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Fotografia: Jorge Molder
"(...) Através da janela conseguiu vislumbrar a Lua, empoleirada ali sozinha, bem no cume da noite. O tom prateado do céu azul-escuro apresentava minúsculas partículas cor-de-rosa suspensas no meio das inaudíveis tempestades de luz. Se a ternura tivesse cor, então seria esta a cor da ternura. (...) Sentia uma ténue impaciência por cada momento que acontecia, não aquela avidez dilacerante, mas antes aquela certeza semi-inquieta de uma mãe à porta de uma escola, à espera do filho, que emergirá no meio da multidão. (...) Sentia o que era ser jovem. Sentia o que era a lua. As suas próprias orações e pensamentos eram coisas vivas que partilhavam o seu quarto (...) Não tinha a certeza que isto era amor. Pensou que o coração de cada um de nós devia doer um pouco sempre que se começava a sentir bem acerca de si mesmo".
Martin Amis, Os outros.
2 comentários:
"Pensou que o coração de cada um de nós devia doer um pouco sempre que se começava a sentir bem acerca de si mesmo".
Sem dúvida...
É uma frase extraordinária, não é?
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