Verão, mar, água, (sequência que lembra a outra mais famosa “África, terra, mãe, capim”, todos os direitos reservados ao senhor Herman José)…a designada silly season – pensei que nada melhor que um anglicismo para credibilizar (se isso é possível) este espaço…
Verão em Portugall, perdão, Portugal é quase como verão no estrangeiro…ou melhor, por levamos tão a sério a expressão vá para fora cá dentro, que cá dentro começamos a falar línguas de lá fora. Os leitores poder-me-ão imediatamente responder: “mas isso é óptimo, só representa a enorme facilidade que o nosso povo tem no domínio das línguas estrangeiras”. Ora eu, estando ligada aos idiomas estrangeiros por via profissional, não poderia estar mais de acordo. O que me causa surpresa é, não o automatismo quase “pavloviano” em que sempre que vemos um espanhol começarmos imediatamente a enrolar a língua e disparar “yo estoy bien” ou colocarmos a voz no nosso melhor para saudarmos um inglês (e aqui tentamos sempre atingir a pronúncia inglesa, que os americanos não sabem falar bem... aquilo nem é inglês,(quando, no fundo, são uma e a mesma coisa).
Algarve é “Allgarve”, ou antes, é “Inglarve”, mas mais que isso, são os hábitos tão nossos, a nossa típica forma de estar mediterrânica que é tão singular, que muda, altera-se na presença de estrangeiros…de tal forma que chegamos ao ponto de preterir clientela que, pasme-se, fala outra língua que não a nossa e que surge de um pais que nos é, como o termo indica, (e os termos lá têm as suas razões de existir), estrangeiro.
O Português é desconfiado, hospitaleiro, acha que tem sempre razão (ou se nem sempre, pelo menos 99.9% das vezes), que este nosso cantinho é o melhor, que os nossos petiscos são os melhores do mundo, que ficar exposto ao sol das 12h às 16h traz melanoma aos outros mas não a si…contudo é assim que somos, é esta a nossa riqueza, e é assim que os Outros gostam de nós…mais que viajar para fora cá dentro, devermos olhar para nós e congratularmo-nos com o temos por este território fora…cá dentro…de nós.
Verão em Portugall, perdão, Portugal é quase como verão no estrangeiro…ou melhor, por levamos tão a sério a expressão vá para fora cá dentro, que cá dentro começamos a falar línguas de lá fora. Os leitores poder-me-ão imediatamente responder: “mas isso é óptimo, só representa a enorme facilidade que o nosso povo tem no domínio das línguas estrangeiras”. Ora eu, estando ligada aos idiomas estrangeiros por via profissional, não poderia estar mais de acordo. O que me causa surpresa é, não o automatismo quase “pavloviano” em que sempre que vemos um espanhol começarmos imediatamente a enrolar a língua e disparar “yo estoy bien” ou colocarmos a voz no nosso melhor para saudarmos um inglês (e aqui tentamos sempre atingir a pronúncia inglesa, que os americanos não sabem falar bem... aquilo nem é inglês,(quando, no fundo, são uma e a mesma coisa).
Algarve é “Allgarve”, ou antes, é “Inglarve”, mas mais que isso, são os hábitos tão nossos, a nossa típica forma de estar mediterrânica que é tão singular, que muda, altera-se na presença de estrangeiros…de tal forma que chegamos ao ponto de preterir clientela que, pasme-se, fala outra língua que não a nossa e que surge de um pais que nos é, como o termo indica, (e os termos lá têm as suas razões de existir), estrangeiro.
O Português é desconfiado, hospitaleiro, acha que tem sempre razão (ou se nem sempre, pelo menos 99.9% das vezes), que este nosso cantinho é o melhor, que os nossos petiscos são os melhores do mundo, que ficar exposto ao sol das 12h às 16h traz melanoma aos outros mas não a si…contudo é assim que somos, é esta a nossa riqueza, e é assim que os Outros gostam de nós…mais que viajar para fora cá dentro, devermos olhar para nós e congratularmo-nos com o temos por este território fora…cá dentro…de nós.
Vanessa Limpo
in "Correio de Setúbal", edição de 28 de Agosto de 2007.
2 comentários:
sim senhora...esta rapariga tem futuro no mundo da escrita...como sp, uma cronica do melhor...bjinhos miga
Mesmo estando muito longe e tendo muitas saudades de muitas coisas, acho que jamais diria algumas das coisas que escreveste. Mas, la esta, somos todos diferentes e conheco muita gente que diria o mesmo que tu.
Mas uma coisa e certa: ja ando como o cao de Pavlov (coitado, nao se lhe sabe o nome!) a salivar-me so de pensar na comidinha. Sim, que a comida aqui por estes lados sabe ser chata como o caracas!
Dia 29 ai estarei (ou nao leste o meu email?)!
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