhar o dinheiro que vão dispender em "gasoil" não "recompensa" a ida, mesmo com promoções inluídas. Mas visto que está farta de passar os dias em casa, a não sair para ir à praça, e à "bica" aos domingos depois do almoço, anui e lá vão eles.
Eles e mais meio Portugal, que mesmo em crise lá pega em si e vai ver algo completamente novo: um centro comercial.
Mas espera, não é um centro comercial qualquer, é o maior do País! E da Europa! Eia! Isso torna tudo completamente diferente. Ou seja, tem as mesmas lojas, restaurantes, e locais de animação, com a diferença que consegue aguentar doses de monóxido de carbono muito maiores. Ah e multidões também.
Portanto, a diferença é que tem mais uns bons metros quadrados e claro o principal: é novo. O português ainda pode assistir com deleite às pequenas incorrecções típicas de construções à Portuguesa: escadas rolantes que não funcionam, uma boa percentagem de lojas que ainda não abriram, extintores em falta, etc.
Mas também o que seria de uma inauguração sem isto? Nem o português se satisfazia com menos, afinal está habituado a isso e há que manter os padrões.
Não fui lá mas creio que não deve ter desiludido quem lá foi.
Fica então aqui um excerto de uma entrevista que fizeram a uma senhora (umas das dezenas que lá estavam) que se encontrava à porta desde as 21 horas do dia anterior para ser uma das cem primeiras e assim ganhar um vale no valor de 100 euros. Assim sim, há que ter a fasquia bem alta!
Repórter: "A senhora está aqui desde quando?"
Entrevistada: "Olhe, eu estou aqui desde ontem às 9h da noite."
Repórter: "Deve ter custado, tanto tempo aqui, em pé, a dormir aqui e para mais a senhora está grávida, não é?"
(A barriga era bem visível, logo o estado de gravidez já era avançado).
Entrevistada: "Sim, estou, e custou, foi muito doloroso mas passou-se bem."
Temos ou não temos o país que merecemos??
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Prémio Coerência
Duas senhoras (uma vez mais) na carreira:
Ao entrar no transporte:
Senhora A -"Aiiiii".
Senhora B -"Ai coitada, aleijou-se? Ía caindo."
Senhora A - "Ai estes motoristas, não têm respeito nenhum pela gente, não querem saber de nós, andam à pressa e não querem saber de nós."
Senhora B: "Pois é."
Uns cinco minutos depois...
Senhora B - "Está a ver, são dez minutos daqui lá, é um instante."
Senhora A - "Sim e o que vale é que este motorista é despachado, há outros que andam a pastelar, mas este não, anda rápido."
Qualquer semelhança com algo que faça sentido é pura coincidência.
Ao entrar no transporte:
Senhora A -"Aiiiii".
Senhora B -"Ai coitada, aleijou-se? Ía caindo."
Senhora A - "Ai estes motoristas, não têm respeito nenhum pela gente, não querem saber de nós, andam à pressa e não querem saber de nós."
Senhora B: "Pois é."
Uns cinco minutos depois...
Senhora B - "Está a ver, são dez minutos daqui lá, é um instante."
Senhora A - "Sim e o que vale é que este motorista é despachado, há outros que andam a pastelar, mas este não, anda rápido."
Qualquer semelhança com algo que faça sentido é pura coincidência.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Da canícula.
E viva a canícula!
Eu sei que os pés incham, o seu universo dérmico expande-se desiquilibradamente.
Ficamos com 40º à sombra no esófago e até o céu da boca transpira.
Todo o corpo pede líquidos e a mente um cheque-viagem para longe.
A moleza começa no dedo mindinho dos pés e termina apenas no último fio de cabelo que fica mais pastoso que o da Manuela Eanes com os seus tradicionais 5,6 kgs de laca.
E ainda assim não me farto.
Quero mais!
Eu sei que os pés incham, o seu universo dérmico expande-se desiquilibradamente.
Ficamos com 40º à sombra no esófago e até o céu da boca transpira.
Todo o corpo pede líquidos e a mente um cheque-viagem para longe.
A moleza começa no dedo mindinho dos pés e termina apenas no último fio de cabelo que fica mais pastoso que o da Manuela Eanes com os seus tradicionais 5,6 kgs de laca.
E ainda assim não me farto.
Quero mais!
domingo, 3 de maio de 2009
A minha mãe
A minha mãe não existe apenas, vive.
Vive em tudo. É cheia, plena. É Maior.
O "M" dela não cabe no alfabeto, não tem letras que cheguem e sinto que há letras ainda que não foram inventadas para Ela.
