sexta-feira, 30 de novembro de 2007

As coisas...

(Vista sobre Lisboa do café-bar Noobai)
"As coisas
têm Peso,
massa,
volume
Tamanho,
tempo
Forma, cor
Posição
Textura,
duração
Densidade
Cheiro
Valor
Consistência
Profundidade,
contorno
Temperatura,
função
Aparência
Preço,
destino,
idade
Sentido
As coisas não têm paz
As coisas"
Clã

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Portugal no seu melhor...updates!


(aviso na porta de uma frutaria em Lisboa, zona do Campo dos Mártires da Pátria)



("troca de galhardetes" pública, Campo dos Mártires da Pátria, Lisboa)




quarta-feira, 28 de novembro de 2007

(Re)Luz(ir)

(Velas algures em Lisboa)
"(...) tu fizeste a noite apetecer
Mandaste a minha solidão embora
Iluminaste o pavilhão da aurora
Com o teu passo inseguro
E o paraíso no teu olhar (...)".
E once again...letra by Jorge Palma

domingo, 25 de novembro de 2007

There's no place like home...

(Monumento em Aveiro, 2006)
"Não te chamo para te conhecer
Eu quero abrir os braços e sentir-te
Como a vela de um barco sente o vento
Não te chamo para te conhecer
Conheço tudo à força de não ser
Peço-te que venhas e me dês
Um pouco de ti mesmo onde eu habite."
Sophia de Mello Breyner Andresen


quinta-feira, 22 de novembro de 2007

A síndrome B.P.

("Zé Povinho", por Rafael Bordalo Pinheiro)

Não, caríssimos leitores, B.P não tem de estar com uma bolinha vermelha no seu canto superior direito pois não é publicidade a uma qualquer marca de combustível, a sigla surge para designar uma das nossas maiores síndromas: o Bilhete Picado.
Esta síndrome costuma surgir geralmente no fim da adolescência e inícios da idade adulta (idade que corresponde à progressão dos estudos ou integração no mercado de trabalho que, por sua vez, implica um maior uso de transportes públicos). A maleita não escolhe género ou etnia, sendo o seu único hóspede o Português.
Os sintomas vão desde uma vontade incontrolável de entrar primeiro que todos os demais seres humanos (e não humanos também, desde que sejam passageiros, a espécie é indiferente) nos transportes. E entrar primeiro não é o único sinal de alerta: o leitor poderá ficar preocupado se, de repente, da próxima vez que entrar num comboio ou autocarro sentir uma premência em não respeitar o lugar que lhe foi atribuído no transporte. Se é a primeira vez que lhe acontece, então recomenda-se uma terapia moderada: alguns minutos de interiorização que devem anteceder a sua entrada, apelando aos princípios de civismo que desde tenra idade lhe foram incutidos (por exemplo aquele que enaltece a virtude de aguardar pela sua vez de forma ordenada).
Se, contudo, não é um “réu primário” mas antes um reincidente então sugere-se a designada “terapia de choque” (mas atenção, por choque não entenda entrar em choque com os restantes passageiros que por acaso até estão cobertos de razão por você se ter sentado no lugar deles), deverá forçar-se sempre a olhar fixamente para o bilhete e controlar esse ímpeto funesto de não respeitar o lugar. Se ainda assim não resultar, então passamos ao terceiro grau na escala de terapia que é a dita “terapia alternativa” e esta é muito mais simples de executar (talvez não para si mas que terá certamente efeitos imediatos nos outros passageiros): esta terapia é alternativa porque lhe recomenda que utilize transportes alternativos: o automóvel, a bicicleta (e aí ganha pontos pois não só previne embaraços como ajuda o ambiente) ou então a sempre bela alternativa de quando pensar em ir de transporte, ficar em casa.
Atenção. Em caso de continuação da sintomatologia apresentada, favor consultar o seu médico.

Vanessa Limpo

in "Correio de Setúbal", edição de 20 de Novembro de 2007

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Lost in translation (1)

(imagem de Bill Murray, Bob Harris no filme Lost in Translation, de Sofia Coppola, 2003)
" Lydia Harris: Do I need to worry about you, Bob?
Bob: Only if you want to."

