quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Os Olímpicos devem estar loucos!

Não, não vou falar sobre as polémicas mais recentes (e é muito difícil aqui utilizar a expressão recente pois ao ritmo que as tricas, comentários e comentários aos comentários aumentam, não há update que lhes resista) sobre os Jogos Olímpicos.
O(A) leitor(a) que fique, desde já, descansado(a) que não irá ler palavra alguma sobre essa temática.
Eu venho aqui falar do que é de facto importante nestes jogos e que, a meu ver, está em questão quando pensamos nas Olimpíadas. Creio que quando se pensa em Desporto (pelo menos a mim foi isso que me ensinaram), e ainda antes da palavra competição nos surgir, há umas quantas outras que emergem primeiro, a saber: equipa, empenho, esforço, desportivismo. Claro está que estas comezinhas coisas parecem não ter já qualquer força e tê-la-ão ainda menos se pensarmos num tipo de Olímpiadas que nunca está muito em voga, como os eventos ligados à deficiência nunca o estão.
Falo, obviamente, dos Jogos Paralímpicos… pois… lembram-se deles? Nós, portugueses somos medalhados em todos os metais que tanto admiramos e que tão sequiosamente ambicionamos ter! Em Atenas 2004, obtivemos 5 medalhas de Ouro, 6 medalhas de Prata e 5 de Bronze. Ora se isto não é motivo de orgulho, se não são medalhas suficientes para nos vangloriarmos das nossas capacidades, então eu devo estar muito enganada.
Mais do que ganhar medalhas, estes atletas ganharam algo que, por muito que se pense o inverso, não tem preço, não vem espelhado em diferentes metais, noticiado ou comentado, chama-se Respeito, esse velhinho amigo dos que a ele se prestam e o praticam, não como modalidade mas como modo de vida.
Desses atletas não reza a história, dos seus (poucos) apoios, dos seus longos anos de treino, do seu esforço quase supra-humano, do seu silêncio ao silêncio sobre o seu trabalho. Claro que se fala dos paralímpicos, dá-se lhes o tempo de antena comum que se dá a qualquer associação ou evento desportivo. Fala-se porque se realizaram e até ganham sempre umas medalhas. Depois, esquece-se de novo e volta o silêncio.
Isto, para mim, é que merece reflexão, debates e longos comentários. No rescaldo de umas Olímpiadas que ainda nem terminaram o sabor do esquecimento é já amargo, muito amargo.


Vanessa Limpo

in, "Expresso Sem Mais", edição de 23 de Agosto de 2008

1 comentário:

Samadhi: disse...

viva! alguém lembrando das paraolimpíadas. Talvez vc goste de ver o site do jairo, é um jornalista bem humorado e paraplégico, ele se diz um cadeirante.
tem vários exemplos de vida lindos lá, se quiser visitar o endereço é http://assimcomovoce.folha.blog.uol.com.br/
espero que goste