terça-feira, 9 de março de 2010

Sílaba.

Descobrira da pior forma.
Entre telas de lápis, canetas, amontoados de papel e giz bolorento.
Há dias assim.
Começou a apontar, a escrever. Escrevia rabiscos e dias.
Não estava só. O Sol das 4h da tarde fazia-lhe companhia. Talvez não seja o melhor Sol para se acompanhar com palavras, daquele que se rega com textos, todavia era o Sol possível.
Não se fez de esquisita. Continuou a escrever. Trabalhos de casa, pequenos relatórios, ensaios em atraso. Partos serôdios.
Fez-se tarde, fez-se noite. Mas ainda era cedo. A luz da rua, a das outras casas era agora a sua testemunha. Escrevia ainda. Rente ao papel. Rente à Noite. Tomou um trago de chá. De tília. A vizinha do segundo diz que é bom. A(calma).
Ouvia o barulho do escuro lá fora. Escrevia mais. Afinal tudo estava por fazer.
E sabia que ainda se havia de esquecer do que era suposto estar a fazer.
Seguiu em frente, folhas dentro, e rasgou sílabas e consoantes fechadas. São as mais difíceis de abrir.
Era tarde. Seria cedo?
Ainda.
Só mais uma linha.
Falta-lhe um parágrafo.
A carne da sílaba.

1 comentário:

Jass disse...

Neste texto as palavras ganham outro sentido.