Somos um país pequenino, o designado “rectângulo à beira-mar plantado”.
Somos contudo um país “velhinho”. E por uma série de pequenas grandes razões continuamos a sofrer de um enorme complexo de inferioridade, ai enganei-me, de “inferioridadezinha”.
Este complexo é tão vasto, tão enraizado em nós, que até em expressões do dia-a-dia emerge, “sorrateiramentezinha”. Exemplozinhos? Ei-los: estamos num restaurante e perguntamos ao empregado de mesa o que recomenda, Que diz ele? _"Ora hoje temos um belo bifinho ao champignon" (o “ao” é propositadamente escrito em português pois é assim que gostamos de tratar os nosso bifes, com uma imensa portugalidade) acompanhados por uma bela batatinha frita e um molhinho de natas”.
Ora aqui deparamo-nos com dois graves indícios dessa inferioridade: primeiro no uso compulsivo dos diminutivos (que um destes dias metem baixa, exaustos de uso desmedido) “o bifinho”, a “batatinha” e o não menos importante “molhinho” (que devem ter todos o seu tamanho normal mas que por motivos afectivos são assim denominados) e por outro lado a utilização de outro recurso estilístico que deveria ser até concorrer a património lexical da humanidade, a saber, o uso do singular para designar objectos ou entidades que só fazem sentido se usadas no plural.
Quantas vezes é que o estimado leitor foi servido com uma “batatinha”? ou uma “pinguinha”de água? E se foi, que consequências teve para si? No mínimo passou fome ou sede e parecendo que não, custa um pouco passar sem comer ou beber.
Visto que não existe (até ver e que eu saiba, mas eu também sei muito pouco) um “Ministério dos Alimentos Singulares” (também não existe o dos colectivos mas isso ficava para outra crónica) a quem se dirigir e apresentar queixa, o leitor deverá apenas ter carpido as suas mágoas nutricionais junto do garçon.
Somos pequenos em tamanho mas isso não é sinónimo de pequenez. Somos parcos a pedir, a inquirir, a desejar. E no mínimo deve-se desejar tudo. Tudo…a que temos direito(s). Só assim conseguimos apreender o que nos rodeia, conjugando a vida no…plural.
Somos contudo um país “velhinho”. E por uma série de pequenas grandes razões continuamos a sofrer de um enorme complexo de inferioridade, ai enganei-me, de “inferioridadezinha”.
Este complexo é tão vasto, tão enraizado em nós, que até em expressões do dia-a-dia emerge, “sorrateiramentezinha”. Exemplozinhos? Ei-los: estamos num restaurante e perguntamos ao empregado de mesa o que recomenda, Que diz ele? _"Ora hoje temos um belo bifinho ao champignon" (o “ao” é propositadamente escrito em português pois é assim que gostamos de tratar os nosso bifes, com uma imensa portugalidade) acompanhados por uma bela batatinha frita e um molhinho de natas”.
Ora aqui deparamo-nos com dois graves indícios dessa inferioridade: primeiro no uso compulsivo dos diminutivos (que um destes dias metem baixa, exaustos de uso desmedido) “o bifinho”, a “batatinha” e o não menos importante “molhinho” (que devem ter todos o seu tamanho normal mas que por motivos afectivos são assim denominados) e por outro lado a utilização de outro recurso estilístico que deveria ser até concorrer a património lexical da humanidade, a saber, o uso do singular para designar objectos ou entidades que só fazem sentido se usadas no plural.
Quantas vezes é que o estimado leitor foi servido com uma “batatinha”? ou uma “pinguinha”de água? E se foi, que consequências teve para si? No mínimo passou fome ou sede e parecendo que não, custa um pouco passar sem comer ou beber.
Visto que não existe (até ver e que eu saiba, mas eu também sei muito pouco) um “Ministério dos Alimentos Singulares” (também não existe o dos colectivos mas isso ficava para outra crónica) a quem se dirigir e apresentar queixa, o leitor deverá apenas ter carpido as suas mágoas nutricionais junto do garçon.
Somos pequenos em tamanho mas isso não é sinónimo de pequenez. Somos parcos a pedir, a inquirir, a desejar. E no mínimo deve-se desejar tudo. Tudo…a que temos direito(s). Só assim conseguimos apreender o que nos rodeia, conjugando a vida no…plural.
Vanessa Limpo
in "Correio de Setúbal", edição de 18 de Dezembro de 2007
1 comentário:
Não tenho nada contra os "bifinhos", "batatinhas" ou "pinguinhas d´água", desde que os inquiridores dos mesmos pelo menos dissessem um "obrigadinha" com bons modos.
Isto para dizer que esta nossa particularidade linguística até não tem nada de mais e não nos diminui em nada de facto.O que nos diminui realmente, é sermos por vezes tão pequenos em atitudes, como a má educação uns para com os outros, principalmente quando julgamos que os outros são "inferiorzinhos", porque têm uma qualificação "superior" ou somos chamados de "Dr." ou "Sr. Engº" (mesmo sem o sermos mmuitas vezes). Pronto, tenho dito da minha indignação!
Beijos querida, MJ
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