quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Cartaz das (t)artes

Uma dúvida quase existencial assola-me continuamente todos os domingos.
Pergunto-me a cada início de tarde domingueira o que se passará na mente dos directores de programação para colocarem os filmes mais estapafurdiamente insípidos que a o pequeno ecrã já viu.
Quando as 15 horas se aproximam o meu receio aumenta, sendo ampliado com dúvidas sobre as fitas a serem exibidas. Costumo já ter palpites, que, domingo após domingo se tornam realidade, concretizando em títulos cujas cabeças de cartaz são, invariavelmente, nomes como Lindsay Lohan, as gémeas Olsen, ou passam pela 956688696040858 vez “American Pie” (qualquer dia creio que a fita ficará riscada ou auto mutilar-se-á, cortando-se a si mesma). Todas as tartes, perdão, as tardes de domingo.
Provavelmente os directores de todas as estações partilham entre si a filosofia de não querer defraudar o seu público, e como tal, apostam no que é já tradição. Não querem que as audiências se cansem a ver filmes mais alternativas ou que, vejam só, possuam aquele traço único que define um filme, que até tem um nome giro que é... argumento.
Para quê filmes com argumento, que façam pensar, se até é domingo e as pantufas e os amendoins estão ali ao lado? Para quê introduzir noções como fio condutor, narrativa, mensagem (seja política, social, económica, etc)?
Maçada. O público não é isso que quer. E, por isso, sai mais uma tarte requentada, ou uma Lindsay Lohan (que no seu expoente máximo, até nos brinda com a sua presença a fazer duplo papel como gémea). E por falar em gémeas, as irmãs Olsen também raramente falham nas escolhas filmícas. De bebés a adultas, com especial incidência na sua fase adolescente, jorros de filmes passam com estas duas magníficas actrizes.
Quem são elas? Pois. Ora bem. Era mesmo aí que eu queria chegar.
Os filmes do Chevy Chase (quem tiver menos de 25 anos nem valerá a pena ler as linhas seguintes) que tínhamos de engolir todos os domingos qual sopa para a Mafaldinha, foram então destronados por estes. Os filmes do Chevy eram como as histórias dos livros da Anita. "Anita vai ao parque", "Anita na escola", "Anita a dormir a sesta", lembram-se? Assim era com o pobre Chevy Chase que se via sempre em constante apuros nas mais diversas situações.
Todavia, vendo os filmes supramencionados, já estou como o outro senhor e digo: Volta Chevy Chase, estás perdoado. Perto disto és o Manoel de Oliveira das “tartes" domingueiras.


Vanessa Limpo

in "Expresso SemMais", edição de 26 de Setembro de 2009.

1 comentário:

Fernanda disse...

É por isso que gostamos de tomar café aos Domingos à tarde (pronto, às vezes é ao Sábado..), porque a TV é uma merda.