segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Despertares...

(Fogo de artifício no Terreiro de Paço, Réveillon 07-08)
10,9,8,7,6,5,4,3,2,1…200…8! Sim, é ele, entre taças de champagne (ou “Raposeira” que no fundo vai dar ao mesmo e é muito mais à portuguesa, passas (sultanas para gostos mais alternativos) e claro os “indispensáveis” tachos, panelas e todos os trems de cozinha anunciados pela Filipa Vacondeus nas televendas…
“Ano novo, vida nova”. Esta expressão traduz no fundo o espírito da época, ou seja, é fruto de altos níveis de álcool no sangue e muita vontade de terminar as badaladas. A primeira coisa que fazemos quando começa um novo ano não é mudar de vida, é, muitas vezes, ressuscitar a vida intestinal dos excessos cometidos na noite anterior.
Fazem-se listas de decisões a tomar, promessas a realizar no novo ano. Ao fim de seis meses, os que param para reflectir sobre essas decisões confirmam o que eu há já muito suspeito: a única lista que de facto prestaram atenção até aí foi a do supermercado (especial enfoque para os descontos oferecidos pelos cartões das grandes superfícies).
Celebra-se a passagem do novo ano: doze novos meses avizinham-se mas será que mudamos mesmo porque o calendário se gasta? O réveillon é vivido, tem de ser vivido com total alegria, sorriso no rosto e claro, se tiver indo para o “estrangeiro” tanto melhor, há sempre qualquer coisa para contar no “emprego”.
Eu faço parte de um grupo quase inexistente que é aquele que embora reconheça a importância do assinalar das datas, não presta especial atenção ao ano novo e muito menos ao réveillon. “Alienígena” assumida, tenho esta teimosa mania de despertar “réveiller” (de onde vem o termo) para as mudanças que a vida traz, diariamente, respeitando, sem datas e hora marcada, o calendário mais fiável de todos, o meu.

Vanessa Limpo
in "Correio de Setúbal", edição de 05 de Janeiro de 2008)

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