quarta-feira, 15 de abril de 2009

Se calhar...

O regresso deu-se e com ele os primeiros indícios de (mais) uma constipação. Mauuu... já não bastava a noite mal dormida e ainda sinto o corpo a rejeitar-se, a dar "pauladas" como que por dentro, numa cadência auto-imune impressionante.
Chego à escola, a autocarro que traz os putos anda está no seu sétimo sono pela vila, como é seu apanágio e eu em amena "cavaqueira" com rajadas de vento, em sistema VT (vento na tromba, o melhor nos automóveis, para quem como eu é "alérgica" ao ar condicionado que me condiciona a respiração).
Lá vêm eles, entretanto, "teacher" para cá e para lá. Canetas, lápis, borrachas e outros materiais que são, claramente, dispensáveis em aulas, que tanto eles como os papás insistem em "esquecer-se" de trazer/enviar.
Entre uma aluna que me chama "mãe" (ok, tudo bem, tou na idade para tal) e outro que me chama "avó" (uiii, essa já doeu, sei que foi sem intenção, mas Jung provavelmente não diria o mesmo, vem uma mãe ter comigo para me perguntar o que se passa com o seu filho, pois ele queixa-se (não de febre, gripe, náusea ou coisas "sem importância" dessas) que nas aulas de inglês ele sente que não participa tanto, que não é chamado a intervir tanto como os outros.
Ora pois, ao fim de sete anos de ensino, tinha de vir uma pérola destas. Claro está, que cabeça já enxertada em corno de cabra da montanha como a minha, dá a estas coisas a relevância que elas têm: nenhuma.
Aquela senhora, que nunca tinha visto mais gorda, veio ter comigo não para me explicar o porquê da falta constante do seu educando por mais de 1 mês e meio às minhas aulas, não para saber do comportamento do seu filho no decurso das mesmas (até porque ela sabe bem como ele se porta segundo o que disse).
Qualquer professor que já anda nisto há uns anitos, sabe que uma das rule of thumb em relação aos pais, é eles não fazerem a mais pálida ideia do que os filhos são ou fazem nas aulas. Não está para lá de Marraquexe que até deve ser engraçado, mas de Algerciras que não tem gracinha alguma.
O pupilo (meu) e educando (seu) é um dos que está constantemente a falar nas aulas, quando não está virado para todos os pontos cardeais existentes e outros tantos que estão ainda por descobrir. E sobretudo, tem uma taxa de absentismo que prejudica indelevelmente o seu aproveitamento.
Se calhar não vir durante muito tempo às aulas, faz com que quando vem, se calhar tem-se maior dificuldade em acompanhar o que se está a dar. Se calhar, se não se passar a matéria que ficou para trás, também não irá ajudar muito a sentir-se acompanhado e, finalmente, não estar atento impede-o de fazer aquela coisa que, se calhar, é vital para que haja aprendizagem.
Se calhar chama-se: ouvir o professor.
Se calhar...
Se não calhar, a culpa é de quem??
Da professora, claro.
Se calhasse eu ser verdinha nestas andanças, ficava a chorar meia-horinha e a auto-flagelar-me outra tanta. Como já vi procissões destas, canto de galo e vou mas é pregar para outra freguesia.
E pode ser que lá me oiçam.

4 comentários:

Angelo disse...

G'anda Faneca! Assim mesmo é que é!
E disseste isso tudo à mamã?

Nokas disse...

Amiga, vais-me desculpar esta mas...enfim, vidinha de professor!!!Hehe...

Ricardo disse...

Muito bem senhora professora!

fercris77 disse...

Apesar de dizer que não te importas com essa «mãe» tosca, escreveste um post sobre isso e, para quem anda nestas andanças bloguistas há tantos anos como eu, sabe bem o que isso significa: que afinal até te importas, e muito.
Está bem que os tempos não voltam atrás, mas o «antigamente», nesse sentido, era inteligente: os alunos calavam e se se queixassem aos pais, apanhavam dos pais, eram castigados. Era um extremo, é certo, às vezes injusto, mas pelo menos não contemplava estes mariquinhas que, depois de faltarem ainda vão para casa dizer «mamã, a professora ignorou-me, é má!!». Havia maus alunos, não maus professores.
Como diz o povo, ele há coisas...