Lost in Translation, 2003

sábado, 17 de novembro de 2007

True colours

(Flores oferecidas pela minha explicanda Joana Santos, 6ºano de escolaridade)

E de repente,

por cima de um manto de cor escura

vestem-se (alguns) dias de púpura forte,

Colour purple, como no filme.

Surgem do âmago da Cor

para contornar de luz a sombra do Dia.

Today you were my colour purple.


terça-feira, 13 de novembro de 2007

Cobwebs...

(Frozen Spider web, fonte: Google imagens)
“I don't know anyone who isn't haunted by something or someone. And whether we try to slice the pain away with a scalpel or shove it in the back of a closet ... our efforts usually fail. So the only way we can clear out the cobwebs is to turn a new page or put an old story to rest.... finally, finally to rest.”
in "Grey's Anatomy" (Meredith narrating).


quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Wallpaper

(Marylin Monroe by Andy Warhol)

Fim-de-semana, feriado e/ou dia Santo é, em Portugal, sinónimo de passeio…
Passeio… passear: correr paisagens sem fim, descobrir novos recantos do nosso país, ou aproveitar o dia para ir até aquele museu que nunca se visitou por falta de tempo, ou preguiça velada….mas….espera…um momento…ah pois….é verdade…estamos em Portugal…e se é feriado ou fim-de-semana, o enquadramento não é, de todo, este.
Os dias ditos para “folgar” (lembrando a raiz do termo que se aproxima do conceito de diversão) são geralmente dispendidos não ao ar livre ou a visitar uma qualquer cidade, monumento ou região mas antes nos centros comerciais…
Portanto, recapitulando: num dia que supostamente serve para descansar, desfrutar da companhia dos que nos são mais próximos ou de quem nos sentimos mais chegados, nós, juntamo-nos em massa e num encontro que não estava marcado com mais uns milhares de desconhecidos, compramos produtos que poderíamos comprar num qualquer outro dia da semana e sofremos encontrões, esperamos em filas intermináveis e ouvimos conversas transversais que preferíamos nunca ter ouvido….e isto de forma totalmente grátis e auto-infligida. Porquê respirar ar puro e visitar o Desconhecido quando podemos gastar o resto do crédito do cartão “Jumbo”?
Para onde vai, então, a necessidade de comunicar, de estar com o Outro? A premência de verbalizar o que nos vai “cá dentro” se não é com os que nos são mais queridos? Ora a resposta está mais uma vez no Centro Comercial (e não, caro leitor, não tenho qualquer acordo com nenhuma grande superfície para utilizar tantas vezes o vocábulo centro comercial) e porquê? Porque as nossas frustrações, desejos, medos e anseios quotidianos têm um escape, a nossa catarse situa-se nas paredes das instalações sanitárias dos espaços públicos. Não há um único leitor que não se tenha já deparado com a panóplia de recadinhos, ameaças, juras de amor eterno (?), trocas de números de telefone ou reflexões de estados de alma. Portanto, em vez de se dizer às pessoas o que sentimos, deixamos recadinhos (anónimos muitas vezes, assinados com corações e setas à mistura, outras tantas).
Quantos “Pedro love Ana” (de notar que a ignorância da verdadeira forma correcta de o dizer na língua inglesa não detém, em momento algum, os emissores das mensagens) já lemos nós nas paredes? E se esperarmos, tivermos alguma paciência para ler este incrível wallpaper humano, veremos que há respostas… ou seja, eu suspeito que se tornou um verdadeiro livro de recados, em que se espera que a pessoa visada leia e responda, à letra, literalmente. Diz-se que criamos muros à volta, contudo, o muro não basta para nos escondermos dos Outros, reinventamos o conceito e criamos muros dentro dos próprios muros. O (nosso) mundo à distância de uma parede.

Vanessa Limpo

in "Correio de Setúbal", ediçao de 30 de Outubro de 2007


sábado, 3 de novembro de 2007

Small miracles...

(um pequeno milagre natural em Avô, concelho de Oliveira do Hospital)
"(...) a vida não é assim uma sucessão de pequenos fins mas sim uma sucessão de pequenos milagres (...)"
Pedro Paixão
in Histórias Verdadeiras.