Neste “querido mês de Agosto” que é sinónimo de férias e de viagens, proponho (se não para este últimos dias, então para o ano que vem) a verdadeira experiência de Verão, a viagem de referência, algo que nunca mais será esquecido e a preços de amigo.
Não me refiro a uma ida ao Algarve (santuário de peregrinação para, no mínimo, meio milhão de ingleses, uns bons milhares de alemães, franceses, italianos e demais europeus), mas antes a algo muito mais “em conta” e que não deixa de ser uma fonte in loco de conhecimento sobre os hábitos e tradições portugueses.
Falo, obviamente, de uma viagem na nossa Rede de Expressos. Viajar nesta conhecida rede transportadora é um desafio a várias das nossas capacidades Todos os trâmites comuns a qualquer viagem (comprar o bilhete, dirigir-se à pista de transporte, a viagem em si e depois a saída) constituem uma aventura única da qual jamais se esquecerá e fa-lo-á descobrir níveis de paciência nunca antes imaginados.
Uma vez na bilheteira ficamos espantados com a rapidez e eficiência com que somos atendidos. Quando pensamos que afinal até estamos num país de primeiro mundo eis que começam a surgir os sinais exteriores de “portugalidade”: um bar com mesas mas sem cadeiras (as mesas são de pé alto, o que para mim e muito bom português menos dotado no que a centímetros de altura diz respeito, em nada facilita a degustação de um pão de leite com um galãozinho quente), ausência da noção de fila para esperar pela vez, o que cedo nos leva a ir para outras bandas.
Ora, sem café mas com vontade de me sentar no meu lugar, dirijo-me à pista onde supostamente o autocarro deverá estar. Com a diferença que não, não está nem agora, que deveria partir, nem nos próximos 20 minutos. Levanto a cabeça e penso que o meu país não me traiu. Quando finalmente o autocarro chega, e separada a bagagem por diferentes destinos de paragem, sento-me e viajo até ao primeiro destino (sim que viagem portuguesa que se preze não pode passar sem a noção de transbordo).
Chegada ao meu destino de transbordo, não transbordo de alegria pois não só não consigo localizar a pista do autocarro que me está destinado (tal como os meus companheiros de viagem), como quando finalmente se descobre a almejada pista, a viatura não está lá… de novo. Tendo de esperar mais uns 10 minutos, o autocarro surge, e, postas as bagagens, procuro o meu lugar que tardo em encontrar, visto que, entretanto, foi ocupado por outros passageiros, porque lhes fora dito pelo motorista que os lugares que estão marcados no bilhete são para ignorar. No entanto, e porque noblesse oblige, retiraram-se e foram procurar o seu lugar por direito.
Após tanto percalço, espera e descoordenação chego ao meu destino, desço do autocarro e qual Dorothy (mas sem estrada de tijolos amarelos) penso: “there’s no place like home”.
Vanessa Limpo
in "Expresso Sem Mais", edição de 20 de Setembro de 2008.
2 comentários:
Mas, amiga, confesso que já tenho saudades de umas quantas contrariedades e muita improvisação!!! AH AH!
Oh miga, ve-s msm q n tas habituada a essas andanças...eh,eh...
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