(...) Mas naquela tarde não tive pressa. Não tinha pressa do giz no quadro.
Tinha pressa de gente. De palavras.
A palavra urgia. A escrita premente, permanente.
Não devemos atrasar as palavras, sabias?
Elas estão à nossa espera há tanto tempo...
Pacientes, desfiando,
tecendo os seus fios.
Penélopes demoradas, suspensas,
cansadas na sua corrente.
Hoje cheguei cedo, contudo era já tarde.
Tarde para tudo o que queria dizer.
A sala estava fria:
Um caracol sugava a parede,
porto de abrigo de costas doridas.
Entrei,
voltei a sair.
Aquele palco já não era meu.
"Fora de cena quem não é de cena!".
4 comentários:
Hum, conheço isto de algum lado... Agora que li o texto (é curioso como a percepção do que "lemos" é diferente da do que "ouvimos") ainda o acho mais extraordinário! Há momentos na vida em que estamos inspirados, e este foi um deles, Amiga!
PS: eu tb acho que "não devemos atrasar as palavras", if you know what I mean...
Como te compreendo e concordo contigo eh eh...e por falar nisso...ando a tratar de umas certs "fotos"...if you know what I mean :)
muito, muito bom!!!! saltar fora quando já não pertencemos dentro ...
isto é produção limpa, imagino! assim sendo, é produção da boa. gosto. achei curiosa a imagem do caracol, mas é a pressa da gente e das palavras que mais importa! às vezes, chega-se sempre tarde, até à vida! e parte-se sempre tão cedo...
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