A minha mãe é Maior porque é... Minha. No que de meu posso ter, sabendo que não somos de ninguém. Mas eu pertenço-lhe e isso é inquestionável. E ela possui-me.
E com ela, todas as mães que possuem, enchem, englobam os seus filhos, em si e depois dão-nos em parto-vida-fora pelo mundo.
A minha mãe é Muito. Muito forte. Muito crítica. Não é mãe-paninhos-quentinhos ou perdões-só-porque-sim, porque é mãe e eu sou sua cria. É dura, por vezes inflexível, áspera. Mas a mãe minha é sábia. Intuitiva. Não fosse ela cria de outra mãe.
A minha mãe não é como todas as mães. Porque é minha e porque é Ela.
A minha mãe tem defeitos. E eu conheço-os. E ela os meus. Não se coíbe de mos apontar. Bem feito para mim. Estou-lhe grata.
A minha mãe não me fez apenas. As mães vão-nos fazendo muito depois da criação.
A gestação não tem nove meses. É a vida toda. E o parto dá-se apenas quando elas partem de nós. Cansadas dos anos. Mas nunca de nós. Nunca se cansam. Mesmo quando se cansam. Mas não de nós.
Mesmo que o queiram ou secretamente se exasperem em preocupação, dor e cansaço. Já viram alguma mãe queixar-se de cansaço por nós?
A minha mãe não enche apenas. Abunda. Preeenche. Navega. Abarca.
A minha mãe é doce. Mãe-meiga, "mãe-zoológica" e não galinha. Mas não compactua com erros. É mãe mas não é cega. Nunca o são, mesmo quando decidem pôr uma venda para afogar os medos. Elas também receiam, tremem, choram. Mas não mostram.
Afinal são mães. São fartas. As curvas más da vida não se cruzam com o seu cuidado maior: os filhos. As mães ajudam, relativizam, acalmam.
Não há festas no cabelo como as da minha mãe. Não há abraço como o dela. Desafio os melhores abraçadores do mundo. A minha destrona-vos num segundo. E o "KO" anuncia-se feito do braço da Ternura.
O seu amor é incondicional mas alerta. Não é inerte ou passivo. É atento. As mães sabem-nas (e sabem-nos) todas. Pudera. Estão em nós. E nós, inocentes, sempre a pensarmos que estamos nelas.
As mães não acabam e isso deixa-me feliz. A minha nunca vai acabar porque está sempre comigo, e estará muito para além de si própria.
A minha mãe enche-me de tudo. Sobretudo de orgulho. A idade vai-nos aproximando das mães, à medida que a humildade dos anos nos vai mostrando o território duro da vida, percebemo-las. Entendemo-las. E respeitamo-las.
O que antes era conflito e perseguição torna-se absoluta compreensão. E um desejo forte de ser um dia assim: feita de tudo, pronta para mais ainda.
A minha mãe está para além de si, de mim. Ela é o que fui, sou e serei.
Não sou igual à minha mãe. Não há aqui conflitos de existência. A minha mãe também não é somente Mãe. E eu consigo vê-lo. E gosto do que vejo.
Míope que sou, vejo para além da turvez da vista. Ela é irmã, filha, colega, amiga e mais que tudo isso, é Mulher.
Com gostos próprios.
Manias próprias.
Corpo, alma e mente que sente, fala e age por si.
É uma Mulher que fui descobrindo, primeiro apenas no papel de Mãe, olhando-a cá de baixo quando era criança. Era enorme então. Agora é gigantesca.
A reverência é maior. Não foi porque eu cresci ou ela envelheceu. É porque amadureci e ela o reconheceu.
A minha mãe é ainda uma menina.
Às vezes.
Nos olhares de deslumbramento que ainda tem, nas gargalhadas inocentes que ainda esboça. Nos gostos pueris e sinceros que revela. E no carinho que gosta de dar.
A minha mãe dá.
A minha mãe sente.
A minha mãe ofereceu-me ao mundo e por isso estar-lhe-ei eternamente grata. Não é porque o Mundo às vezes é mau comigo e eu má para ele, que lhe agradeço menos. A dádiva é única.
Mas a dádiva não fui eu.
A dádiva maior é ela.
Porque sem ela e o que me deu e dá, estas linhas não seriam escritas. Este meu amor não seria partilhado.
A minha mãe não vive apenas.
A minha mãe não enche somente.
A minha mãe é o meu presente ao mundo.
E a gestação permanece.
O parto não está (felizmente) previsto.
Vive em tudo. É cheia, plena. É Maior.
