Vi hoje em vários telejornais a incrível (incrivelmente má) notícia sobre a nova lei que o presidente do Afegão, em vésperas de eleições presidenciais (pronto, faltam dois e não um dia) decidiu aprovar que consiste em dar aos homens (esposos) o direito de deixaram as suas mulheres passar fome se estas não lhes satisfizerem as suas necessidades sexuais.
Em entrevistas de rua a vários homens, estes obviamente concordaram com a nova lei, dizendo que se inscreve perfeitamente na tradição muçulmana e se foi pensada por altos membros do clero e aprovada pelo presidente então tem toda a razão de ser.
Que a opinião ("neanderthaliana") destes homens por muito que nos possa chocar, seja esta, não me surpreende, afinal esta é a única cultura e tradição que conhecem. Imiscuem-se totalmente nela pois não lhe foi dada qualquer outra alternativa.
Não os desculpabilizo, pois se têm cabeça é para pensar por si (pelo menos a de cima que quanto à "outra" já se sabe que não é famosa por grandes raciocínios) e podem, independentemente das leis que são aprovadas, optar por maltratar ou não as suas esposas.
Todavia não lhes atribuo a maior responsabilidade. Incultos, quase ignorantes que são amntidos não cabe a eles (apenas) reflectir sobre os direitos humanos, ou os limites das diversas "penas" que são autorizadas. Isso compete, sobretudo, ao poder jurídico e político. E esse sim merece castigo. Não digo castigo corporal pois senão ía contra uma das maiores medidas civilizacionais instituídas que nos distingue, por exemplo, daqueles seres que são..como se diz...ah, é isso: PRIMATAS!
Não sou a favor dessa política do "olho por olho, dente por dente", para isso existem tribunais e leis...leis que são criadas por um poder político que tendo ou devendo ter a obrigação ética e moral de julgar a favor do que é correcto e fundamentalmente...humano.
E este presidente, movido certamente, por interesses políticos visto que precisa granjear os votos dos clérigos para estas eleições, assina um documento que traça, inexoravelmente, o destino destas mulheres Xiitas (20% da população do país).
Num país onde se fala e teoriza contra a política de integração muçulmana, um homem, aquele que dá a cara pelo país, decreta como válido que um homem possa esfomear (literalmente) a sua mulher por esta se recusar a oferecer-se à medida dos seus apetites e/ou necessidades.
E isto leva-me a pensar então se se terá legislado também sobre o conceito de "necessidades sexuais"? Duvido!
Afinal o que é "necessídade" para um pode ser mero capricho para outro. O que é um "imperativo categórico" (passe a hipérbole da analogia), algo incontido para mim nesses termos pode ser algo completamente irrisório para outra pessoa.
Qual é a bitola? onde está esse "barómetro"? Aprazia-me muito saber!
Já que é para matar à fome, podiam dar uma "bússola" que ajudasse estas mulheres a orientar-se. Saber com que temperos cozinhar a dor.
Para irem mitigando, como possam e consigam, uma fome que se sobrepõe à física.
A da humilhação e do pesar.
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