Não é novidade que a Margem Sul, vulgo “deserto” (mas não, fiquem descansados que não vou entrar por aí até porque foram já escritas sobre esse tema, no mínimo, 456575856957 crónicas, 236463 ensaios e não menos que 1227347 artigos) encontra-se em fase de obras profundas. E quando digo, ou melhor escrevo, obras não é no sentido figurado mas sim literal. Estamos a ser invadidos por O. T.N.I E perguntam-se vocês, caríssimos leitores: “o que são O.T.N.Is?” Respondo com a maior solicitude: são objectos terráqueos não identificados. E são não identificados não porque não haja uma terminologia precisa para os nomear mas porque eu a desconheço por completo. Qualquer uma das máquinas que quotidianamente assola a avenida em que vivo (em Almada) a meu ver é, mais coisa menos coisa (que isto da relatividade é muito bonito) uma retro escavadora, ou uma empilhadora, vá.
Mais interessante que tentar nomear os objectos que laboriosamente erguem, dia-a-dia, o futuro metro de superfície (eléctrico para os amigos) é observar os efeitos colaterais que a escavação provoca na rua e nas pessoas. É desagradável ,de facto, olhar para uma rua ou avenida em (re)construção, tornada numa península de pó e de ferro. É contudo, a meu ver, um chamado mal necessário. No entanto, é ainda pior observar um móvel a ser transportado em mãos por um peão em plena via de passagem (que não terá mais que um metro de largura) que, pasme-se, não se terá apercebido que aquele trilho improvisado era pequeno demais para uma quanto mais para duas outras pessoas que nele atravessam (ou tentam). Resultado: nem atravessam pessoas nem móveis, fica-se naquela situação típica muito nossa do “entalado”. Este verdadeiro complexo de Martim Moniz (agora mesmo inventado) que atrasa, empata e adia o nosso quotidiano é, de facto, muito mais grave que os trabalhos de obras. Gera-se assim um verdadeiro “bico de obra” que obviamente é uma “carga de trabalhos”.
Mais interessante que tentar nomear os objectos que laboriosamente erguem, dia-a-dia, o futuro metro de superfície (eléctrico para os amigos) é observar os efeitos colaterais que a escavação provoca na rua e nas pessoas. É desagradável ,de facto, olhar para uma rua ou avenida em (re)construção, tornada numa península de pó e de ferro. É contudo, a meu ver, um chamado mal necessário. No entanto, é ainda pior observar um móvel a ser transportado em mãos por um peão em plena via de passagem (que não terá mais que um metro de largura) que, pasme-se, não se terá apercebido que aquele trilho improvisado era pequeno demais para uma quanto mais para duas outras pessoas que nele atravessam (ou tentam). Resultado: nem atravessam pessoas nem móveis, fica-se naquela situação típica muito nossa do “entalado”. Este verdadeiro complexo de Martim Moniz (agora mesmo inventado) que atrasa, empata e adia o nosso quotidiano é, de facto, muito mais grave que os trabalhos de obras. Gera-se assim um verdadeiro “bico de obra” que obviamente é uma “carga de trabalhos”.
De: Vanessa Limpo in "Correio de Setúbal", edição de 3 de Julho de 2007
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