"O amor
Ouçam Caetano, Mew e Tindersticks. Depeche Mode, James, Go-Between, Smiths, Lloyd Cole, Jorge Palma e Nick Cave. Devorem concertos. Comprem discos (...). Leiam poesia portuguesa. Aliás emprestem discos e livros aos amigos, num intercâmbio permanente com a serena consciência de que os objectos podem não mais voltar às vossas mãos. Sejam fiéis depositários das pedras preciosas que os vossos amigos decidem partilhar convosco. Apontem o máximo possível dos pormenores dos vossos sonhos, mal acordem e poucos minutos antes de sair de casa para comprar pão. Telefonem muitas vezes aos vossos pais.
Vão ao cinema pelo menos uma vez por semana. Escrevam cartas aos mais próximos e aos mais distantes. Contem o vosso maior sonho à pessoa perto de vocês que mais desesperada parece estar. Talvez a inspire. O mundo, neste século, muda-se pessoa a pessoa. Uma de cada vez, numa lenta cadeia de afectos. Despeçam-se dos empregos onde reina o cinismo. Se nada disto resultar, comecem de novo pelas vossas próprias regras. O amor - sobre o qual tantos artistas já escreveram, pintaram, compuseram. esculpiram, morreram, etc - estará sempre disponível num sítio enigmático qualquer onde, misteriosamente, os bilhetes já esgotaram mas ainda há lugares para VIP e para felizes contemplados com acesso aos bastidores. O importante é partir e fazer por merecê-lo. Acho."
Luís Filipe Borges (a.k.a. "O gajo da boina"), O playboy que chora nas canções de amor, "Verso da Kapa "editora.
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