sábado, 10 de dezembro de 2011

Photomaton intérieur

"Uma noite fria e serena cobria o mundo, quando saí; e uma paz nova, húmida de ternura, como o silêncio depois de um choro, envolveu-me, suave, o ermo dos meus passos.
Na quietude da noite, como um regaço do fim, parecia-me que cada parte magoada da minha carne se dispersava no ar, ávida de esquecimento, e que toda a minha fadiga subia alto, como um fumo, até à cúpula dos astros, e aí se dissipava. Já o vulto da montanha a oriente me chamava com uma voz intrínseca e original, como um olhar que nos fita e ultrapassa.".

in Manhâ submersa, Vergílio Ferreira.