O "M" dela não cabe no alfabeto, não tem letras que cheguem e sinto que há letras ainda que não foram inventadas para Ela.
A minha mãe é Maior porque é... Minha. No que de meu posso ter, sabendo que não somos de ninguém. Mas eu pertenço-lhe e isso é inquestionável. E ela possui-me.
E com ela, todas as mães que possuem, enchem, englobam os seus filhos, em si e depois dão-nos em parto-vida-fora pelo mundo.
A minha mãe é Muito. Muito forte. Muito crítica. Não é mãe-paninhos-quentinhos ou perdões-só-porque-sim, porque é mãe e eu sou sua cria. É dura, por vezes inflexível, áspera. Mas a mãe minha é sábia. Intuitiva. Não fosse ela cria de outra mãe.
A minha mãe não é como todas as mães. Porque é minha e porque é Ela.
A minha mãe tem defeitos. E eu conheço-os. E ela os meus. Não se coíbe de mos apontar. Bem feito para mim. Estou-lhe grata.
A minha mãe não me fez apenas. As mães vão-nos fazendo muito depois da criação.
A gestação não tem nove meses. É a vida toda. E o parto dá-se apenas quando elas partem de nós. Cansadas dos anos. Mas nunca de nós. Nunca se cansam. Mesmo quando se cansam. Mas não de nós.
Mesmo que o queiram ou secretamente se exasperem em preocupação, dor e cansaço. Já viram alguma mãe queixar-se de cansaço por nós?
A minha mãe não enche apenas. Abunda. Preeenche. Navega. Abarca.
A minha mãe é doce. Mãe-meiga, "mãe-zoológica" e não galinha. Mas não compactua com erros. É mãe mas não é cega. Nunca o são, mesmo quando decidem pôr uma venda para afogar os medos. Elas também receiam, tremem, choram. Mas não mostram.
Afinal são mães. São fartas. As curvas más da vida não se cruzam com o seu cuidado maior: os filhos. As mães ajudam, relativizam, acalmam.
Não há festas no cabelo como as da minha mãe. Não há abraço como o dela. Desafio os melhores abraçadores do mundo. A minha destrona-vos num segundo. E o "KO" anuncia-se feito do braço da Ternura.
O seu amor é incondicional mas alerta. Não é inerte ou passivo. É atento. As mães sabem-nas (e sabem-nos) todas. Pudera. Estão em nós. E nós, inocentes, sempre a pensarmos que estamos nelas.
As mães não acabam e isso deixa-me feliz. A minha nunca vai acabar porque está sempre comigo, e estará muito para além de si própria.
A minha mãe enche-me de tudo. Sobretudo de orgulho. A idade vai-nos aproximando das mães, à medida que a humildade dos anos nos vai mostrando o território duro da vida, percebemo-las. Entendemo-las. E respeitamo-las.
O que antes era conflito e perseguição torna-se absoluta compreensão. E um desejo forte de ser um dia assim: feita de tudo, pronta para mais ainda.
A minha mãe está para além de si, de mim. Ela é o que fui, sou e serei.
Não sou igual à minha mãe. Não há aqui conflitos de existência. A minha mãe também não é somente Mãe. E eu consigo vê-lo. E gosto do que vejo.
Míope que sou, vejo para além da turvez da vista. Ela é irmã, filha, colega, amiga e mais que tudo isso, é Mulher.
Com gostos próprios.
Manias próprias.
Corpo, alma e mente que sente, fala e age por si.
É uma Mulher que fui descobrindo, primeiro apenas no papel de Mãe, olhando-a cá de baixo quando era criança. Era enorme então. Agora é gigantesca.
A reverência é maior. Não foi porque eu cresci ou ela envelheceu. É porque amadureci e ela o reconheceu.
A minha mãe é ainda uma menina.
Às vezes.
Nos olhares de deslumbramento que ainda tem, nas gargalhadas inocentes que ainda esboça. Nos gostos pueris e sinceros que revela. E no carinho que gosta de dar.
A minha mãe dá.
A minha mãe sente.
A minha mãe ofereceu-me ao mundo e por isso estar-lhe-ei eternamente grata. Não é porque o Mundo às vezes é mau comigo e eu má para ele, que lhe agradeço menos. A dádiva é única.
Mas a dádiva não fui eu.
A dádiva maior é ela.
Porque sem ela e o que me deu e dá, estas linhas não seriam escritas. Este meu amor não seria partilhado.
A minha mãe não vive apenas.
A minha mãe não enche somente.
A minha mãe é o meu presente ao mundo.
E a gestação permanece.
O parto não está (felizmente) previsto.
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