O último compasso tem sido o das pautas. O ritmo rima com sons que não me agradam: verificação, validação, avaliação.
São tons sujos, monocórdicos. Baços. Confundem-se (me). Diluem-se
A sala inunda-se em papéis, restos de doces acompanhados das duas pratas destruídas e as canetas têm fome de datas.
Também eu olho para o relógio que bombeia minutos e segundos. Falta pouco já.
Apenas um pequeno oçeano de burocracia me afasta da Terra Prometida.
Os ponteiros marcam cada aproximar de Descanso. Imagino esta dança cronológica no seio do Tempo.
O vento sopra por entre as grades da janela e assisto à valsa das grelhas, planificações e resquícios de lembretes.
Temos sempre tanta pressa de lembrar que até esquecemos os nossos próprios relógios interiores.
Luto contra essa ditadura e lembro-me que é tempo de não me esquecer de mim.
Mais longe do tempo.
Mais perto de mim.
4 comentários:
Não posso deixar de comentar este teu post. Não posso comentar um post sobre adolescentes e peidos, sobre neolítico, lasca e fogo, e não te dizer que és uma poetisa cheia de alma.
Adorei o teu texto!
Bjo saudoso.
Oh "Fê"... eu, poetisa?? Estou tão longe disso... mas obrigada, minha querida.
Beijos.
Bem, com um texto destes, até validar pautas dá gosto.
Dás a volta às palavras cá de uma maneira... é mesmo qualquer coisa que dá prazer ler :)
Beijicos
o que uma pauta pode parir!
ah, bendita inspiração.
abraço
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