Veio de mansinho, assim como quem não quer a coisa mas parece que está cá para ficar (pelo menos até ao próximo solstício) e começam já a fazer-se sentir os seus efeitos.
Claro está que falo do Verão. Esta silly season, como vulgarmente é designada na imprensa, traz, de facto, consigo situações e/ou personagens bem silly.
Como explicar, por exemplo, a tendência portuguesa para de repente tratar os estrangeiros de forma diferente nos diferentes estabelecimentos públicos e/ ou comerciais? Bastam as palavras mágicas (geralmente proferidas em inglês mas desde que não sejam em português, o “truque” funciona plenamente) para todo um admirável tratamento novo se dar: se for num café ou restaurante o cliente é atendido, muitas vezes, em primeiro lugar, sentado num ponto privilegiado, etc. Mas o FSI (fenómeno da simpatia imediata) dá-se também em lojas, bares, ou até na rua. Raramente temos paciência para dar, por exemplo, indicações geográficas aos nossos conterrâneos, contudo, ouve-se um qualquer balbuciar na língua de Shakespeare ou na de Goethe e faz-se magia: somos solícitos, indicamos (se o nosso inglês não estiver no seu auge de inteligibilidade então recorremos até à mímica e só não vamos com o turista aflito porque temos o 28 para apanhar).
Que somos um povo hospitaleiro por natureza ninguém duvida e essa é uma característica que não devemos perder visto que nos torna singulares entre tantos outros, o que não deveríamos perder é a nossa solicitude para com os nossos conterrâneos, os primeiros sorrisos e afabilidade deveriam ser entre portugueses e, concomitantemente extensíveis aos demais povos, etnias e culturas.
Não sendo patriota exacerbada acredito, no entanto, numa velha máxima:a de que a educação começa em “casa”.
Vanessa Limpo
in "Expresso Sem Mais", edição de dia 19 de Julho de 2008
2 comentários:
sem querer ser invasiva, comento aqui mais uma vez. Isto pq gosto de seu blog, é inteligente, e expressa um pouco da realidade de seu país, que tanto admiro e tenho vontade de conhecer. bjs
Oh Vanessa, desculpa mas discordo... tu não imaginas o que é um pobre portuga parar à frente do meu café e perguntar, por exemplo, onde é o Piodão... bem começa na primeira mesa da esplanada, passa à 4ª desta à 3ª e olhas para o pobre perdido em estado de arrepelar os cabelos sem perceber, até, se continua no planeta terra. Completamente VERDE!!!!
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