segunda-feira, 6 de abril de 2009

Nationality does matter...

Por muito que pense e por mais voltas que dê à cabeça, não me cabe nela que sistematicamente, sempre que há uma tragédia natural /cataclismo (seja ele um terramoto, incêndio, tufão, tornado, cheia, tsunami, etc) nos telejornais portugueses, invariavelmente surge a célebre (e não menos infeliz) pergunta do pivot do dito telejornal para o repórter que se encontra in loco no âmago da tragédia.
E, invariavelmente (mais certo que qualquer previsão da Maya que muito tinha a aprender com estes profissionais da previsibilidade) o diálogo traduz-se em algo deste género:
_ "E não há, portanto, qualquer informação quanto à possibilidade de haver vítimas portuguesas?"
As hipóteses aqui osciam entre:
_ "Não, até ao momento não temos qualquer feedback nesse sentido".
ou:
_ "Sim, houve uma vítima portuguesa, contudo sofre de ferimentos ligeiros". Dentro de momentos entraremos em contacto com "XPTO" por telefone e em directo."
Hoje, uma vez mais, (ó espanto, ó estupefacção!!) oiço no "Jornal da Uma", o pivot a noticiar que há uma portuguesa em Aquila (isso já se sabia mesmo antes de se ligar para Aquila a perguntar se há lá portugueses, porque como se sabe, há potugueses EM TODO O LADO!)que, todavia, não sofreu ferimentos dignos de registo.
Contudo, o telefonema em directo da praxe dá-se e o diálogo gira em volta do medo, do enorme susto que a jovem estudante portuguesa sofreu durante os segundos que o terramoto durou.
Pergunto-me, talvez com muita estupidez pois devo ser uma energúmena chapada, em que deve diferir o medo, pânico, susto e aflição desta portuguesa do medo, pânico, susto e aflição que sofreram os italianos, paquistaneses, ingleses, franceses e demais nacionalidades que lá devem viver.
Eu, na minha humilde estupidez pensava que os sentimentos, mais que qualquer outra coisa, eram o que de mais idêntico temos, senão a única coisa que é igual entre a diferença que cada ser humano representa.
Mas não. Graças à televisão fico a saber que somos todos diferentes, todos... diferentes. E que há vítimas que suscitam mais tempo de antena que outras. Afinal não é o tamanho que conta mas a nacionalidade.
Um mito morreu. Obrigada Sic.

1 comentário:

Fernanda disse...

Parabéns!! Adorei!! E escreves muito bem!
(não é mentira, tá??)